CHAMA O DELEGADO

Um jovem rapaz de seus vinte e poucos anos, saído a pouco da academia de polícia direto para sua investidura em uma pequena cidade do interior, passava os dias trabalhando, adaptando-se a sua nova função e, é claro, investigava alguns furtos e roubos, resolvia conflitos de casais, participava de cerimônias locais, até que um dia um investigador da delegacia chega para o novo chefe e diz: - Delegado, temos um “presunto”. – O que houve? – O presunto “se pendurou” doutor. O senhor nos acompanha ao local do evento? – Sim vamos lá. Seguiram, a jovem autoridade e dois investigadores. No caminho o delegado, um pouco ansioso, pensava naquele que era seu primeiro caso de morte, era um suicídio por enforcamento mas, mesmo assim, um caso de morte. Chegando ao local, já na penumbra que divide a tarde da noite, observou alguns curiosos em frente à casa, um rancho simples, tipo chalé de madeira e sem luz elétrica. Desceu da viatura e perguntou a um policial militar, que já estava em frente ao casebre, onde estava o corpo da vitima. O soldado informou que a vítima estaria no quarto. O delegado à frente e os investigadores o seguindo entraram na casa. Logo após a porta de entrada, havia uma pequena sala com um sofá e uma mesinha de madeira bruta com um rádio a pilhas, em seguida havia um sujeito, em pé, usando boné, parado na porta que dava acesso ao quarto da residência. Esse homem estava olhando fixamente para o quarto e com um cigarro de palha no canto da boca entreaberta, como se estivesse espantado com o que estava enxergando. O delegado então aproximou-se da apavorada figura e questionou-lhe: - Cidadão, onde está o morto? E nada, perguntou novamente: O senhor não me ouviu? Onde está o morto? Silêncio total que foi rompido quase no mesmo instante por gargalhadas incontidas dos investigadores que saíram porta a fora para se recompor, pois o chefe deles estava fazendo perguntas ao próprio defunto, como se fosse um médium querendo falar com mortos. Após as gargalhadas é que o delegado, observando melhor a cena, pode ver que o homem com quem conversava era o suicida em pessoa, ou melhor, em cadáver, que se enforcara utilizando um fio de luz amarrado no marco da porta que dividia o quarto da sala, estava com os pés no chão, de olhos abertos, usando boné e com um palheiro parcialmente queimado no canto da boca, apagado na altura do início do lábio inferior. Pobre alma, morta e confundida com viva, que descanse em paz!

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andré diefenbach
Enviado por andré diefenbach em 02/07/2009
Código do texto: T1678768
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