O Amante

Algumas profissões parecem estarem fadadas ao chifre, é o que parece. Vigia, policial, padeiro, jogador de futebol, cantor, ator, diretor de cinema, porteiro de prédio, garçom. Petroleiros, industriários, gerentes diversos,executivos, comerciantes em geral, representantes comercias que viajam, enfim, a lista é enorme - salvam-se os escritores que não saem de casa, escrevem no lar e ficam quase 24 h ao lado da mulher, e quando viajam podem levá-la para o lançamento dos seus livros, entrevistas, feiras. A profissão do momento é ser detetive particular especialista em infidelidade conjugal. Tem muita gente contratando - por que corno gosta de confirmar que é, não admite viver na dúvida.

Homem resolvido na vida financeira. Tinha status de vencedor, empreendedor reconhecido. Propiciava á esposa uma vida de rainha. Tinha diversos negócios no Brasil e no exterior. Nunca foi problema dinheiro. Uma casa com piscina, maravilhoso jardim. Sauna particular, quadra de tennis, sala de jogos, sala de som e academia. Conforto ali so visto nos países de primeiro mundo.

Sílvio Xhantos era um homem de negócios - amava ganhar dinheiro. Tinha uma trajetória de grande conquistador, até que resolveu se casar.

Esperto, como viajava muito à negócios, entregou a fidelidade de sua amada aos cuidados de uma agência de detetives. Homem não gosta de ser corno, mas adora passar a mulher para trás, como se fosse lícito. Em suas estadias tratava logo de procurar saber como conseguir as lindas do pedaço. As casas de luxo com garotas de programa de elite. As mais chique boites da noite, daquele lugar.

Aline Xhantos era 15 anos mais jovem. Malhava e gastava uma pequena fortuna em tratamentos de beleza. Atriz e modelo. Vaidosa ao extremo. De fina elegância. Objeto sexual da tv e do cinema. Suas fotos eram exploradas em sites e revistas. Uma pala de calcinha descendo de um carro, uma de seios de fora nas Ilhas Gregas. Um seio à mostra num decote generoso.

A agência disponibilizava vários detetives. Os relatórios passados eram impressionantes. Revelavam dados que deixavam o seu marido surpreso - até mesmo angustiado. Ás vezes tinha peso na consciência. Uma intuíção lhe dizia que havia algo errado. Estaria sendo lezado? - Tinha tal indagação. Ela vivia ao celular, tinha vida social intensa. Shows, teatros, praias, piscinas.Viagens para diversões. Os amigos eram malhados, bronzeados. Modelos, atores e gente de televisão.

Sílvio Xhantos ficava um ou dois meses viajando. Estranhava que a mulher não quisesse acompanhá-lo. "Ela tem um amante" - essa idéia martelava na sua cabeça noite e dia, dia e noite.

O relatório apontava lugares que ela frequentava, fotos. Pessoas do seu círculo. Um chopp num bar da moda, uma boite com as amigas. A praia. O teatro, o cinema. Um passeio num shopping.

- Mas, não tem nenhuma foto comprometedora?

- Não, senhor. A sua senhora sai com duas ou três amigas. Os malhados e bonitões trazem suas esposas ou namoradas. Não temos uma foto dela com mãos dadas, um beijo na boca ou uma entrada num motel.

- Vi as filmagens das câmeras na minha casa. Estão sempre as mesmas pessoas...

- Sim, nada comprometedor.

Os serviços lhe custaram o olho da cara. Ele gostava de ganhar dinheiro, gastar, so com os caprichos da esposa. E, com o luxo para ostentar para os amigos e para a socialite. Tinha mais de oito carros de luxo. Uma lancha caríssima. Casa de veraneio milionária.

O gerente da agência de detetives saiu com o cheque de 30 Mil reais.

- Nossa, joguei dinheiro fora. Bem, melhor assim, ao menos não há mais dúvidas. Não sou corno.

Ela o abraçou. Deu uma bicotinha na boca. Foi para o quarto. Queria tomar um banho refrescante e desejava sair naquela noite para que pudessem matar saudades. Quado o telefone dela tocou:

- Alô, senhora, tudo certo. Ele me pagou.

- Oi, Armando. tudo certo. Fico feliz que tenha sido esperto e me avisado que ele havia contratado a sua agência. Posso fazer uma transferência bancária e te pagar o dobro oferecido.

- A senhora poderia ser um pouco mais generosa pelos pontos cegos que programamos para as câmeras da residência.

- Claro, claro. E, vou ser generosa mais pelos momentos de prazer que me proporcionou. Saudades do seu jeito selvagem na cama. Adoro homens rudes e bem dotados.

fim

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 31/07/2012
Reeditado em 17/01/2016
Código do texto: T3807223
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