Vai uma bebida aí?
No auge de meus vinte anos, eu já tinha quatro passagens pela polícia: três de Latrocínio e a outra de Homicídio. Procuro saciar meus prazeres, não importa a forma que seja, mas confesso: fico louca quando vejo alguém agonizando em minha frente.
Minha vida era normal. Eu já havia cumprido toda minha pena. Desculpem-me, mas quando eu vejo a morte de perto, minha conduta muda automaticamente. Já o perigo... o perigo me excita!
Na noite de sábado, fui a uma boate que ficava na cidade vizinha. Chegando lá, sentei-me no balcão e pedi uma bebida. Assim que a pista encheu, fui dançar um pouco. Peguei meu copo e fui em direção. Comecei a dançar e logo veio um engraçadinho:
– Será que a gata tá sozinha?
– Estou.
– Opa, posso me chegar?
– Não, eu estou sozinha e quero continuar. Obrigada.
Me afastei. De tarados aquela boate estava cheia! Fui me sentar e continuei apreciando aquela bebida diferente de tutti-frutti. Eu já estava alegre quando um homem branco, com a barba por fazer e uns olhos lindos me pediu licença sentando ao meu lado. Começamos a conversar e seu papo era bom, o rapaz era interessantíssimo e culto. Falava articuladamente sobre os assuntos mais complexos que podem existir, e um deles é a Política. Seu senso crítico me surpreendia. Criticava a Política de uma forma coerente e verdadeira. Não falei que eu era filha de um político; deixei passar. Por um momento, o assunto morreu, tomei a atitude, beijando-o. Retribuiu. "Minha nossa, que beijo!", exclamei pouco antes de começar a rir da minha própria babaquice, chamando-o, em seguida, para dançarmos. Dançamos até as três e meia da manhã. Passei no balcão e peguei duas bebidas, entreguei uma ao rapaz e saímos. Em meu carro, ele apagou, me dando a chance procurar mais informações sobre ele em sua carteira. O cretino era da Polícia e estava trocando SMS com outro policial que estava atrás da boate à minha espera. Fui mais rápida. Yeah! No SMS eu pude ler: "Cara, cadê você? Já conseguiu pegar a filha da puta?". O quê? Ele me chamou de filha da puta? Eu beijei um cara que estava prestes a me matar? Pena! O levei para perto de um rio que era um pouco distante de onde estávamos. Cenário perfeito para o que eu estava a planejar. Grama, água, luz da Lua iluminando toda aquela cena linda. Puxei o desgraçado para fora do carro e comecei a repará-lo. Ele acordou e perguntou o que estava havendo. Contei, mas sem detalhes. Eu estava sem paciência. Com um gesto rápido, tentou pegar sua arma, que já se encontrava em minha cintura. Olhei o quão belo aquele homem era... Mas atirei, em seguida jogando-o no Rio e fugindo.
Cumpro uma nova pena atualmente, mas, convenhamos: o problema não é meu se os policiais de hoje em dia bebem coisas da mão de estranhos que podem conter algo que lhes custe a vida.