Era uma vez
Era uma vez *Luiz Carlos Leme Franco*
Era uma vez alguém que queria enriquecer-se desmedidamente, de qualquer modo. Fazia de tudo o que podia e não podia visando tal objetivo. Trabalhava muito sim, mas vivia penando em coisas além trabalho, como falcatruas, golpes e desvios.
Certa feita veio-lhe á mente explorar pessoas que trabalhavam com sapatos , e, conseguiu, depois de muito tempo e algumas influências uma função numa firma sapateira, que comprava e vendia o objeto de seus desejos escusos.
Assim, pensou, posso esta a par do que acontece na sapataria, lojas, com clientes e fornecedores, talvez com melhor perspectiva para meus planos.
Ficou quase um ano estudando comércio, fabricação, entregas e alguma legislação para poder ter algum conhecimento e saber detalhes e falhas das normas e da movimentação do atacado e varejo deste segmento do comércio para poder aplicar algum golpe.
Estudou todas as formas de malvadezas que pode imaginar para concretizar ali as bobagens que pretendia e traçou uma estratégia marota.
Todo fim de mês, além da limpeza ritual das prateleiras do estoque, costumava chegar novos modelos e reposições e troca dos antigos, e era um mover sapato pra cá, tirar pra lá e recolocar nas estantes.
Ele percebeu que a fiscalização do estoque, o que chegava e saía, era ineficiente nesta ocasião e bastante dificultada pela limpeza que se fazia nos armários ao mesmo tempo, e que os encarregados deste mister olhavam implacavelmente nas bolsa e pacotes dos fregueses que entravam e saíam, ficavam de olho nas bolsas dos funcionários, mas não atinavam em ver se os sapatos que as pessoas usavam eram novos ou não. E aplicou seu plano no dia recomendado pelas suas observações.
No primeiro mês foi com sapatos novos para casa. No segundo também conseguiu seu intento sem suspeitas de ninguém.Na seguinte operação parecia que ninguém notara também a falta do par que ele surrupiara, colocando o par de tênis usado com o qual viera trabalhar na marmita já vazia. Tudo bem de novo na próxima. Cometeu mais alguns furtos embora já estivesse havendo algum estranhamento
Seus botins eram vendidos aqui e acolá em alguns vilas próximo ao bairro onde morava, longe do local onde “trabalhava.”
Numa das negociações teve um entrevero com um possível comprador. O Sr José reconheceu o par de calçado e todo seu negócio ruiu. Não se sabe se por campana do dono da venda, por algum armadilha ou só por coincidência, mas o senhor José era um dos fornecedores do estabelecimento comercial onde nosso personagem praticava sua atividade.
Já se sabe o que sucedeu: o larápio perdeu o emprego, honra e teve de pagar os seus saques pra não ir preso, por condescendência do senhor Jorge, seu ex-patrão, que não desejava ver seu armarinho em jornais policiais.
Bem urdido seu estratagema, mas a verdade sempre vem á tona, cedo ou tarde, queria-se ou não e o Marcos, nosso historiado, que deveria ter usado sua inteligência apara cousas honestas não sabia se como se explicar para sua família, que dependia dele, e teve de abandonar tudo e ir para outra freguesia.