Apenas mais um caso de polícia

Seu Evandro, porteiro a muitos anos de uma república estudantil, apreciava a leitura do seu jornal de bairro.

Entre as matérias, era bunda pra cá e morte pra lá. O jornal tinha o conteúdo tão violento, que se torcesse suas folhas era perigoso sair sangue.

Enquanto lia sobre uma chacina em um bar, a televisão ao seu lado anunciava o início do programa policial. Era tiro pra cá e sirene pra lá.

Evandro subitamente deu um pulo da cadeira e ficou assustado quando avistou um homem alto e forte entrando pelo portão da frente.

Seu Evandro percebeu que não dava mais tempo de trancar o portão…

O coração do porteiro começou a acelerar. Seu corpo ficou suado e trêmulo. A imagem de sua mulher e seus cinco filhos passou como um filme pela sua cabeça.

Assim que o sujeito colocou o primeiro pé para dentro da república, Seu Evandro intistivamente pegou o revolver calibre 38 que estava dentro da gaveta e deu três tiros no peito do rapaz.

Mais tarde, quando foi preso, Seu Evandro ficou sabendo que o suspeito era um entregador de água.

No final das contas, apenas um mal entendido. Tudo continuou igual, a não ser para o porteiro, o entregador e alguns dos seus respectivos amigos e familiares.

Dias depois, a imprensa queria saber mais sobre a vida da vítima e do seu algoz, o tal do porteiro. Todos os conhecidos foram convocados…

Alguns deles apareceram em uma matéria de jornal e outros em uma reportagem de um programa policial; no caso, o mesmo que o Seu Evandro era fã e acompanhava todos os dias desde que começou a trabalhar naquele local.