Segredos de um criminoso I (editado)
Chovia muito naquela noite.
Na porta da igreja, Angélica preparava-se para dormir.
O sono não veio de imediato.
Pensava no filho que estava por vir.
Seu irmão teria gostado de ver o filho deles nascer.
Quando o sono estava começando a dar sinais de que chegaria e já fechava os olhos, ouviu passos.
Deitada como estava, levantou-se num pulo.
- Você?
Tinha nos olhos a surpresa.
Entretanto, foi se transformando em medo.
Tentou pronunciar alguma coisa, mas o som não veio.
De repente levou a mão ao ventre, mas não havia alegria em seus olhos.
Mas não se demorou muito e foi se tornando cada vez um vazio.
Seu corpo então começou a ir de encontro ao chão amparada apenas pela porta atrás de si.
Angélica parecia não ter forças para nada além de proteger o filho.
Em suas mãos podia se ver um filete de sangue a escorrer, mas as mantinha firme sobre o ventre.
Seu corpo então caiu, subitamente, deixando um rastro vermelho na trajetória.
Umas das mãos involuntariamente soltou-se de seu ventre e se depositou no chão frio.
De sua testa minava gotas de sangue.
Angélica foi aos poucos perdendo a sensibilidade dos membros até que, de repente, tudo ficara às escuras.
Ouviu passos se distanciando até que foram engolidos pelo barulho da chuva.
E, aos poucos, foi caindo num sono profundo.