A FURIA

A FURIA

Era quase três horas da manhã quando Anacleto subiu pelo viaduto da floresta

Com o gosto da garrafa ainda na boca.

Chutou carros arrancou fios dos postes em forma de lampiões,

Brigou com o trem que transportava aço para o vale,

Gritou blasfêmias contra Deus e chegando na esquina com contorno

Cravou a faca na barriga do primeiro que encontrou,

Era o frentista Jaime que nem conhecia Anacleto e

largara o posto fechado para comprar um sanduíche do outro lado da avenida.

Anacleto ficou ali parado sorrindo vendo sua obra assassina

Se contorcendo a procura de vida.

O homem em fúria pulou sob as rodas de um caminhão que passava

Era sujeito tão ruim para morrer que nem chamuscou a cabeça com o cano de descarga

Que tocou-lhe, levantou-se chorou e se entregou ao policia que namorava

Na porta do cine odeon.

Anacleto arrotou como um dragão nos fundos de uma cela da homicídios

E Jaime foi enterrado no domingo no pequeno cemitério de santa Luzia.