Detetive Lesma e o disco raro.

Toca o telefone mas resolvo não atender agora, estou vendo o duro de matar 4.0. hoje é quarta e sou um detetive particular chamado lesma. Me sirvo mais uma dose de vodka e volto ao filme. o telefone continua tocando, droga esqueci de ligar a secretaria eletrônica. Dou pause no filme e vou ate o telefone quando tiro do gancho desligam. Que merda isso. Volto ao filme e me sento confortavelmente na cama, tiro as calças e me cubro com as cobertas. O telefone volta a tocar. Porra isso só pode ser sacanagem. E esqueci de novo de ligar a secretaria, saio da cama todo enrolado nas cobertas e atendo o telefone digo alô ouço um fungar no outro lado e digo para parar com a brincadeira que estou muito ocupado. A pessoa do outro lado da uma tossida e diz:

- ahãn desculpa. Mas quem esta falando?

- Desembucha logo, quem esta falando?

- Aqui é Marcelo, Marcelo Riboni. Quem esta falando?

- Que numero você discou rapaz? – e ele diz o numero e digo que acertou.

- É da agencia de detetives? – diz ele

- Porra rapaz, você é mais enrolado que rocambole. É sim do escritório do detetive lesma. Agora você quer falar sobre o que?

- Sera que, hã, sera que poderia ver você para tratar de um, hã, assunto...

- Já tem meu endereço imagino, se tem o numero do telefone...

- claro, que horas posso dar um pulo ai, se não for problema para você?

- Duas e meia. – dou o horário para acabar de ver o filme e aí sim atender este enrolão.

Duas e meia acabei de ver o filme e nada do rapaz chegar, que saco isso. Espero meia hora e nada. Três e meia ele chega esbaforido, tossindo e com o nariz correndo. Dou logo um sermão dizendo que meu tempo é dinheiro, não posso ficar esperando os outros assim. Detetives tem que estar na rua batalhando estas coisas, tudo mentira. Ia ate fazer uma pipoca e ver outro filme. mas não da para dar mole para estas pessoas. E logo pergunto:

- Sim, meu rapaz, para que você quer contratar um detetive particular?

- Sabe, hã, estou num aperto que se pode dizer, hã, que estou numa fria.entende?

- Que tipo de aperto? – pergunto – pela sua cara você deve ter no máximo roubado o dinheiro do ônibus para ir no parque. Hahahaha.

- Não é bem assim, eu diria, hã, que me envolvi com uma situação meio enrolada...sabe?

- Enrolado você já é, mas fale do que se trata de uma vez.

- Eu herdei uns discos raros de opera ópera de um amigo, discos de vinil entende? – faço que sim com a cabeça – mas na verdade ele conseguiu de forma um tanto, hã, estranha. Sabe os discos do barão Von Brashlitz? Que desapareceram e que anda aparecendo no jornal todos estas dias? Pois eles estão comigo, são os que eu, hã, herdei deste meu amigo.

- Sei, e o que você quer de mim?

- Gostaria de devolver isso, hã, sem me envolver em nada criminoso. Mas amigo desapareceu e deixou isso comigo, não sabia do que se tratava nem gosto de ópera nem nada do tipo. Entende?

- Estes são os discos do barão que iam para a exposição em Londres? – fez que sim com a cabeça – e este seu amigo, sabe como ele descolou isso?

- Este é outro problema, ele vai me matar se eu não tiver os discos quando ele voltar. Mas estou com um pouco de medo da policia. Entende?

- Então você quer se livrar dos discos e deste amigo? – fez um sinal de positivo com a cabeça começando a ficar careca.

- Se puder me ajudar ficaria muito grato.

- Vou tratar disso hoje mesmo, mas sabe que não trabalho de graça, naturalmente.

- Quanto?

- Duzentos reais pelo serviço completo e pela incomodação.

Saímos juntos e fomos ate a casa dele pegar os discos, isso era a parte fácil do serviço tenho amigos no departamento de policia e ia falar...o que eu ia falar? Porra, isso vai ser difícil fiquei pensando no caminho. Mas ele parece um bom rapaz, quando chegamos a casa dele vi por que tinham deixado com este maluco os discos. A casa dele parecia um museu, eram prateleiras e mais prateleiras de tudo que é tralha. DVDs, Cs, discos de vinil, livros, fitas de VHS e tudo cheio de poeira. Precisava mesmo de uma faxineira aqui. Ele entrou num quarto e começou a resmungar, depois de quinze minutos voltou com dois discos muito bem conservados que deviam valer mesmo o que o jornal dizia, uns dois mil reais cada um. Comecei a espirrar por conta da poeira e ele me ofereceu um lenço e disse para tomar cuidado com os discos. Peguei um táxi e fui a delegacia de roubos e homicídios onde conhecia do delegado Pontes. Era a delegacia encarregada de achar os discos do barão, fui direto ao escritório dele e expliquei que tinham me procurados com os discos para que eu ajudasse a devolver eles por que a pessoa nem sabia de que se tratava e quando viu no jornal esta semanas as noticias se apavorou e não queria se envolver. Mas Pontes me explicou que não era tão simples assim, tinham que pegar estes marginais depois de tanta noticia no jornal. contei a historia que o rapaz havia me contado, e Pontes insistiu em falar com o rapaz ele mesmo. Fomos ate a casa do meu cliente e quando chegamos lá ele tomou um susto tão grande que chegou ate a vomitar no banheiro de nervoso. Expliquei ao delegado que ele era destes que sofriam dos nervos e o delegado riu. Sentamos na cozinha para tomar um café enquanto o rapaz contava ao delegado sua historia. O delegado insistiu em saber o nome do amigo, por que ele estava em sérios apuros, depois de muita choradeira ele deu o nome do amigo, Rui Costa. Saímos delegado e eu quando ouvimos um estalido de dentro do apartamento do rapaz, Pontes e eu voltamos correndo arrombamos a porta e lá estava Marcelo Riboni morto com um tiro no peito e outro rapaz que depois de preso descobrimos ser o Rui Costa com um revolver calibre 39 fumegando na mão. Ele estava escondido no banheiro o tempo todo, só esperou sairmos para liquidar o homem. Fiquei meio chateado devíamos ter tomado mais cuidado com alguns detalhes, mas este rapaz, Marcelo Riboni tinha uma cara de que era gente boa, e se meteu por acidente num assunto muito serio com gente barra pesada. No inquérito ficou se sabendo que levaram os discos para ele para ele ver se eram mesmo muito importantes e acabaram convencendo ele a guardar os discos raros por um tempo, mas quando apareceram no jornal ele ficou nervoso como se sabe. Fiquei com pena do pobre rapaz, parece que ele era escritor ou algo do gênero. Voltei para casa de Carminha, minha namorada, e falei “me empresta aquele livro do Dostoievski que você sempre fala. Como se chama mesmo?” e ela disse “crime e castigo”. Parece um titulo tudo a ver com este meu ultimo caso.

Marcelo riboni

21/07/2009

15:55hrs.

este texto é dedico a mim mesmo, por ser eu um personagem nele.