uma história verídica

Uma história verídica

Depois de um final de semana agitado, dividido entre os afazeres de casa e a preparação das aulas para a semana eis que amanhece a segunda – feira.Toca o despertador, cinco hora e trinta minutos, levanto, me preparo para iniciar mais uma semana de trabalho. Final de ano, muitas preocupações com a classe, afinal o último bimestre já está pelo meio e algumas crianças precisam de reforço. Durante o trajeto até a escola, muitas coisas passam pela minha cabeça e me apercebo de que não me informei a respeito do que ocorreu na cidade, já que nem ao menos liguei o rádio. Mas que importa isso agora, me concentro nas atividades que vou desenvolver, converso com o marido a respeito de algumas urgências da casa, as quais ele terá de se encarregar e chego ao meu destino. Escola de periferia, bairro carente, as crianças vão chegando aos poucos e percebo que formam grupinhos que conversam e correm e contam o que ouviram para os que chegam depois. Fico intrigada com o alvoroço e procuro me informar, chamo algumas alunas e pergunto:

____ O que aconteceu, porque tanta agitação?

____ Professora, a senhora não ficou sabendo?

____Sabendo o que criatura? Vamos fale logo, assim me deixam preocupada.

A menina tomando ares de pequena repórter diz:

___ Sabe a mãe do João Pedro, aquele do 2º ano que é irmão da Soraia que estuda na nossa classe, a Marcília, ela desapareceu esta noite, ninguém sabe pra onde ela foi, o pai deles está desesperado e já veio até avisar aqui, que eles vão faltar hoje.

Não sabendo o que falar às crianças disse-lhes que ela poderia estar na casa de algum parente, ao que disseram que todos já tinham procurado, mas nada, então talvez tenha viajado. Impossível, disseram elas, não levou roupas e não deixaria os filhos sozinhos de noite.

Elas estavam realmente preocupadas, mas deu o sinal de entrada e fomos para a sala. A carteira de Soraia, vazia, todos olhavam para ela com uma certa tristeza, mas as atividades tinham que continuar, separei todas as atividades do dia e pedi que levassem a ela para que não se atrasasse nas aulas.

Passou-se a primeira semana, nenhum paradeiro de Marcília, cartazes foram espalhados pela cidade:

“Procura-se por Marcília, quem tiver informações entre em contato”

Assim foi passando o tempo, nenhuma notícia, e o caso foi caindo no esquecimento, a carteira de Soraia continuava vazia.As provas finais já estavam sendo aplicadas, pedi a direção que entrasse em contato com a família, não queria ver a menina perder o ano de estudo.

Surpresa geral, ninguém sabia o paradeiro da família, conselho tutelar acionado e nada.

Já nos últimos dias de aula, perto das festinhas de encerramento, enquanto as crianças fazem atividades recreativas em sala de aula, de minha porta observo o pátio e a quadra de esporte, onde está ocorrendo uma aula de educação física, a criançada agitada,, até me divirto com todo o burburinho, quando ma bola chutada mais forte atravessa o muro e cai num terreno da escola, que está sendo preparado para ampliação do prédio escolar. Na ancia de não perder tempo, dois garotos pulam o muro como gatos, meu sorriso foi tão grande, que a classe percebeu. No mesmo instante me calo, assustada, os garotos voltaram da mesma forma, brancos, caíram ao chão chorando, correria generalizada, será que foram picados por cobra ou outro animal peçonhento? Só choravam desesperados, não conseguiam dizer palavra alguma. Resolvemos verificar o que poderia ter ocorrido.

Surpresa macabra, no terreno da escola o corpo de Marcília.