Capitulo 1 - A Ovelha Negra da Família*
Já se passaram 04 anos e 334 dias exatamente, mas lembro como hoje. A voz do tal juiz Menelau de Barros – Através da autoridade a mim concedida declaro o réu Joaquim Menezes Araújo: CULPADO! – Aquela palavra ecoava em meus ouvidos: CULPADO, CULPADO, CULPADO...
Lembro a imagem de minha mãe, sua face redonda chorosa, chorava em bicas, Celi minha irmã não chorava menos, seus olhinhos amendoados, tremiam e miravam em minha direção, seus lábios cor de jambo, igualmente trêmulos balbuciavam repetidamente – Eu acredito em você Kim.
Meu irmão Tomé, era chefe do Departamento de Narcóticos do Distrito, mas esse fato não me inocentou no tribunal. Ele apenas balançava a cabeça negativamente, e a mantinha abaixada, não me disse uma palavra sequer.
Levantei a vista, vi meu pai vindo em minha direção e logo após vi a sala do juízo entrar em rotação. Meu pai me acertara um soco, sua força fez meu corpo girar e cair. Ecoam também até hoje em meus ouvidos suas palavras – Desgraçado, eu te dei tudo que podia e é assim que me recompensas? Você é a Ovelha Negra da Família.
Um dos presos, hoje aqui encarcerado, ouviu os berros de meu pai, e assim fui batizado aqui no Complexo Penitenciário da Capital (COPENCA), também conhecido como COPA: O Ovelha Negra.
*Trecho do Capitulo 1 de um de meus livros ainda não lançado "A Ovelha Branca da Familia".