Os spots recaem sempre sobre o protagonista

Era um patronato, onde o Sr Quase que Feudal, dirigia a tudo e a todos, do alto do seu trono; a filha o deixava revelar que, ainda, possuía coração, ela era a paixão do pai, pai que tinha em seu genro um diretor da empresa, empresa que sustentava todo o luxo da corte. Eram assim os degraus genealógicos e hierárquicos da família. E foi assim a ordem seqüencial no encontro dos cadáveres: primeiro a filha encontrou o pai, para logo em seguida, encontrar o corpo da criança.

Quem era a criança? Não fazia parte daquela casta, ainda que possuísse características, traços e roupas de uma camada superior, não era um membro integrante, mas poderia ser confundido com aquela família, e estava morto, assim como o pater também estava.

Um quadro cadavérico como este, quase que dantesco, denota violência, mas uma violência não estampada no rosto das vítimas, percebia-se mais truculência na porta lateral arrombada, de dentro para fora, nas gavetas jogadas ao chão, mostrando que alguém procurava bens materiais, intenção que se confirmaria com o desaparecimento de algumas jóias e relógios caros.

Uma criança chama para si toda a atenção daqueles que a rodeiam, mesmo a criança estando morta, e, naquele momento, o foco voltou-se para ela, a preocupação da polícia era identificar o menino, com não mais de 7 anos de idade. Não foi difícil, o menino morava na mesma rua e estabeleceu laços de amizade com aquele senhor que compartilhava a morte, naquela cena mórbida.

O velho era mais emotivo do que aparentava, e adorava crianças, netos que a filha não lhe dera, e um vínculo se firmou,encontravam-se na calçada sempre que o garoto saia para andar de bicicleta, uma criança encantadora.

Foi algo deprimente os pais reconhecendo a criança assassinada na casa vizinha, pranto e blasfêmias eram proferidos, algo para ser esquecido, ou nunca ter sido visto.

As investigações priorizaram a criança, tachando de monstro quem pode agredir um inocente, parentes e a imprensam exigiam uma caça ao assassino.

O patrono havia descoberto um desvio fabuloso de verbas na empresa, com a ajuda de uma auditoria, apurou que o genro vinha acumulando uma fortuna pessoal, arrancada do patrimônio familiar. Sabendo que esta conduta sempre leva o autor a crimes maiores, e a discussão entre o sogro e o genro não deixava ao crápula outra direção, ou ele silenciava o patriarca, ou seria levado à prisão; raciocinando desta forma, o velho passou a carregar em seu bolso um bilhete, como que em premonição ou em retaliação, todo amarrotado, escrito com garranchos e acompanhado de um toco de lápis, que deixaria transparecer ter sido lavrado antes do momento em que o crime fora cometido:”Meu genro, meu algoz....” , se o latrocínio nunca ocorresse, o bilhete morreria no bolso do ancião; azar do genro seria se aquele crime, em pauta, tivesse outra autoria

Em pouco tempo o vaticínio se confirmou,a lógica se fez valer, mas o ancião nunca poderia ter previsto que convivia com um monstro, com formato de genro, capaz de matar uma criança, apenas para desviar o foco das investigações, pouco se lembraria de fortunas, interesses, desvios e deslizes morais cometidos, a morte da criança se dera apenas para jogar as luzes, para criar um o protagonista, emocionalmente capaz de absorver toda a tenção, não deixando desvios, mas que na apuração se apresentou como um infeliz figurante

Senil vem de Senex, Senador da Antiga Roma, magistrado intelectualmente capaz de criar leis para o maior Império da Antiguidade (nota do autor)

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 15/10/2010
Reeditado em 18/10/2010
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