O Alfinete.
Desde adolescente Angélica usa um truque que aprendeu com tia Helena, irmã mais nova da sua mãe que todos na família chamam de "a maluquete".
O truque consiste em prender estrategicamente dentro da bolsa, onde normalmente se coloca a carteira, um alfinete de gancho, um pouco menor que os que se usava em fraldas infantis. O alfinete deve ficar aberto.
Final de ano. Às 16 horas Angélica se lembrou de comprar um presente. Foi direto a uma loja de departamentos.
Sossegada com dinheiro nos bolsos do jeans colado ao corpo, e o cartão de crédito dentro do sutiã, conforme recomendação da tia Helena.
Na bolsa à cruzada no ombro só havia chaves presas por um mosquetão ao gancho que sustentam as alças da bolsa, o dinheiro trocado para ônibus e os passes do metrô que Angélica coloca numa carteira; dessas que usam para guardar documentos de carro. Soltos na bolsa vão também objetos de uso feminino: pente, batom, alicate de unhas, lixa, etc.
Enquanto escolhia um objeto de cristal, Angélica percebeu um puxão na sua bolsa seguida por um urro de dor – a ladra estava apavorada com o alfinete metido entre a unha e o indicador. Havia muito sangue; e mesmo assim a mulher não largava a carteira de Angélica.
Após ligeiro tumulto provocado por curiosos com opiniões divididas, a ladra foi agarrada por seguranças da loja e encaminhada à Delegacia.