Caso Vivaldi (7)
O telefone celular de Heloísa toca e a própria atende:
- Alô?
- Oi Heloísa. Tudo bem? Quem fala é a Dominique.
- Oi Nique. Estou ótima. E você? Como vai?
- Estou bem também. Olha te liguei porque quero conversar uma coisa, mas não pelo telefone. Podemos marcar um almoço amanhã?
- Claro, amanhã tenho o dia livre. Quer marcar você o lugar ou eu posso fazer isso?
- Vamos nos encontrar no restaurante do clube, assim almoçamos e podemos passear por lá – disse Dominique.
- Tudo bem, está combinado.
Na delegacia, Cláudio entra na sala de Matias e depara com o próprio conversando com Orlando, isso muda todo o seu humor, odeia Orlando, é seu rival eterno, mas infelizmente tem que reconhecer que ele é muito bom no que faz. O assistente chama Matias e entrega o telefone de Maurício, o amigo do casal Stadler - Vivaldi, o delegado agradece e convida-o para tomar uma cerveja com ele e Orlando, isso fez o assistente sair da sala sem responder.
- Seu assistente anda nervosinho – disse Orlando.
- Eu não sei o que está acontecendo com ele – responde o delegado – escondendo o verdadeiro motivo.
Orlando falou que eles teriam que falar logo com o tal de Maurício, Matias tentou fazer contato várias vezes, mas não obteve êxito e decidiu que tentaria de novo mais tarde.
Dominique entra no quarto do irmão gêmeo e fala que está indo ao clube, convida ele para ir junto, pois lá tem uma exposição de fotos da qual Franco gosta muito. O rapaz concorda e troca de roupa pra ir junto, seu guarda - roupa tem um estilo muito refinado, mais até do que Mariano. Já no clube os dois encontram com Heloísa e depois Franco dirige-se para a exposição enquanto a irmã e a cunhada vão para o restaurante. As moças sentam e fazem seus pedidos, após o pedido, Dominique vai direto ao assunto.
- Bom Heloísa, convidei você para almoçar porque estou preocupada com meu irmão Mariano.
- Aconteceu alguma coisa com ele? Perguntou Heloísa, estranhando o motivo da conversa.
- Eu vi um bilhete endereçado no quarto dele, tinha seu nome escrito.
- Bilhete?
- Sim, um bilhete. Vocês estão saindo juntos?
- Imagine, nós apenas saímos para jantar uma vez.
- Eu adoro você Helô, mas é complicado você acabar envolvida com outro irmão meu, foi terrível perder um deles.
- Pode ter certeza que a última coisa que eu quero é predicá-lo ou qualquer pessoa da sua família.
- Espero que nunca aconteça, a família está sofrendo muito, ainda mais o Henrique morrendo assim.
- Por mim a sua família será sempre muito querida, mas tenho que falar que não suporto sua mãe – disse Heloísa.
- Você não tem culpa alguma, a raiva dela é uma coisa ridícula e desnecessária, você não pode deixar se atingir por isso.
- Na verdade não me atinge. Mas fale do seu outro irmão, o Franco, ele é um pouco diferente dos outros rapazes, é educado demais e tem um estilo super refinado. Ele é homossexual? Desculpe se estou ofendendo com a pergunta.
- Não ofende. O Franco é um rapaz que teve sua preferência sexual reprimida pelos pais, ele nunca esteve livre para se expressar quanto a essa questão. Por isso meus pais fazem o máximo para agradá-lo e tratam-no como um príncipe, para tentar compensar o que ele nunca lhe deram, a liberdade total.
- Quando seus pais descobriram? Perguntou Heloísa
- Você é muito curiosa hein. Meus pais surpreenderam meu irmão aos beijos com um rapaz que freqüentava o curso de fotografia junto com ele. A partir desse dia Franco nunca mais foi feliz como costumava ser. Antes de você conhece-lo era um garoto mais alegre, não afeminado, mas era mais vivo, o rosto dele tinha uma expressão melhor. Eu sempre soube antes de meus pais sobre a situação de Franco, mas nunca comentei com outra pessoa antes do fato acontecer.
Heloísa viu que o tempo passou rápido demais, as duas já haviam terminado seus pratos e despediu-se da cunhada. Prometeu tomar cuidado com Franco e disse que o segredo sobre Franco estava guardado com ela. Alguns minutos mais tarde o próprio apareceu para chamar Dominique, pois precisava ir para casa.
- O que vocês duas conversaram? Perguntou o irmão.
- Coisas de mulher, querido, coisas de mulher.