A Surpresa!
Ângela caminha por entre os arbustos. Sorrateira, esquivando-se de um galho e outro, na intenção de flagrar: Beto e Lena. Um é seu melhor amigo, a outra sua namorada. A dúvida consume sua alma! “Como eles podem fazer comigo isso?” A cabeça fervilhando, o coração palpitando, nervos a flor da pele. Suas mãos transpiram, ouve bem longe, palavras desconexas que mais parecem um sussurro...
Beto sai do serviço tarde, exausto. Nem tem tempo para atender o celular, que insistente toca: uma! Duas! Três vezes, até se cansar e não tocar mais. Seus pensamentos vagueiam nas palavras de sua amiga de serviço. “O amor é feito os anjos, não tem sexo, somente sentimentos!”
Lena, moça linda de olhos anis! Beleza rara, emoção solta por todos os poros, a percorrer-lhe as veias do corpo. Transita entre o aglomerado da multidão, do centro da metrópole. Se acotovelando com os transeuntes. Com muito custo chega à parada de ônibus, mas prefere embarcar numa lotação; com destino ao bosque, perto do condomínio: Residencial Pontal das flores.
Ângela respira. Tão profundo, fecha os olhos, para não ver a cena. Entretanto as imagens passam em sua retina, e deixa a certeza da traição... Quase trôpega troca os passos, suas pernas pesa uma tonelada cada uma. Os murmúrios estão próximos, tão perto, que pode sentir o hálito de cada respiração. Um silêncio corta o sopro da voz. “Beijo, estão se beijando!”
A fera dentro dela rugiu disposta a desmascarar a cumplicidade dos imorais. Que profanaram seu santuário de intimidades. Vorazmente, sai de sua tocai! Tap! Tap! Dois estampidos cortam o silencio. Ela fica olhando eles caindo sem vida no chão. Com a mesma velocidade que surgiu, volta correndo para seu carro. Trêmulas suas mãos não conseguem segurar as chaves do veiculo.
Os gritos dos namoradores do bosque a perturba mais ainda! Com tamanha dificuldade e assombro; abre a porta do automóvel. Liga a ignição, põem primeira macha e acelera com destino a sua casa no Residencial Pontal das flores.
Ela passa tremendo pelos vigilantes do condomínio. Que lhe sorriem num amistoso cumprimento. Estaciona na garagem de sua luxuosa mansão, seu zerado dois, ponto zero! Acostumada à escuridão de quando chega do serviço, destranca a porta principal da casa e ao acender as luzes...
Surpresa!