PACTO DE AMOR E ÓDIO
PACTO DE AMOR E ÓDIO
Sobreviviam ha dias.
As réstias de sol ofuscavam a iris dela e ela deitava-os moribundos. Ele incomodado puxava lerdamente a cortina deixando em seguida os braços caírem alheios.
Os lençois cheiravam a sour tardio. Os travesseiros amontoados em qualquer lugar sinalizavam marasmo.
Tudo andava abandonado. O radio relógio piscava insistente 12:00 horas desde que a energia voltou na segunda feira.
Os peixinhos coloridos estancados num canto do aquário pairavam em água turva a espera da morte certa.
O ambiente cheirava mal fechado às escuras.
As cartas sob a porta jaziam espalhadas.
Ela grunhia, ele calava.
O telefone tocou em vão.
Ela grunhia, ele calava.
Ela rastejou para fora da cama e cambaleou até a cozinha. Ele permaneceu onde estava inerte.
Alcançou com dificuldade o pote em que escondia alimentos atrás da porta. Abriu desordenadamente e rasgou o pacote de biscoitos. Quase sufocou mas foi comendo devagar. Esticou o braço e trouxe a caixa de suco que mantinha escondida sob a mesa. Tomou em pequenas goladas até quase saciar. Alcançou a caixa de leite e rasgou-a com os dentes sorvendo o liquido como uma selvagem. Deixou-se cair largada no chão frio enquanto sentia o sangue fluir pelas veias. A mente aturdida pela fome de tanto tempo só conseguia pensar no sucesso de seu plano e quase a fazia querer sorrir. Ela tonteada parecia viver, e deu Gracas quando conseguiu pensar.
Minutos depois cambaleou até a cama onde ele finalmente jazia com aspecto esquelético. Ela sorriu.