Dadeu – O marido chifrudo
*Da série: "ESTÓRIAS DE DADEU"
** Leia também "O DELEGADO DADEU" - "DADEU PRENDE O SOBRINHO" e "DADEU E A PRISÃO DAS PUTAS"
Dadeu assumiu como responsável pela Delegacia de Polícia de Nova Colônia, um antigo distrito de um dos principais municípios da zona norte do estado do Rio Grande do Sul, muito conhecido pela próspera cultura de uvas e pelos vinhos e espumantes que todos os anos atraiam centenas de turistas . Era também famosa pela beleza de suas mulheres – diziam com orgulho que o lugar era um “berçário” de Deusas.
Mesmo sendo carrancudo por natureza , Dadeu não tardou muito em perceber que o lugar fazia jus à fama, pois o desfile de gurias bonitas e senhoras elegantes desafiava a seriedade de qualquer homem normal e mesmo o Delegado, vez por outra , sentia a tentação de mirar mais detalhadamente para a fisionomia das beldades, muitas das quais arriscavam um olhar “tirano”, provocativo , quase que convidando o policial para o pecado.
Na Delegacia de Polícia havia um funcionário chamado Calisto, cedido pela Prefeitura Municipal que se encarregava apenas de tarefas administrativas e que – profundo conhecedor da comuna – cuidava de municiar Dadeu com informações privilegiadas , o qual aliás já fora transferido para lá diante de sua fama de fofoqueiro mor , um verdadeiro falador desses que pululam por aí , sobretudo nos municípios do interior.
Foi numa dessas passagens pela calçada de um grupo de mulheres-monumento que Calisto , sem que Dadeu lhe perguntasse nada , passou a relacionar o nome das mulheres mais “liberais” e num segundo momento, a relação das esposas que traíam seus maridos, dando inclusive, detalhes dos adultérios . Fez especial ênfase a uma mulher chamada Angelina , casada com Francesco Gillianne , e que dormia mais com outros parceiros do que com o próprio marido.
Angelina era , de fato , uma referência de mulher porque era morena de olhos verdes, numa cidade onde predominavam mulheres louras e ruivas de pele clara. Uma verdadeira musa, divina e encantadora. Dadeu não conteve a curiosidade e perguntou: - “Mas e o marido não sabe?” , ao que Calisto respondeu: - “Claro que sim – é corno manso”!
Foi numa tarde chuvosa de um inverno gelado, desses que ameaça a saúde respiratória de qualquer um que se arrisque sair à rua , estando a Delegacia quase sem movimento, que entrou um homem aos gritos, pedindo para conversar com o Delegado e que se tratava de um “assunto particular” . Dadeu, que não conhecia aquele cidadão mandou-o passar e sentar-se , perguntando em seguida : “- o que lhe traz até aqui”??
O homem foi disparando : - “Doutor Delegado, mio nome é Francesco Gillianne, e io ser casado com Angelina...” e por aí seguiu um relato detalhado acerca da presença de um homem na sua casa, o qual estaria mantendo relações com sua esposa . E o homem enrolava a conversa, quase aturdindo a Dadeu que não entendia direito a fala misturada de dialetos italianos com português, até que meio sem paciência disse : - “Bem o que você quer é registrar uma queixa por adultério”??
O marido não dizia claramente o que desejava de Dadeu, até que num determinado momento, nosso Delegado perguntou-lhe: - “Você descobriu agora que sua esposa vem tendo casos com outros homens”?? . A resposta que se seguiu foi estarrecedora: - “Non Delegado é que io havia combinado com ela que non era para o sujeito estar lá quando io chegar em casa”...
Naquele ponto, Dadeu impressionado com a passividade e a desmoralização, determinou ao homem que se levantasse e se retirasse da Delegacia e concluiu: - “não volte mais aqui com casos como esse, “seu chifrudo” , porque a Polícia tem mais o que fazer” !!