O Crime não com lógica pensa

Se nos for pedido para ordenarmos uma série de elementos, apelaremos à lógica para a execução da tarefa; a lógica nos induz a uma montagem presumível: início, meio e fim, atrelando as peças que se encaixam, dando ao conjunto um formato racional. No crime esta máxima não se confirma, nem tudo que deveria estar em seqüência ocorreu em seqüência. Mentes criminosas arquitetam situações que nos levam ao equívoco, pois a lógica do criminoso é pensar que o investigador obedecerá ao presumível, e, em assim sendo, ele levará os não criminosos a deturparem o que de fato aconteceu.

Os tiros chamaram a atenção da vizinhança, que chamaram a policia, que encontraram os corpos nus e sobrepostos em uma cama, coberta de sangue, proveniente dos ferimentos. A mulher era a esposa, o homem não era o marido, mas sim o amigo do marido, que se encontrava trabalhando, numa pequena indústria de reciclagem de papel. O chefe do departamento, ainda que tenha cuidadosamente escolhido as palavras, deu a notícia e causou o desabamento moral e emocional do operário, vítima do adultério.

Teria o próprio destino acatado a incumbência de punir os adúlteros? Um suposto assalto teria punido o casal clandestino, lavando a honra do esposo traído. Não, as evidências não concluíam desta forma, nada de valor tinha sido roubado e o destino não se vestiu de paladino.

Tendo descoberto o envolvimento de sua mulher com seu melhor amigo, passou a tramar o revide, convidou o parceiro para um jantar, na noite em que antecedeu os fatos, sonífero no vinho fez com que os traidores adormecessem enlaçados, depois de cuidadosamente colocados na cama, onde seriam encontrados nus. Os disparos reais, que causaram a morte, foram efetuados as 8 horas da manhã, pelo marido, e devidamente abafados por travesseiros. A vizinhança ouviu, uma hora depois, quando o mesmo marido encontrava-se trabalhando na fábrica, tiros de festim, artifícios cuidadosamente colocadas no jardim da casa e que tinham, como pavio, uma cigarrilha acesa, cujo tempo previsto para provocar os disparos seria de uma hora;

A lógica estabeleceu: sons de disparos; a vizinhança comunicando o fato à polícia e dois adúlteros sendo encontrados na cama, comprovadamente mortos, as nove horas da manhã, quando o marido já não estava em casa. A seqüência real dos acontecimentos desenvolveu-se desta forma: o marido, em casa, matou os infiéis. Previamente adormecidos, abafando os disparos; saiu para trabalhar as oito horas da manhã, deixando a porta da frente devidamente arrombada, acionou os tiros de festim deixados no jardim, e, para garantir a veracidade dos fatos, ligou para a polícia, de um telefone público, comunicando disparos suspeitos, na casa onde aconteceu o crime, uma ligação anônima, é claro, o tempo passa, o comunicado foi feito as 9,30h, eximindo o marido de qualquer suspeita, pois trabalhava, enquanto era de forma sórdida traído pela esposa com seu melhor amigo.

Veja o fato e analise o duplo homicídio, concluirá que o crime não compensa...com lógica

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 18/12/2009
Reeditado em 20/12/2009
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