ESCLARECIMENTO V: LEI MARIA DA PENHA
Cheguei cedo à delegacia, um movimento muito grande no plantão, pensei:
Hoje não será um dia fácil!
Ao chegar à minha sala, estava ocupada, perguntei ao escrivão o que estava acontecendo.
- Bom dia Doutor! To cuidando deste “Maria da Penha”.
Olhei para o marido algemado na parede, devia ter 1,90m de altura, com mais de 100 kg, olhei para a mulher, 25 anos, no máximo 1,60 m e 60 kg, loirinha olhos claros, muito bonita e gostosa. Na altura do olho direito um hematoma que se estendia da sobrancelha até o canto da boca, as bochechas e nariz roxos e com sangue.
O escrivão se levantou e sentei em seu lugar. Olhei a papelada, estava tudo em ordem, virei para a mulher e disparei:
- Você é muito bonita e gostosa, ocê gosta de apanhar?
- Não senhor!
- Me conta, o que aconteceu?
- Meu marido chegou bêbado, reclamou da comida eu fiquei quieta. Quando ele gritou com nosso filho pequeno porque tava chorando eu gritei com ele, ai ele me bateu.
- Foi você quem ligou pra policia?
- Foi sim, do meu celular! Ele precisa parar de beber, toda vez que ele bebe, faz rolo.
- Porque você não larga dele?
- Eu amo ele Doutor, se ele parasse de beber... Ele é bom, tenho um filho com ele, ele num deixa faltar nada pra nois, se largar dele, como eu vou fazer?
-Olha pra mim!
Acho que sou mais bonito que ele, mando flores pras minhas namoradas, chocolates, não bato nelas, quando quero bater em alguém, bato nos presos. Só faço carinho, bebo pouco, tenho casa, carro importado, ganho bem... Acho que você deveria dar pra mim, não pra este bosta que não te merece.
Leve este covarde daqui, quero ficar sozinho com a linda mulher dele. Peça pro Cidão montar uma equipe para aconselhar o valentão.
- Doutor ele não vai embora? Ele vai ficar preso?
- Calma meu amor, vou cuidar de tudo. Falei com a voz mais melosa que podia, enquanto eles saiam da sala.
O aconselhamento consistia em algemá-lo na ultima cela, pelo lado de fora e todos policiais deveriam bater sem que o mesmo reagisse, além de falar que eu era um comedor e que estava sozinho com a esposa dele. Enquanto isto eu despachava a vítima.
-A senhora sabe que tem seis meses para representar contra seu marido?
- Sei sim, o outro policial me disse.
- Um agente policial irá levá-la ao pronto socorro para cuidar dos ferimentos e fazer o “Corpo de Delito”. Depois irá levá-la para casa. Vou passar o caso para o Promotor, depois estabelecerei a fiança. Até logo.
- Achei que o senhor ia me cantar! Estava com medo.
-Teu marido também deve estar com medo, diga que eu te cantei e que na próxima vez vou comê-la na cela, na frente dele. Passe bem.
- Tchau Doutor!
- Alguém me traga o valentão! Gritei algumas horas depois.
-Tá aqui Doutor!
- Senta aí seu bosta e fique quieto ou eu também vou te dar uns conselhos...
- Sim senhor!
-Lá na cela enquanto apanhava ficava imaginando eu aqui comendo tua esposa, não foi? Você deve ter se sentido impotente, incapaz de fazer alguma coisa, de reagir, de acabar com tudo. Chorou, deve ter pedido ajuda Divina prá você, se sentiu só, abandonado, humilhado, jurou me matar. Foi assim que tua mulher se sentiu enquanto você batia nela... Você tem uma boa mulher, honesta, não me quis, mas eu juro que caso vocês voltem aqui vou te algemar nu dentro da cela, com aquele bastão de Basebol atolado no teu rabo e vou comê-la na tua frente. E nem pense em matá-la porque eu te mato.
Se ainda estiver pensando em me matar, vai ter que entrar na fila, e olha que ela está grande!
-Cidão! Mande alguém levá-lo ao promotor e se tiver mais alguma zica mande pra cá. Se não tiver nada me chame o Artur, quero falar com ele.