O perigoso passar das horas
O interfone toca: - Luís, um cara acabou deu uma bica numa das meninas.
O gerente vai até lá e pede que o sujeito retire-se, quando Dayane disse: - É um cliente bom, que gasta bem aqui! deixa ele ficar que controlo para ele não beber mais, fico te devendo essa!
- Vê lá, heim Dayane; Luís olhou o relógio e eram 11:20.
Como ele sabia que os hotéis da região estavam lotados, então apostou com o gerente de outra casa uma caixa de champanhe: para quem vendesse mais garrafas até as 4 da madrugada!
Uma hora depois olhou de novo o relógio e pediu para que uma das meninas fosse espionar na boate de cima, para ver quantas garrafas já tinham sido vendidas por lá. Em seguida foi para a porta da boate e aborrecido com o que viu ali na porta comentou com o porteiro:
- Esses traficantes agora estão toda hora aqui?
Foi lá e falou com eles do jeito certo, como só quem tem 20 anos de noite sabia fazer: - Escuta, rapaziada, aqui é o meu lugar de trabalho, arrume o de vocês, em outro lugar, se não queima o meu filme.
Era assim com todo mundo: respeitava e fazia-se respeitar.
Mas onde andava sua espiã que não voltava? Olhou o relógio e já era quase uma da manhã.
O dono da boate tinha outras duas casas, mais acima, e o colocou ali, como seu homem de confiança, principalmente para ficar de olho no funcionário do caixa, o esperto Serguei, que agora tirava uma garrafa da estante, quando apareceu o sujeito que tomou uns tapas, uma hora antes, e pegou esta garrafa para acertar o gerente. Chegando ali acompanhado de mais dois amigo, quando tomou um soco do gerente, enquanto três habitués da casa rapidamente ajudaram a botar todos na rua.
Tudo muito rápido, para em minutos o salão voltar ao normal. Mas ao olhar novamente as horas ele não estava mais com o relógio, pois o soco que deu no bêbado jogou o relógio longe; quando se deu conta, pediu ao maitre procurar no chão o relógio ...
- Nada. Olhamos tudo!
- Dayane, sempre a Dayane, disse o gerente contrariado, pois foi com ela que a confusão começou e agora continuava, pois ela agora vinha lhe contar:
- Luís, um dos traficantes, que entrou na briga para te ajudar, pegou o teu relógio no chão e levou embora.
- Olha, Dayane, sei que um dos tres que entrou na briga é seu primo então fala para ele que o relógio é de estimação e por isso quero ele de volta de qualquer jeito!
O caixa ao lado ouvia tudo, e discretamente chamou Dayane para fumar um cigarro na calçada ...
***
- Sabe aquele dinheiro que você me deve ... esquece!
- Assim, a troco de nada?
- Sim, basta você falar para o seu primo que o Luís chamará a polícia se amanhã eles aparecerem de novo por aqui sem o relógio.
- Você está maluco! se eu disser isso eles apagam ele amanhã mesmo; até porque já estão muito contrariados do Luís não deixar eles venderem drogas aqui dentro.
- Não veja por aí, Dayane ... veja que com a gerência livre eu entro no lugar dele e coloco você no caixa: aí juntos implantamos o esquema de caixa dois, que depois vai para o nosso próprio bolso, sendo que com ele por aqui isso hoje é impossível.
A scortgirl ouviu e disse que ia pensar na proposta, porque de fato o gerente tinha cortado suas asinhas, ao impedir os seus aviõezinhos; droga que antes trazia de fora para clientes ali dentro.
Neste caso, não fosse o porteiro - pessoa de confiança de Luís - que ouviu a conversa, e foi imediatamente contar para ele, então a coruja já teria piado antes da zero hora do dia seguinte.
Eis que devidamente avisado o gerente imediatamente ligou para o dono da casa e pediu: - Olha! não posso te explicar agora mas dispense o caixa da outra casa, liga para o Serguei, aqui na boate, e diz que precisa dele por lá, agora! Eu tomo conta do caixa por aqui e depois te explico.
Pediu este favor pois perderia a cabeça se o caixa continuasse ali mais um minuto.
Agora precisava manter a cabeça fria, sendo que informação era a única arma que usaria, pois no dia seguinte sequer viria armado.
Esta a meia noite, do dia seguinte, que rápido chegaria... para novamente surgirem os três traficantes, agora acompanhados de um quarto homem, para quem terceirizavam certos tipos de serviço: alguém que o gerente conhecia de vista e por isso pediu para conversar com ele em particular ...
- Olha, sei porque você veio aqui e queria te dizer o seguinte: se você acha mesmo que eu chamaria a polícia, por causa do relógio, então faça o que veio fazer e pronto; agora se você acreditar em mim - de que foi tudo uma armação - e de que eu não seria idiota de chamar a polícia, tendo mais de vinte anos de noite - então considere isso …
O matador olhava com uma cara de quem pergunta " mato logo este cara ou espero mais um pouco ... " quando por fim disse: - Escuta, quanto custou esse relógio?
- Quase quatrocentos reais.
- Então está aqui! E tirou do bolso um maço de dinheiro preso por um elástico e jogou na mesa.
- O que é isso ?!
- Tem 500 aí.
- Não, só o relógio me interessa: fala para quem pegou devolvê-lo porque é de estimação.
- Cacete! o que tem esse relógio de tão especial que não pode ser substituído, disse com mais irritação ainda.
- Minha esposa me deu; não tem preço para mim; peça para quem pegou devolver.
- Amigo, presta atenção: eu não sei deste relógio - não vi e não sei quem pegou - eu só sei que estou muito irritado porque estou colocando 500 paus da porra desse relógio aqui na mesa, que é o tanto que me pagaram para vir fazer o serviço.
- É como eu disse, o meu relógio não tem preço: nele estão gravadas iniciais da minha esposa e eu, mais a data do nosso aniversário de casamento, razão dele não ter preço; - Se eu não puder te-lo de volta prefiro que essa história termine assim: eu tomo o prejuízo e paciência.
E levantou já devolvendo o maço de dinheiro: - Mas de qualquer maneira obrigado.
- Entendo o seu lado - essa corrente de prata foi minha mulher quem me deu; só que tem o seguinte: isso não vai ficar barato para quem armou tudo isso, para jogar uns contra os outros.
- Olha o que acontece aqui dentro deixa que eu como gerente resolvo, vai ficar melhor assim. Chamou o maître e disse que toda a despesa do grupo naquela noite seria por conta da casa.
- Então valeu? Ficamos assim ?
- Ok. Deixa quieto!
( Inveja. Puxada de tapete. Trairagem. Pessoas que ao seu lado tramam contra a sua vida. Esta um história verídica. Ocorrida na noite de São Paulo )