POR UM TRIZ

Inglaterra 2004.

Entre milhões de trabalhadores ilegais na Inglaterra, Sérgio e Ângelo eram apenas mais dois, em meio a uma luta injusta contra as leis do País. A lei era simples e clara. "Ilegais sem visto pré-emidito, não poderão trabalhar".

Os dois amigos trabalhavam num restaurante italiano em Moldon, no leste do País. Num dos muitos domingos em que lá trabalharam, os dois decidiram sair mais cedo. O turno terminaria às cinco da tarde, mas eles após uma breve conversa com o gerente, sairam às três.

Os dois subiram as escadas, trocaram de roupa e voltaram para o salão do restaurante. Os dois sentaram-se numa mesa e pediram uma cerveja.

Alguns minutos depois decidiram sair, e curtir o resto da tarde num bar do outro lado da rua.

A caminho do bar, os dois deram de cara com vários homens vestidos de preto vindo em direção ao restaurante. Sérgio conseguiu ler o crachá de um deles. "IMMIGRATION OFFICE", essas eram as duas palavras no crachá. "Oficiais de imigração"

Os dois usavam documentos falsos para trabalhar no país e não podiam correr o risco de ser abordados na rua.

Sérgio ficou assustado, nervoso e muito apreensivo. Os homens passaram pelos dois e seguiram em direção ao restaurante. Sérgio olhou sob seu ombro esquerdo e notou uma enorme movimentação diante do restaurante. Os dois continuaram caminhando e seguiram para o ponto de ônibus onde pegaram o primeiro ônibus disponível para Londres. Uma hora depois, já em Londres, os dois pegaram um trem com destino a Port Solent, no sul do País, onde morava o irmão de Ângelo, o Marcus.

Os dois ficaram "escondidos" por algumas horas com medo. No dia seguinte, Sérgio recebeu um telefonema de seu chefe. Havia recebido uma noticia de que o restaurante estava com as portas fechadas devido à falta de funcionários. Todos os cozinheiros haviam sido deportados e mais alguns garçons.

Sérgio e Ângelo foram transferidos para uma outra unidade, por precaução.

Alguns meses depois, um dos garçons deportados, voltou ao país e os procurou. Seu nome era Felipe.

Numa conversa amigável Sérgio ficou sabendo exatamente o que havia acontecido naquela tarde de domingo.

Segundo Felipe, os oficiais invadiram o restaurante e pediram a todos as identificações. Estava tudo correndo bem, todos conseguiram ludibriar os oficiais com os documentos portugueses falsos. Pouco antes de decidirem sair, um dos oficiais pediu permissão para fazer uma busca no piso superior do prédio, onde os funcionários dormiam.

Ao revistar algumas bolsas, um dos oficiais encontrou alguns passaportes brasileiros com as fotos dos mesmos funcionários que se diziam ser portugueses.

Sete pessoas foram deportadas naquela tarde, e o restaurante foi obrigado a fechar as portas por dois dias por falta de funcionários. A empresa pagou uma multa muito alta, mas mesmo depois disso, vários outros brasileiros foram empregados para trabalhar no mesmo lugar.

Hoje, o Sérgio é um homem livre. Casou com uma mulher cuja sua cidadania era portuguesa, dando assim o direito ao Sérgio de receber um belo visto de permanência no País. A imigração não o incomoda mais.

Desde 2004, milhões de estrangeiros (inclusive brasileiros) tentaram entrar no País, mas foram barrados pela imigração inglesa. As denuncias de que havia imigrantes ilegais trabalhando nestas empresas aumentaram, levando assim à deportação de milhares de trabalhadores honestos e competentes.

Jose DaSilva
Enviado por Jose DaSilva em 02/02/2009
Reeditado em 04/02/2009
Código do texto: T1417845
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