A crucificada: 3/1 - Informações mais concretas
Uma pequena continuação. Quero fazer um pedido aqui, se vocês desconfiam de algo ou alguém, tentem contar nos comentários. Vou querer saber a opinião de vocês.
Boa leitura!
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CAPÍTULO 3
Informações mais concretas
I
O delegado estava uma fera:
- Mas por que diabos você não quis vasculhar a casa? Com certeza um dos dois escondeu o caderno!
- Acalme-se delegado, não vamos tomar decisões precipitadas. – disse Lino calmamente.
- Não é uma decisão precipitada. Aquele caderno com certeza é uma pista importante, e o fato de ele ter sumido não me parece normal.
Lino ficou silencioso.
- Eles mentiram, detetive.
- Não, acho que eles não mentiram. Talvez possam ter encoberto um pouco a verdade.
- Encobrir a verdade é mentir. – cuspiu Ramón. – Vamos supor que eles tenham dito a verdade quando relataram sua rotina na noite passada...
- Sim...
- E como você disse, eles encobriram a verdade. A única verdade que sobra é se eles conheciam ou não a vitima. E tudo leva a crer que conheciam.
- Mas por que mentiriam?
- Isso é você que tem que saber. Aquele comentário que você fez quando a senhora Lucimara estava saindo não me pareceu uma gentileza rotineira.
Lino sorriu.
- Não, não foi rotineiro. Enquanto fazíamos nossas perguntas, ela olhava para os lados e ficava vermelha. Pessoas enquanto estão mentindo tem esse tipo de reação. Ou...
- Pessoas tímidas. – completou o delegado.
- Exato. Se ela fosse tímida, viraria o rosto e ficaria vermelha como vinha acontecendo, mas não. Ela simplesmente sorriu e aceitou numa boa. Já tentou fazer elogios á pessoas tímidas?
Ramón ignorou o último comentário.
Disse em seguida:
- Devo admitir que sua estratégia foi genial. Não restam dúvidas, detetive. Eles mentiram e mentiram.
- Sim, acredito que eles possam ter mentido, mas o método que usei não pode servir como exemplo. Foi só uma experiência.
- Uma experiência que deu certo. – retrucou Ramón. – Vamos voltar e interrogá-los novamente. Quem sabe dessa vez eles não dizem a verdade?
Lino balançou a cabeça em desaprovação.
- Vamos investigar mais um pouco, interrogar pessoas e mais pessoas. Se eles mentiram, o que parece que sim, certamente vamos descobrir, e quando voltarmos com a verdade, não vai ter escapatória.
O delegado pareceu concordar.
Lino continuou:
- Temos que descobrir um pouco mais sobre eles. Vamos esperar os proprietários da fazenda voltarem de viagem e interrogá-los.
- Não acredito que o depoimento deles possa ajudar.
- E por que não?
- Eles não vivem aqui praticamente. Aposto que o contato entre eles é somente profissional.
- Pelo menos vamos descobrir se são honestos. O que lhe pareceu a uma primeira impressão?
- Parecem honestos, mas com certeza não são.
Lino concordou e fez-se um silêncio entre eles.
Estavam na delegacia e haviam chegado á pouco tempo. O dia já amanhecia quando saíram da fazenda, e Lino reconheceu que estava longe de terminar para ele.
O primeiro interrogatório ocorrera de maneira proveitosa na opinião dele, mesmo com o casal aparentemente lançando uma mentira atrás da outra.
Depois de um tempo, Ramón falou:
- E quanto ao caderno? O que significa M.I.?
- É uma sigla. Mas o que perturba é o horário marcado. Nove horas da noite.
- Isso leva a crer que o crime foi cometido entre sete e nove horas.
- Leva a crer? Não sei, mas eu acredito que o trabalho com a cruz foi realmente executado entre esses horários.
Ramón fungou.
- O assassino sabia que eles saíam toda a sexta, e o mais incrível é que sabia o horário também.
- É, realmente. Isso não me parece nada normal.
- Não é normal. Acredito que o assassino conhecia e muito bem o casal mentiroso.
- Se conhecia, eles teriam uma base de quem poderia ser, não? Ou pelo menos eles saberiam de alguém que teria motivos para assassinar a moça.
- E mesmo assim encobriram. – resmungou o delegado. – Eles mentiram para a polícia e estão defendendo o assassino. Isso se um deles não for o assassino.
- Desconfia de algum deles? – perguntou Lino curioso.
- Dos dois. Aquela conversa de traição com o marido pode ter alguma relevância. Ele pode ter mentido ao dizer que não a traía há quase dois anos. E aquela conversa de que a mulher o leva pra cama? O satisfazendo com medo de perdê-lo? E se ela desconfiasse que eles tivessem um caso?
Lino assentiu.
Depois disse:
- É uma boa teoria, mas lembra-se que ela disse que o marido era fiel? Ou ela não sabia...
- Ou estava mentindo. Olha só, mais uma vez! Temos que interrogá-los novamente e jogar tudo isso na mesa.
- Ainda não, delegado. São palpites. Claro que são incisivos, mas tem muita gente pra falar. Nós ainda vamos descobrir sobre a índole da vitima, eu garanto.
O delegado bufou:
- E quanto à questão da religião? Ela disse que era religiosa, mas o marido desmentiu. O que acha?
- Um dos dois mentiu.
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continua dia 23/04/13