Caso Vivaldi (11)

Dominique e Franco chegam em casa e Mariano diz que precisa conversar com os dois. Perguntou se eles sabiam alguma coisa sobre a mãe estar doente, eles disseram que nada sabiam a respeito. Mariano colocou o recado para tocar e os irmãos também estranharam.

- Vamos deixar isso de lado – disse Dominique. Como está a sua situação com Heloísa?

- Piorou. Hoje eu falei tudo o que estava entalado.

- Mas o que exatamente você falou?

- Que sou apaixonado por ela, sempre fui.

- Não é surpresa que tenha causado um desentendimento – disse Franco. Como você fala isso um mês e meio depois da morte do nosso irmão?

- Eu só falei a verdade.

- Eu sei que sim, mas tudo isso está ocorrendo rápido demais. Por isso ela quer ficar um tempo longe de você, já aconteceu uma confusão aqui em casa. Não podemos permitir que a situação piore – disse Dominique.

- Agora que eu estraguei tudo ela provavelmente não vai querer me ver por um bom tempo.

- Você não estragou tudo ainda, só falou na hora errada. Dê tempo ao tempo e ela vai acabar entendendo o seu lado – disse Franco.

- Vou fazer isso – disse Mariano.

No dia seguinte Matias toca a campainha da mansão Vivaldi. Mariano atendeu o delegado e foram para a sala de estar.

- Onde está Orlando? Perguntou Mariano.

- Foi para a cidade dele, resolver um problema pessoal, mas ele volta ainda essa semana.

- Está certo. Mas o que o traz até aqui?

- Você pode me trazer o seu isqueiro e o do seu pai?

- Claro.

Mariano revirou o quarto e não achou o objeto. Chegou à sala apenas com o isqueiro do pai.

- Infelizmente não pude encontrar o meu, tenho impressão de que perdi.

Matias analisou o isqueiro, tirou uma câmera de sua pasta e bateu uma fotografia do objeto, depois devolveu para Mariano e disse que tinha encerrado sua visita. Mariano estranhou o fato de Matias sempre fazer visitas tão curtas, até pensou que era por isso que estava tudo tão demorado na investigação.

Matias chegou à sua sala e chamou Cláudio para conversar.

- Descobriu mais alguma coisa? Perguntou Cláudio.

- Descobri algo sim, mas agora a situação piorou.

- Como assim?

- Após as visitas que eu fiz concluí que este isqueiro não pertence ao Henrique, e sim, ao Mariano.

- Interessante – disse Cláudio.

- Eu não posso acusar ninguém sem provas.

- Isso é óbvio.

- Mas se Mariano fez isso, ele é um grande cretino. Não cansa de dizer que Henrique era seu melhor amigo e não pára de atribuir qualidades ao irmão morto. E além de assassino seria um ótimo ator.

- Já vi mentirosos melhores – disse Cláudio.

- Mas é apenas uma possibilidade, temos que analisar por outros olhos também. Alguém poderia querer incriminá-lo usando um objeto que lhe pertence.

- Apenas o isqueiro não basta, temos que achar outras provas – disse Cláudio.

- Vamos ter que fazer mais visitas à família Vivaldi, começando amanhã.

- Onde está seu detetive favorito?

- Resolvendo problemas pessoais, por favor, pare de falar assim.

- Ok, não está mais aqui quem falou.

- Acho bom.

O telefone do quarto de Mariano toca, o próprio atende, é Heloísa.

- Oi Heloísa. Como vai? Achei que você não iria mais me ligar depois do que eu te falei.

- É sobre isso que eu quero falar. Você pode me encontrar no restaurante de sempre?

- Claro que posso. Achei que você nunca iria dizer isso.

- Mudei de idéia. Está combinado então?

- Sim, está.

Logo em seguida, Dominique entra no quarto do irmão.

- Eu não pude deixar de ouvir a conversa. Não posso impedi-lo de ir encontrar ela, mas, por favor, tome cuidado com as palavras.

- Tomarei cuidado minha irmã. Não vou repetir a besteira que fiz na última vez.

- Ainda bem que você vai consetar esse mal entendido.

- Tenho que ir.

Deu um beijo na irmã e saiu correndo. No caminho encontrou com seu pai. Marco perguntou aonde Mariano ia com tanta pressa, o filho respondeu que ia arrumar uma besteira que tinha feito, e que depois explicaria para o pai.

Marco entrou no quarto de Dominique e perguntou se ela sabia o motivo da pressa de Mariano. A filha respondeu que ele saiu para consertar a situação com Heloísa.

- Como assim? Aconteceu algo com eles que eu não sei? Perguntou o pai.

- Aconteceu uma porção de coisas em muito pouco tempo. Está na do senhor dar menos atenção ao banco e olhar mais os filhos, saber o que se passa com a gente.

- Eu sei, acabo priorizando muito mais o trabalho do que minha própria família. Não posso mais me deixar levar desse jeito, vou acabar perdendo o carinho dos meus filhos.

- Só se você quiser – disse Franco, ao entrar no quarto.

- O que mais você quer de mim meu filho?

- Só quero que você me aceite, que não deixe que o preconceito dessa sociedade em que você vive faça você sentir vergonha de ter um filho homossexual. Eu só quero que você se orgulhe de mim, e que eu finalmente tenha a liberdade de expressar minha sexualidade.

- Quero conversar sobre isso com você depois – disse o pai com expressão séria. Agora, por favor, me digam o que está acontecendo entre Mariano e Heloísa.

- É melhor você conversar sobre isso com ele, não adianta nós falarmos o que acontece com ele e depois você ir falar com ele. Peça pra conversar e ouça o que ele tem a dizer.

Farah
Enviado por Farah em 01/09/2006
Código do texto: T230373
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