O SUSPEITO

Certa noite,

fui até a janela do quarto, fumar um de meus cigarros, já que a

insônia, companheira de anos ,recusava me deixar.

Avistei um movimento estranho em uma casa, apaguei a luz e fui

para a janela da sala, observar escondido por trás das cortinas.

Um homem forte,grandalhão, aparentando ter no máximo 25

anos, sacudia covardemente uma senhora, de aproximadamente

60 anos.

Ela parecia estar em pânico, magrinha tão frágil e indefesa.

Ele rasgou sua blusa de uma vez, e bulinava aquele corpinho

flácido.

A levou com brutalidade para outro cômodo e não pude ver mais

nada.

Fiquei sem ação, não sabia o que fazer, que atitude tomar.

Queria invadir a casa e salvá-la.

Vesti uma camisa e peguei as chaves, tinha que fazer algo.

Assim que mudei para este apartamento, a cerca de 15 dias, fui

alertado sobre a falta de segunça do lugar.

Mas nunca imaginei, ver uma cena tão terrível.

Eu sou um homem magro, nunca fui bom de briga, mas saí

disposto a tudo.

Mesmo nervoso consegui raciocinar, ele deveria estar armado, e

rendido em nada poderia ajudá-la.

Pedi ajuda a um vizinho, que me atendeu assustado pelo horário,

mas ainda assim,me recebeu e me ouviu.

Alberto como eu, ficou revoltado.

Eu pensava comigo...

- Que tipo sujo de homem, invade a casa e tenta violentar uma

senhora que poderia ser sua avó ?

Alberto fez, o que eu deveria ter feito, desde o primeiro momento,

ligou para a polícia e contou o fato.

A policial que atendeu, nos ouviu e disse que ia mandar uma

viatura até o meu prédio,já que não sabia informar o número da

residência.

Ela nos mandou aguardar no prédio, mas fomos até a frente da

casa, e ouvimos alguns gritos de dor, isso nos deu certeza que o

cretino, permanecia no local.

Foram 20 minutos de agonia, até a chegada da viatura, finalmente

ela seria salva.

Eu esperava que os policiais invadissem a casa, mas eles tocavam

em vão a campainha.

Até que...

- Quem é?

- Polícia!

- Polícia?

- Sim, abra a porta!

O portão foi aberto lentamente, ela olhava confusa, vestia um

roupão de banho, os cabelos desgrenhados, e tinha marcas

vermelhas no pescoço.

Definitivamente, aquele bandido era um monstro.

- Boa noite, recebemos uma denuncia,e viemos conferir.

- Denuncia sobre o que ?

- A senhora está sozinha?

- Não, mas nunca cometi crime algum, o que está

acontecendo?

- Calma senhora, pode nos dizer quem está na casa?

- Bom... aqui, estamos eu e um amigo.

- Podemos falar com ele?

- O que está acontecendo?

- Testemunhas informam, ter visto a senhora sendo agredida,

em sua residência, por um rapaz.

- Não,isso não tem cabimento!

- A senhora está sendo coagida?

- Não, de forma alguma.

Eu ví nitidamente, que ela mentia para os policiais, com certeza

por medo.

Não aguentei e falei :

- Senhora,eu ví tudo da minha janela, não tenha medo, está

protegida agora, pode falar !

Ela então criou coragem, e nos convidou a entrar.

Tinha fúria nos olhos, entregaria o marginal.

Na sala,o rapaz calçava seu par de tênis tranquilo, como se nada

tivesse acontecido.

No chão, as roupas dela estavam espalhadas.

Tubos de gel, camisinhas, vibradores, e até um chicote preto,

para nossa surpresa, estavam no sofá.

Ficamos todos mudos, e espantados, ela pegou uma carteira

preta e deu em torno de, 150 reais ao rapaz que lhe deu um beijo

na boca.

Nos encarou nada satisfeita,e disse:

- Paulão, não é bandido algum, me presta serviços, à muito

tempo, desde a morte do meu marido, eu estava me divertindo,

ou acham que pela idade não tenho esse direito?

Virou-se pra mim e disse:

- O que viu, não foi agressão, e sim a realização de uma

fantasia, que quase estragou por cuidar da vida alheia,de agora

em diante rapaz, cuide mais da própria vida!

Eu não tinha palavras!

Ela continuou...

- Conhecem a saída, então... Por favor !

Depois deste dia, quando perco o sono, fumo no banheiro !

Christinny Olivier
Enviado por Christinny Olivier em 03/04/2013
Código do texto: T4222028
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