Ciência Criminal

O clima era de total tensão, olhos perdidos e lacrimejantes, observavam o trabalho dos peritos e policiais que estavam aos montes, no pequeno espaço onde o corpo se encontrava. Um policial, de porte elegante e distinto, anotava algumas coisas em seu bloco surrado, ele parecia ser o único que não estava chocado.Seus olhos caminhavam em meio a multidão, ele observava minuciosamente, cada rosto que ali estava.Ninguém parecia capaz, mas todos pareciam suspeitos.Quando estava absorto em sua contemplação, um jovem perito se aproximou e tocou-lhe o ombro.

-Chocado!?

-Não, já me acostumei com essas coisas-Ele o olhou, levantando levemente a sobrancelha.

-Ainda não me acostumei.-O jovem retirou as luvas e as jogou num lixo próximo.-É uma droga mesmo, tão jovem e cheio de planos, morto por qualquer motivo banal.

-Não sabemos se foi por um motivo banal.-O homem voltou a observar em torno de si, aquele lugar, aquelas pessoas, tudo parecia muito normal.

-O que mais poderia ser!?? Um adolescente, sem antecedentes, sem nenhum tipo de envolvimento com drogas ou algo assim, só pode ter sido morto por um motivo banal.

-Estamos numa escola, o que mais existe aqui, são adolescentes desse tipo....-O homem olhou na direção do corpo.-Mas porque ele!?

-Já disse !Algum motivo banal qualquer. -O jovem sorriu

-Não acredito nisso.-O detetive aproximou-se do corpo.-Mas de qualquer forma, vou esperar pelo seu trabalho.

-Serei o mais rápido que puder, mas não creio que poderei ajudá-lo. -O jovem recolheu a pequena maleta que estava ao lado do corpo.

-Apenas encontre algo que me leve ao assassino.

-Tentarei.

Dias se passaram desde o ocorrido. Os peritos não encontraram nada de incomum no corpo do jovem, que pudesse levar ao assassino, ou pelo menos, ao motivo da morte.O detetive Daniel Soarez, não conseguia compreender o porque de tamanha crueldade com uma criança.Quanto mais lia os papeis, mas lhe parecia absurdo.O jovem havia sido assassinado na própria escola, num dia comum de aulas, mas ninguém viu, ou ouviu, nada!? Parecia estranho, nó mínimo.Mas nada na vida do jovem apontava para um motivo, tudo estava muito confuso e espalhado.Daniel resolveu voltar ao colégio, talvez a resposta estivesse lá.

-Você tem certeza disso!??-Juan, o jovem perito, olhou nos olhos de Daniel.

-Absoluta! Seja lá quem cometeu esse crime, está lá, naquele colégio, no meio daquelas pessoas.-Daniel bateu o dedo sobre a pasta que continha os nomes dos funcionários e alunos do colégio.

-Eu reintero o que disse, o motivo da morte desse jovem, foi algo banal e sem importância alguma.-Juan cruzou o seu olhar com o do Daniel.-A vida dele é imaculada.Não existem porquês, ou qualquer coisa que nos leve a acreditar que alguém pudesse matá-lo.

-Isso!-Daniel assustou Juan.

-Isso o que!??

-Nada na vida dele! Mas ele pode ter morrido por causa da vida de alguém.-Daniel folheou os arquivos.-Algum parente, algum amigo...

-Segundo me consta, nenhuma das pessoas próximas a ele tem uma vida diferente da que ele levava, são todos pacatos e honestos.-Juan observou a face de Daniel anuviar-se.

-Quando eu estava no colégio, notei algo estranho.

-Estranho!?-Juan franziu o cenho.

-Sim, estranho.-Daniel parou os olhos sobre a lista de professores.

-O que!?

-O corpo docente do colégio conta com uma equipe de 17 brilhantes professores.-Daniel fez as suas palavras soarem irônicas.

-Certo, e daí!?

-Não havia dezessete brilhantes professores naquela tarde, na cena do crime-Daniel passou a observar a lista, cada nome lhe parecia suspeito.

-Esta afirmando que um dos professores, possa ser o assassino!?-Juan estava incrédulo.

-Não o assassino, mas o motivo pelo qual o jovem morreu.

-Ok, seu trauma com professores, está fazendo com que você se deixe influenciar por uma coincidência boba.

-Estou me atendo aos fatos! Eu olhei cada rosto naquele lugar, haviam professores desolados, alunos incrédulos, mas faltava alguém, faltava um professor.-Daniel releu a lista.

-Tá, você quer voltar lá, para tentar identificar esse dito professor!

-Exatamente! Mas preciso da sua ajuda!

-Para!?- Juan franziu o cenho

-Para observar, quatro olhos são melhores que um, certo!?

-Claro!

Continua