ESCLARECIMENTO VI: A DEGOLA
- Artur, Cidão! Venham aqui...
- Pois não, Doutor!
- Vai chegar um chamado de duplo homicídio. Na verdade é uma desova então vão os dois, levem o PC, que é de confiança e arrumem tudo antes da pericia. To na sala dos Delegados.
- Sim Senhor!
Algum tempo depois, Cidão interrompe a reunião e fala da porta:
- Doutor! Um duplo homicídio no morro...
- Que porra é essa? Já tem três meses que não morre ninguém, morreu dois? Fodeu com minhas estatísticas! No final do meu turno? Porra Cidão! Fala serio!
- É serio Doutor!
- Merda! Quem esta disponível?
- Eu, Artur e PC.
- Arrumem mais um e subam e me mantenham informado. Assim que acabar a reunião eu subirei.
- Tem só nos três, Doutor!
- Se armem, se equipem e utilizem os Militares de apoio. Vou ligar para o Comandante, mas não vão dar uma de herói! Fui claro?
- Sim senhor!
Após o termino da reunião peguei um investigador e o Delegado que tinham acabado de assumir o turno e subimos o morro.
- O que você acha que aconteceu aqui Cidão? Perto do outro Delegado.
- Os dois não são da área, acho que vieram se meter à besta e o trafico fez os dois.
- Cadê o Artur?
- Tá por ai.
- PC, o que temos?
- Ninguém viu nada Doutor!
- Tenente! Como vai?
- Bem! E o senhor?
- Alguma coisa quando chegou?
- Nada Doutor! Ninguém viu nada!
- Você é o perito? Como se chama?
- Luiz, Doutor!
- Ok Luiz! O que foi que aconteceu aqui?
- Foram degolados com uma faca muito afiada e o cara era bom no corte. Aparentemente não ofereceram resistência e foram arrastados pra cá. Pela rigidez do corpo parece que morreram ontem. Estão esgotados e tem estas marcas nos pulsos, que parecem algemas.
- Quando você me entrega o laudo final?
- Trinta dias, Doutor.
- Ok, obrigado Luiz! Se não tiver mais nada pra fazer, vou pedir para o IML buscar os presuntos.
- Pode mandar buscar. Ate logo Doutor.
- Cidão! Peça pra alguém me levar pra casa.
- Artur! Desça com o doutor, gritou o Cidão. Depois eu desço com a equipe do plantão e faço os relatórios com o PC.
Já dentro da viatura e a caminho de casa, fui tendo um dedo de prosa com o Artur.
- Que qui foi essa merda, doto?
- Estes dois entraram no apartamento de um juiz, amarraram o homem numa cadeira, roubaram tudo, estupraram a esposa e a filha dele com 12 anos, que morreu ontem à noite no hospital. Um Tenente amigo dele ou primo, sei lá, encontrou os dois bandidos, levou pro juiz reconhecê-los. Ai o Tenente sacou um punhal e degolou os dois, na frente do Juiz, dentro da viatura. Me ligaram, esperaram a mudança de turno e fizeram a desova, eles sabiam que cuidaríamos de tudo.
- I o otro delegado?
- Vai pegar o inquérito com as informações que demos, mudamos a cena do crime, rechaçamos testemunhas, vai estar embaixo do meu nariz, não vai virar nada.
- Não Doto! O da outra DP, da aria do Juiz...
- Ele nunca achará os dois bandidos! Eles estão mortos. Temos que cuidar apenas para que não encontrem o Tenente. Artur, o próximo traficante que cair, aqui na área, coloque estes dois na conta do cara.
- Tendi doto! Vamu lá em casa toma uma?
- Tem peixe? Artur pare aqui pra comprar cerveja.
- Tem sim doto! Tem cerveja também.
- Então vamos lá Artur.
- Doto, esse Tenente, ta rodando com o presunto desdi onti?
- Sei lá! Acho ele mais louco que você!
- É doto... Essi juiz agora vai ssinar todos testado de óbito da ária...
- Nem vem Artur! Você só matara quando eu mandar...