ESCLARECIMENTO III: O FRENTISTA
- Sargento! Boa noite, o que temos?
- Aquele frentista, reagiu ao assalto e matou este moleque.
- Alguém viu?
- O gerente, que esta conversando com o PC.
- O Senhor Pegou a arma?
- Peguei e escondi, o cara é gente boa doutor, casado, pai de dois biguizinho, trabalhador, bom marido...
- Teu parente Sargento? Ta sabendo muito sobre o cara...
- Eu abasteço e faço uns biquinhos na folga aqui no posto, por isto eu sei o que to falando.
- O Senhor Já fez o BO?
- Ainda não, tava esperando o Senhor
- Traga-o aqui e esconda a arma.
- Ela já esta segura.
- Vou te perguntar algumas coisas e se não tiver certeza, não responda.
- Sim Senhor
- O que aconteceu aqui?
- Fiquei com medo e matei ele.
- Quem matou?
- Fui eu Doutor!
- Se não souber fique quieto.
- Sim senhor.
- Há quanto tempo você trabalha aqui?
- 05 anos, Doutor.
- Você estava sozinho?
- Eu e o Gerente.
- Ele viu o que aconteceu? Ele é de confiança?
- Viu e é gente boa.
- Vamos começar de novo. O que aconteceu aqui?
- Este bandido já esteve aqui outras três ou quatro vezes, da ultima, me bateu, atirou, mas o “revorve” picotou.
- Ele chegou a atirar?
- Atirou, mas picotou.
- Filho da puta...
- Ele me falou, que de hoje eu não passava, me meteu a mão na orelha e cutucou aqui ó! Com o “revorve”.
Mostrando com o dedo a base da nuca, nisso PC me trouxe a “Capivara” com todos os artigos do Direito Penal. Homem frio, calculista, impiedoso, verdadeiro filho do capeta.
- Das outras vezes ele veio com outro ou sempre sozinho?
- Esta é a primeira vez sozinho.
- Ok filho! Você estava aqui quando eles chegaram?
- Sim senhor.
- Você viu quem era o outro?
- Ele tava sozinho Doutor!
- Se não tiver certeza, não responda, fui claro?
- Sim Senhor! Mas ele estava sozinho.
- Tava não! Eu tenho certeza e você?
- Tenho tamém doutor.
- E capaz de reconhecê-lo por foto?
- Num sei doutor.
- Sabe sim! Você não o viu de perto?
- Vi sim.
- Você sabe manusear uma arma?
- Sei sim.
- Sabe não! Não minta pra mim!
- Num sei não.
- Eles discutiram e o cara simplesmente atirou?
- Foi sim senhor.
- Você escutou o motivo da briga?
- Não senhor.
- Você não falou que foi por dividas de drogas?
- Desculpe, eu esqueci.
- Não esqueça mais, eles estavam drogados?
- Acho que tavam, eles estavam muito doidos.
Artur me posicionou sobre investigações em andamento e ele era suspeito em muitos casos, havia um cúmplice o “Fritinho” que não atuou neste caso, este cara, manda no morro e é mais perigoso que o presunto.
- Artur, tem como desovar este presunto na conta do Fritinho?
- Nois ageita, o frentista é genti boa, mais agora ta no bico do corvo, o “Fritinho” vai querer mata oce.
- Artur, pegue os meninos de confiança, e traga o Fritinho para conversar comigo. Sargento, de a arma para o Artur e conclua o BO como Homicídio a Esclarecer, a arma não foi encontrada e o Artur vai encontrá-la com o Fritinho. Converse com o Gerente e garanta a mesma estória, mais tarde acompanhe o Gerente ate o DP para conversar comigo, não o deixe conversar com ninguém.
Você suma daqui, mantenha a boca fechada e fale somente o que eu mandar, vou limpar tua bronca, mas vai ter que me ajudar.
- Obrigado Doutor, Deus te abençoe, fique com Deus.
- Sargento! Neste cartão tem o telefone do advogado que vai defender o frentista, ligue pra ele, explique o caso, peça para ele mexer os pauzinhos na OAB para ser dativo do moleque, não diga que fui eu quem passou o cartão pro senhor.
- Sim senhor!
Às vezes precisamos de alguém mais filho da puta do que nos, para fazer certo o que esta errado.