Chantagem e sangue
Estava arrependida. Se soubesse que aquela situação fosse terminar daquele jeito nunca teria se exposto daquela maneira, e colocado assim, sua vida conjugal, familiar, social e empresarial em risco. Uma vingançazinha maldita, sem sentido e que poderia num piscar de olhos, destruir toda sua boa vida.
O que estava feito, estava feito; agora era aprender com aquela situação e buscar imediatamente um reparo. Só ainda ainda não sabia como.
Claudia Cristina tinha a vida que pediu a Deus. Na adolescência ganhou um concurso de beleza e aquele titulo lhe ajudara abrir muitas portas. Era uma bela mulher, bem casada; mãe de três filhos, que ela não cansava de repetir: eram lindos; uma vida social bem movimentada com freqüentes convites para os mais distintos eventos sociais. Duas viagens nacionais e uma internacional por ano. Uma empresa que lhe dava muito lucro e a levara logo a ficar independente financeiramente do marido. Ela é quem o socorria de vez em quando.
A vida sexual, era uma loucura. O Marido era insaciável, e ela também. Quando estavam à sós o diálogo se dava com os corpos, ainda relativamente jovens e sempre em chamas.
Naquela manhã ainda mantinha viva a lembrança a boa trepada que dera na noite do dia anterior em cima da mesa da cozinha. Estava o corpo todo dolorido, mas valera à pena. Ela e o marido gozaram feito dois loucos. Orgulhava-se: “meu marido está cada vez melhor”
-Não posso deixar tudo que construir todos esses anos ir por água abaixo. Tenho que sair dessa encrenca e bem rápido- pensou, Claudia.
A jovem empresaria começou a viajar no encadeamento dos fatos que a levara àquela aflita situação.
Nem sabe explicar como conseguiu se entregar por total ao marido na apimentada noite anterior tamanha era sua preocupação.
O casal quase nunca brigava. Uma das únicas brigas ocorrera um ano atrás, e foi por causa daquela droga de briga que o inferno na sua vida começou.
No calor da discussão Claudia acabou levando um tapa na cara. Aquilo para ela foi o fim do mundo, ainda bem que as crianças não viram. Estavam na casa dos avós. Zangado, naquela noite, o marido saiu dizendo que ia dormir na casa de um amigo.
Claudia nunca tinha bebido e ainda com o rosto ardendo e chorando pelo tapa que levou bebeu num só gole quase meio copo de Red.
Não merecia aquilo, estava desnorteada, ali sozinha. Também julgava que a situação por causa de um cheque sem fundo recebido não era pra ter chegado a tanto. Precisava desabafar! Quando menos imaginou, já embriagada, estava na frente do computador numa dessas salas de bate-papo. Não sabia que dali a um ano sua vida viraria de pernas para o ar.
Naquela noite/madrugada Claudia Cristina, mas do que interagiu com um sujeito que se apresentou como um próspero e gentil empresário. Além de desabafar, se exibiu, na WEB. Mostrou os seios fez um estripe e simulou um ato sexual para aquele desconhecido. Ela não sabia, mas aquele estranho gravava tudo.
Um ano depois, um telefona e o início da chantagem
- Alô, lembra de mim e do maravilhoso show de graça que fez pra mim? Pois é, estou pensando em lançar tudo em DVD.
- Quem tá falando?
- Não lembra mais de mim, é?
-Vou direto ao assunto: quero 50 mil reais e uma noite quente de sexo. Ou você faz isso ou todo mundo vai ficar sabendo quem é verdeiramente dona Claudia Cristina a empresaria do ano. Entendeu?
Seis meses se passaram desde o primeiro telefonema do chantagista. O cara descobriu seu celular e ligava pela manhã, á tarde, noite e ainda dava toques na madrugada.
A vida de Claudia tinha virado um verdadeiro inferno. Poderia ter denunciado tudo à Polícia, mas o risco era grande demais. Ela mesma precisava resolver aquele problema. Decidiu então ceder ao chantagista.
Já tinha arrumado, às escondidas, os R$ 50 mil. E naquele instante estava constrangida, numa loja de produtos eróticos. O chantagista havia pedido que ela levasse espartilhos, incenso, uma máscara e velas e outros produtos.
Com tudo na bolsa, aguardava mais um telefonema com as instruções do chantagista.
-Alô, anota ai, um endereço.
Nervosa, Claudia Cristina pegou papel e caneta
- Pode falar
Minutos depois, a empresária estava em seu carro em direção à toca do misterioso chantagista, que conforme o endereço, morava num bairro distante do centro da cidade.
A casa tinha um muro alto. Estava próximo das 20 horas e no trajeto o chantagista ligou três vezes para que Claudia se apressasse.
Tocou a campainha.
Na sobra de uma luz fraca. Aparece o estranho.
-Entre querida, a casa é sua.
O chantagista tinha 1, 70, de altura, branco, cerca de 35 anos, cabelos ralos e uma voz grossa.
-Vamos por parte, querida: o dinheiro; anda, rápido!
-Ta tudo, aqui, disse com um pavor estampado no rosto, Claudia Cristina.
- Trouxe o que lhe pedi?
-Sim, tá tudo aqui
-Então, tire essa roupa e vista tudo.
Claudia Cristina tirou o vestido, e foi seguindo as ordens do chantagista que havia exigido dela uma fantasia de Tiazinha, a musa de sua adolescência.
-Não faça nada que eu não goste. Se você não me obedecer, já sabe o que vai acontecer.
O chantagista, já nu se deitou e pediu que a “tiazinha” se aproximasse.
Claudia respirou fundo e foi seguindo as ordens.
Primeiro, em pé sobre a cama, enfiou o salto alto na barriga do homem; depois ele pediu que ela acedesse uma vela e soltasse alguns pingos na sua barriga.
Super excitado o estranho disse: -
-Amarre minhas mãos e meus pés
Claudia obedecia calma e silenciosamente.
-Quero agora um boquete do jeito que você me disse na Web que sabe fazer.
Naquele instante, o coração de Claudia acelerou. Já tinha feito loucuras numa cama, mas só com o marido.
-Meu Deus, em que me meti. E agora? Pensou Claudia olhando para aquele pênis ereto esperando por sua boca carnuda.
-Vamos, não demore minha Tiazinha !
Ei, espera um momentinho ! Quero que você também vede meus olhos...
Na manhã seguinte, em casa, à mesa do café, com o marido e os filhos, Claudia Cristina ouvia, indiferente, a seguinte manchete em um desses programas mundo cão:
-Homem, de aproximadamente 30 anos, tem o pênis cortado e sangra até morrer na periferia da cidade. O corpo do desconhecido foi encontrado hoje pela manhã.