Feliz Ano Novo Tom

Tom, recém formado em agronomia. Feliz e sorridente com seu diploma na mão! Abraçava pai, mãe, vovô e titias. As primas também vieram festanejar com ele. A festa na casa de Tom foi aquele banquete! Tudo que se preze e mereça para degustar estava à mesa! Principalmente corações de vitela, prato predileto do formando. A mãe de Tom não se cabia em si de contentamento, principalmente em saber que Armando seu irmão e tio de Tom, empregaria seu único filho na fazenda dele, afim de que ele adquirisse experiência. Tom nem feio nem bonito, porém corpulento. Olhos azuis que confundiam com anil do céu e do mar. Cabelos cobrejados, rosto fino, nariz longo e com uma inteligência sagaz.

Passado dias após os festejos era hora de encarar a realidade. Mala pronta, e seu diploma devidamente enquadrado e agasalhado no fundo da mala. Tom abraçava a mãe. No portão a mesma comissão da formatura se despedia dele, que embarcaria para a fazenda Santa Luzia, de propriedade do tio Armando, onde a recepção foi feita apenas por Armando, Ana e a sua prima Bia. Os dias na fazenda foram de total agito.

Nos dias vindouros Tom percorreu toda a propriedade com seu Tio. Analisou a terra, vislumbrou os animais, mas de tudo no recanto o que mais encantou Tom foram às curvas de sua prima Bia. A beleza rara das caipirinhas parecia encontrar-se todas em Bia. Os lábios grossos, os olhos com brilho de lua cheia, cabelos na altura da cintura. Aquele corpo moreno pelo sol do campo e, o perfume das flores do mato parecendo sair dos poros da moça brejeira. Ela enlouquecera os pensamentos do jovem agrônomo. E entre os dois começou um romanceio. O que não passou despercebido por seu tio e sua tia. Que tal qual a filha era uma belezura!

Os meses avançavam ruma ao fim de ano. Tom e Bia se entregavam um a outro sem pudor. O tesão correia pelas veias jovens e sedentas do infante casal. O que faziam com que Tom por de versas vezes perdesse as horas de trabalho. O que também já estava contrariando o tio Armando. Faltavam agora poucos dias para o natal e os festejos de fim de ano. Tom andava estranho, pois seu coração sabia que teria que por alguns dias deixar sua paixão! A linda prima Bia já estava também chorosa pela partida do primo Tom. Armando, alguns dias para cá andava calado e cabisbaixo parecendo que algo o contrariava. Porém a sisudez e principalmente a sistematização não deixava transparecer sua contrariedade.

Num belíssimo fim de tarde. Onde o esplendor do sol ao se pôr convidava os amantes para contemplar o expoente. No entanto Tom não pode estar ao lado de sua amada. Por ter sido chamado as falas com o seu tio Armando:

- Sobrinho, por que você não passa aqui o revellon conosco?

- Sabe tio, eu estava até pensando nisso mesmo, mas temia a sua reprovação.

- Que isso, para mim será uma satisfação, e tenho certeza que sua tia Ana e sua prima Bia também.

Assim ficou acordado que Tom não iria para os festejos de fim de ano na capital. O que alegrou por demais o casal de amantes. Os dias correram mais que o previsto o que fez voar os pensamentos de todos nos seus entretenimentos. As vésperas do revellon, uma missiva chegou para Armando, reclamando sua presença com estrema urgência na capital. O que causou estranheza em Ana, Bia e Tom. Mas, nos olhos dos amantes o fulgor do desejo, incendiou como brasa em fogueiras de verão. Bia com seus sonhos, Tom com desejo. Ana toda prestimosa arrumava as malas do marido. Questionando quando se daria a sua volta?

- Calma meu bem, com certeza na virada do ano estarei aqui.

E assim na manhã seguinte ele partira para a capital. E os amantes se sentiram mais livres e a vontade para aproveitarem seus desejos mais lascivos. Era dia trinta e um de dezembro do ano vigente, Tom amanhecera radiante, pulou ligeiro da cama tinha que aproveitar aquele último dia de ano. Correu para tomar café da manhã na companhia da tia Ana e da prima Bia, porém viu a mesa posta para o desjejum, e a ausência das parentas o contrariou. Olhou em volta e nada viu, mas sobre a mesa avistou um bilhete com seu nome no envelope. Ele abriu e leu os dizeres.

“- Tom, infelizmente hoje nós fomos chamadas a capital com estrema urgência onde deveremos encontrar com seu tio Armando, sem mais para o momento beijos. PS. à noite estaremos para a virada do ano. E já traremos a comida.”

