Crime e Castigo (Um Romance Politicamente Incorreto) Parte 1
Nem tudo que parece é...E geralmente nunca será
Maysa atravessou o portão pontualmente as 7:00 horas da manha,cumprimentou o porteiro e entrou sem olhar para trás,não queria encontrá-lo sem querer,se seus olhares se cruzassem ela não conseguiria fazer o que deveria ser feito.Carregava a bolsa no braço esquerdo e os papéis no direito com certa dificuldade,ainda não havia se recuperado inteiramente do acidente que sofrera a três semanas atrás.Andou a passos rápidos até a sala dos professores,parou em frente a porta e enquanto pensava como iria abri-la,já que tinha as duas mãos ocupadas,viu de relance uma sombra ao seu lado,virou quase num susto,congelou diante da figura alta e esbelta que estava com a mão na maçaneta sorrindo para ela,talvez achando engraçado o fato dela ter se assustado.Maysa suspirou,agradeceu com um sorriso amarelo a gentileza do outro e adentrou sem olhá-lo,ele a seguiu fechando a porta atrás de si,encostou-se no armário da entrada da porta e tirou discretamente o distintivo do bolso esquerdo da calça moleton que usava.
-Não tem nada a dizer professora? Talvez um muito obrigada,ou um agradeço por ter salvo a minha vida.
-Você não tem nada de mais importante para fazer?
-Não,hoje estou de folga e resolvi vim ao colégio para saber como está sua mão.
-Está ótima-Ela o encarava quase trêmula,rezou tanto para não encontrá-lo,talvez não tenha pedido com toda fé.
-Perfeito,e então?
-Então o que?-Sentou-se na cadeira mais próxima,suas pernas estavam prestes a abandoná-la.
-Não vai me contar?-Ele foi em sua direção,puxou a cadeira que estava perto do armário e sentou-se bem na frente dela,sorrio docemente e ao mesmo tempo sínico,como sempre fazia quando queria provocá-la.
-Não tenho nada para contar!-Tentou fugir
-Bom,se dizes,eu acredito-Levantou-se da cadeira,guardou o distintivo no bolso e quando já estava prestes a sair ela o segurou com um das mãos.
-Espera,eu estive lá hoje!-Buscou não olhá-lo,seus olhos azuis estavam quase cheios de lágrimas,não suportaria encará-lo assim,se ele a visse triste iria querer consolá-la e ela não conseguiria fazer o certo,o que deveria ser feito.
-E?-Ele parou olhando-a
-E,que você tinha toda razão-Não conseguiu conter os soluços,as lágrimas caiam quentes e em fila dos seus olhos.
-Certo,não precisa chorar-Ele a puxou para si num abraço que quase a sufocou,ela encostou a cabeça no seu peito largo e macio e quase deixou-se levar.
-Largue-me,se isso aconteceu a culpa é totalmente sua-Ela o empurrou,não queria ser abraçada por ele,muito menos consolada,era tudo que menos precisava naquele momento.
-Minha? Ora,você é a inocente agora?-Ele sorriu,estava nervoso,não podia crer no que estava ouvindo,esperava tudo,menos que ela o culpa-se por isso.
-Se você não tivesse insistido,se não tivesse ido atrás de mim-Ela agora andava de um lado a outro da sala,passava as mãos pelos cabelos em sinal de nervosismo.
-Eu só fui atrás de você porque eles te insultaram,eu não podia te deixar ir para casa no estado em que você estava,era capaz de enfiar o carro no primeiro poste que visse pela frente.-Ele sentou-se,não conseguia ficar de pé,todo seu corpo tremia de raiva,se ela fosse um homem ele já a teria feito parar de andar de um lado a outro,feito uma maluca,com um soco bem no meio da cara.
-Pois deveria ter me deixado enfiar o carro no poste,talvez assim,nós não tivéssemos esse probleminha-Agora ela usava seu tom irônico,não aquele que a deixava extremamente sensual,mas aquele que a tornava extremamente irritante.
-O que o seu querido marido disse?
-Não meta-o nessa história.
-Sinto muito querida,mas ele está mais enfiado nessa história do que qualquer outro -Ele tentou sorrir,mas faltava-lhe animo.
-Ele ainda não sabe,e nem vai saber!-Ela olho-o bem dentro dos olhos,ele sabia o que aqueles olhos azuis penetrantes queriam dizer,ela tinha um plano.
-Não me venha com seus planos,não vou seguir os seus sábios conselhos de professora,da última vez que fiz isso quase fui preso.
-Você não precisa se meter,esse é um problema que só diz respeito a mim-Ela estava prestes a dar-lhe as costas para sair,quando ele a puxou pelo braço.
-Você não pode negar que eu dei uma colaboração bem poderosa para esse problema-Ele quase a puxou para um beijo,achou melhor não fazê-lo,algum podia surpreende-los.
-Você quem diz,nem sabemos ainda!
-Vamos esperar seis meses para ver? Ou você vai fazer exame de DNA?-Ele sorriu sarcástico,isso a irritou,o maldito sabia que ela não poderia fazer isso,tinha que esperar.
-Você é um idiota,sabe muito bem que exames de qualquer natureza estão fora de cogitação,eu nem pude fazer um teste regular,tive que fazer aquele maldito teste de farmácia-Sua voz tinha um tom irritado,seus lábios estavam presos entre os dentes.
-Eu sei,eu só estou tentando te trazer para a realidade,se você pensa que eu não vou me meter,está muito enganada senhora,eu vou me meter, e nem adianta vim com planos e histórias,esse é um problema nosso e temos que resolvê-lo juntos,entendeu? Juntos!-Ele a puxou mesmo com todos os protestos,prendeu-a num abraço e a fez encostar a cabeça em seu peito,os olhos azuis encheram-se novamente de lágrimas,não resistiu,deixou-se ser consolada por Antonio.Ela o amava,mas não podia largar tudo por ele,tinha um filho,tinha uma vida ao lado do marido,além disso,tinha o seu trabalho,o que os colegas iriam pensar?-Seus olhos ficaram vermelhos,estava muito sensível,e realmente precisava de carinho,ele a desprendeu do abraço e olhou-lhe nos olhos
-Ei,fica tranquila,tudo vai se acertar,eu prometo!
-Mas...-Ele a calou com um beijo.
-Deixa comigo!