Segredos de um criminoso V
Era noite quando Ângelo Freire recebeu seu visitante. Ele havia providenciado para que a esposa não estivesse em casa quando o recebesse. Quando a porta se abriu, ele sorriu.
_Fico feliz que tenha atendido meu pedido e espero que não use sua arma contra mim, pois quero que saiba que se algo me acontecer você terá seu segredo revelado.
Não houve resposta.
Ângelo então pediu que ele se sentasse.
_Foi um achado o diário de Alfredo. Quem diria que você esteve cometendo todos esses crimes, mas só fico calado se eu for bem pago. É pegar ou largar!
O visitante fez um sinal afirmativo com a cabeça e pôs numa mesa um grande volume de notas.
Ângelo pegou-as e ficou um tempo as contando. Queria ter certeza que seu visitante fosse generoso.
_Por enquanto essa miséria dará para o gasto. Quando eu precisar de mais te falo.- disse ele com cara de nada satisfeito.- Seu segredo está em boas mãos, mas ouse nenhuma brincadeira mais séria. Adeus!
Seu visitante então se dirigiu à porta e fechou-a com violência.
Ângelo riu da situação e foi até o quarto com o calhamaço de dinheiro que tinha na mão. Do guarda-roupa então retirou uma pasta e beijou-a. Sabia que ali ela não estaria segura, mas não podia sair com isso por aí. Era dar sopa com o diário de Alfredo e estaria morto.
Ele pegou o dinheiro e colocou próximo à pasta. Quando se virou...
Um filete de sangue foi se desenhando em seu abdomen. Seu corpo foi ao chão no momento em que seus olhos encontraram à porta seu visitante.
_Você está perdido.
À medida que uma poça de sangue aumentava no chão, Ângelo se sentia cada vez mais fraco.
Respirava com dificuldade.
_Maldito!- disse com a voz visivelmente cansada.
Seu visitante se aproximou dele, pegou a pasta e o dinheiro para só então mirar a arma em sua testa.
Um filete de sangue começou a minar em seguida.
Ângelo começou a perder a sensibilidade dos membros e...
Escuridão total.
Ouviu ainda passos que se distanciavam até que então calaram-se.
Silêncio.
Enquanto o fio de luz que o mantinha ligado ao mundo foi se apagando lentamente, aquele silêncio transformava-se em algo insuportável. Ficava sem saber se seu algoz ainda estava perto ou se de fato ele estava à espreita saboreando o último suspiro que dava no mundo.
De repente, achou que alguma havia se movido. Não tinha certeza e não teve tempo.
Enfim estava morto.