Tom ficou mais despreocupado, tomou seu café da manhã e foi aproveitar seu último dia do ano. À tardinha após se banhar e barbear ele sentou na varando esperando os parentes chegarem da capital. Ele só estranhou que os tios tenham dispensado todos os outros empregados da fazenda. Recostou na cadeira de descanso e ressonou. Acordou sobre salto. Com seu tio Armando tocando seu ombro.

- Boa noite meu sobrinho!

- Boa noite tio.

- Vamos entrar está frio.

- Sim, mas cadê tia Ana e Bia?

- Ah! Elas estão na cidade não deu tempo de virem. Mas eu estou aqui! Seu tio Armando. Viramos o ano juntos, o que você acha?

- Eu não tenho nada contra.

Os dois encaminharam para a sala, a casa estava toda enfeitada, coisa que Tom não percebeu, ou ele dormiu demais.

- Espantado sobrinho? Cheguei, e como vi que estava dormindo resolvi arrumar tudo. Não ficou bom?

- Sim, ficou muito belo tio!

- Você precisa ver o prato que trouxe para você.

Tom estava achando o tio cada vez mais estranho, tanto no falar quanto no andar. Parecia que estava bêbado. Trôpego o tio encaminhou para a cozinha e em poucos minutos voltou com uma bandeja nas mãos anunciando:

- Feliz Ano Novo Tom! É para você, somente para você; seu prato predileto coração de vitela. Aliás, dois corações de vitela.

- Maravilha titio!

E o prato de vitela foi servido, e Tom degustou aquela iguaria, comendo todo o servido, tomando um bom vinho e conversando animadamente com o tio Armando.

- Gostou Tom?

- Sim, muito mesmo Titio.

- Sobrinho, eu posso lhe perguntar de qual das duas gostava mais?

Tom remexeu no sofá, porém o álcool já lhe subia a cabeça. E o medo da descoberta o cobrou um pouco a razão.

- Como? Não entendi.

- Cretino! Não bastasse ter a filha, quis também à mãe, e além, domas a minha mulher!

Pego pela surpresa da descoberta, Tom tenta levantar, mas a tontura o joga novamente no sofá. E com a língua meio que enrolada, ele tenta argumentar.

- Tio, eu...

- Não me chama de tio seu ordinário! Foram noites e dias que sofri, vendo você nos enganar. Durante o dia corria pelos campos, com sua prima Bia jurando amor e sonhos eternos. E à noite feito a um garanhão montava sua tia Ana a minha mulher. Vagabundo!

As lágrimas corriam pelas faces de Armando, quando se lembrava da traição do sobrinho. Ele amava a mulher. Que ele Tom ficasse com sua filha, ele até aceitava o casamento entre os primos, mas deitar com sua mulher isso nunca! Tom tentava em vão reagir. E armando continuava a desabafar todo o seu ódio em cima do sobrinho:

- Agora, você se juntará a elas, seu merdinha, pensou que iria ficar barato? Não! Eu preparei tudo, você não queria o coração das duas? Ter o amor delas só para você? Egoísta! Você vai morrer pelos corações delas, comeu os dois. Do mesmo jeito que comeu as duas pelas minhas costas. E ainda por cima os empregados fazendo chacotas de mim.

Tom assustou-se mais ainda com a descoberta, ele não poderia aceitar o que o tio estava lhe revelando, e uma ânsia de vomito, nauseante o invadiu. E a golfada do vomito saiu as trombas. E uma gargalhada sinistra tomou conta do ambiente.

- Vomita cretino! Vomita os corações daquelas que você comeu. Ah! Ah! Armando ensandecido, ria e chorava, enquanto Tom vomitava. E Armando continuou nas revelações:

- Matei as duas, e fiz os corações delas, e coloquei veneno para que você comer, morrer e se juntar a elas no inferno!

- Você não devia ter feito isso seu monstro!

- Quem é o mostro aqui? Eu ou você?

O silêncio impetrou na sala, Tom já tremia tal qual a um cachorro acometido por babesi. A visão já turva, mas com a última força restante dos nervos em seu corpo, Tom saca de um revolver e efetua três disparos matando o tio Armando...

O dia amanheceu, e um taxi estaciona na frente da mansão da fazenda Santa Luzia. Descendo de lá Ana e Bia reclamando da brincadeira de mal gosto de Armando:

- Eu mato seu pai! Onde já se viu fazer a gente ir pra capital nessa chuva e não estar lá.

- Ele deve ter feito uma surpresa pra nois mamãe. E vamos entrar logo que estou louca para cair nos braços do Tom e matar a saudade.

“- Eu também. Mas tenho que esperar pela noite.” Pensou Ana.

valdison compositor
Enviado por valdison compositor em 03/01/2011
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