Polícia!

Três horas da manhã. O vento bagunça meus cabelos lisos. Às vezes, mistura-se com o cigarro aceso, um inferno! Até hoje, dez anos depois, ainda maldigo a hora que optei por isso. Meus pais não queriam isso pra mim. Perigoso e mal pago, diziam eles... Não os ouvi!

Era hora de atender ocorrência? Sair dos braços da Izabel desse jeito, ela ficava furiosa! Droga de ocorrência, não entendi nada!! Meu chefe parecia uma virgem gritando ao telefone... Só faltava essa! Chuva!

Beco Aurora. Essas putas viviam brigando e se unhando! Por que tinha que estar ali? O que aquele defunto tinha de especial?

Luzes, movimento discreto, oito policiais e duas viatura, com a minha.

Desço. Vento e chuva gelados. Os colegas levantam a cabeça quando eu passo. Gozado, não os conheço. Serão de outra DP? Por que meu chefe me mandou pra cá? Primeiro andar. Porta aberta. Um corpo. Dois policiais, também estranhos. Olho a vítima. Branca, lábios roxos, olhos esgazeados, como se tivesse visto a morte bailando à sua frente.

Perguntei o que houve, como a fulana morrera. Silêncio. Um dos policiais dirige-se lentamente para a porta e a tranca. Não dei atenção. Volto a perguntar e o outro responde, com os olhos vermelhos e as presas salientes:

Assim, meu caro, exatamente assim - acuado, assustado, exalando um medo fenomenal , aliás, quase igual ao seu. Ah, Ah!

Neste momento, sou acuado para o canto da parede, enquanto os falsos policiais avançavam para mim furiosamente...

Lutei desesperadamente, com todas as minhas forças. Sentia a pressão em volta de meu pescoço. Espasmos terríveis dominavam meu corpo, como se alguém me sacudisse. Nessa sequência, ouço um baque, como um corpo indo ao chão...

_ Ei, pai, você está dormindo na frente da TV de novo?

Ei, foi mal pelo susto e pelo tombo, tá velhão!! Vai dormir na cama...

(outubro de 2009)

thera lobo
Enviado por thera lobo em 26/10/2009
Reeditado em 30/03/2015
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