SÉRIE "SP SANGUE E SEXO" - CONTO : OS INCÊNDIOS - 2ª PARTE

OS INCÊNDIOS - PARTE 2

Continua...

Obviamente que incêndios ocorriam diariamente numa cidade como São Paulo, contudo nas últimas semanas os incidentes haviam passado da normalidade e havia um fato que chamava a atenção dos soldados e de toda a cúpula do corpo de bombeiros: Alguns destes incêndios não tinham uma origem definida, na verdade não conseguiam identificar o que originou o incêndio.

Pelos levantamentos feitos, 15 incêndios estavam nesta lista, um destes incêndios mal explicados foi numa casa de show na cidade onde mais de 8 pessoas morreram. Segundo os policiais que atenderam o chamado qualquer fato pode ter originado o incêndio, contudo pelas primeiras análises dos peritos o incêndio havia sido criminoso, ou seja, alguém havia cometido aquele crime.

Duarte e Suzanne escutavam atentamente a conversa que o Secretário de Segurança e o Comandante do Corpo de Bombeiros da Cidade.

- A população já está mais que assustada Comandante – Dizia aos berros o Prefeito através de um interfone.

- Senhor Prefeito nosso Chefe do DEPOC (Departamento Especial da Policia Criminalista) tem uma teoria sobre estes incêndios. Disse o Secretário olhando para Duarte sentado à sua frente juntamente com Suzanne.

- Duarte? Como está você? Há muito tempo não nos falamos não é mesmo?

- Sim senhor Prefeito! Estamos sempre ocupados não é mesmo?

- Sim, não podia imaginar que administrar uma cidade como esta me daria tanto trabalho.

- O senhor é um homem competente senhor, saberá lhe dar com os problemas.

- Estou tendo um agora Duarte! Estou sendo pressionado por todas as partes por causa destes malditos incêndios.

- Mas o secretário disse-me que você tem uma teoria! Qual é?

- Todos os indícios são de que estes incêndios foram provocados e não foram meros acontecimentos por acaso.

- Entendo – disse o Prefeito.

- A minha teoria é de que uma pessoa esteja por traz destes crimes todos. Alguém que tenha uma razão muito grande para estar provocando os incêndios.

- Estou compreendendo Duarte! Disse o prefeito com a voz mais tranqüila. Isto torna uma investigação muito ampla não é mesmo?

- Sim prefeito, como disse é apenas uma teoria.

- Mas é tudo que temos não é Secretário? Interrompeu o Prefeito alterando sua voz.

- Sim senhor! Não temos pistas nenhuma para seguir. A policia militar e civil não conseguiram coletar nenhum dado para que iniciasse uma investigação a não ser a causa dos incêndios e pode levar meses até chegarem a uma conclusão.

- Meses? Não temos meses Secretário! Temos dias e pouquíssimos dias para pegar este assassino ou quem quer que seja.

- Senhor Prefeito, quem está falando é Suzanne trabalho junto com Duarte no DEPOC e gostaria de dizer ao senhor que só poderemos iniciar qualquer investigação se tivermos carta branca para vasculhar os arquivos da polícia, do corpo de bombeiros enfim, acho que o senhor me entende!

- Claro Suzanne. – disse o Prefeito- Vocês terão o apoio total de todos os órgãos públicos.

Duarte permaneceu em silêncio apenas olhando para Suzanne que esboçava um pequeno sorriso nos lábios.

Duas horas depois da reunião que tiveram no gabinete com o Secretário, Suzanne, Vander e Júlio já estavam nas ruas buscando informações que pudessem sustentar a teoria de Duarte bem como, encontrar pistas que os levassem até o criminoso.

Do outro lado da cidade a correria para fora de um dos mais sofisticados restaurantes da região anunciava mais uma grande tragédia.

Alguns funcionários e clientes saiam atordoados em meio à fumaça que já tomava conta do lugar. Contudo, a fumaça não era o único inimigo a combater, o fogo que vinha da cozinha do restaurante já tomava conta de boa parte do prédio.

Assustadas as pessoas corriam desorientadas enquanto outras à distância observavam e tentavam ajudar.

Levou pouco mais de 15 minutos para que o primeiro carro do corpo de bombeiros chegasse ao local. Imediatamente os soldados invadiram o restaurante enfrentando a fumaça e o fogo, outros soldados iniciaram o trabalho de evacuação da região e iniciaram o combate ao incêndio.

As chamas tomavam uma proporção grandiosa quando chegaram mais uma equipe do Corpo de Bombeiros. A notícia que se tinha era a de que havia ainda pessoas presas dentro do restaurante lutando por sua vida.

Todo um quarteirão estava paralisado observando e orando para que os soldados pudessem controlar o quanto antes o fogo.

- Comandante, temos ainda pessoas no andar superior do edifício – disse um dos soldados que acabara de sair entre a fumaça e a água.

- Vamos entrar pelas janelas do fundo, quero três homens comigo. Ordenou o comandante levando consigo três soldados para a rua paralela ao restaurante.

- Câmeras de televisão, fotógrafos se misturavam no meio da confusão tentando obter o melhor ângulo para narrar mais uma desgraça que assolava a cidade.

- Até quando vamos ter que suportar isto? Gritou uma das pessoas que assistia tudo á distancia ao perceber a chegada dos carros de polícia.

Dentre os carros que foram ao local estava o carro do DEPOC onde estavam Duarte, Suzanne, Vander e Júlio.

- Procure os peritos responsáveis pela análise do local. Ordenou Duarte à Suzanne.

- Vamos, precisamos falar com o Comandante desta brigada.

Duarte e seus homens acompanharam a distancia o trabalho dos bombeiros sem que atrapalhassem um ambiente que por si só já se tornava caótico.

Depois de algumas horas de combate ao incêndio o saldo mais uma vez fora negativo, doze pessoas haviam sido hospitalizadas com pequenas queimaduras e problemas respiratórios. Três foram internados em estado grave com grande risco de morte.

Duarte e sua equipe permaneceram no local até que pudessem entrar no prédio junto com os peritos e analisar a situação.

- O fogo não deixa pistas meu caro Duarte. Disse Souza um dos peritos encarregados de analisar o local.

- Eu nunca havia estado num local após um incêndio como este! É terrível! Disse Suzanne colocando um lenço sobre o rosto.

- Em quanto tempo acredita que consiga ter uma idéia do que originou o incêndio? Perguntou Duarte.

- Em mais ou menos 30 dias! Este tipo de perícia exige muita paciência e quase sempre ele não é conclusivo!

- Como assim? Perguntou Suzanne.

- Entendam! Jamais saberemos exatamente o que originou este incêndio. Teremos uma idéia do que possa ter acontecido. Não há elementos suficientes numa situação como esta que nos indique 100% do que tenha originado o fogo.

- Então nunca saberemos?

- Como disse, teremos de 80% a 90% de certeza é uma probabilidade apenas.

- Então está me dizendo que podemos nunca ter uma resposta exata do que aconteceu aqui!

- Exatamente Duarte, mas venha quero lhes mostrar algumas coisas que podem ajudá-los nas investigações.

Duarte, os peritos e os soldados do corpo de bombeiros permaneceram a noite toda no local cada um realizando o seu trabalho.

Eram sete horas da manhã seguinte quando Duarte e sua Equipe deixaram o que restava do restaurante quando recebeu uma ligação.

- Duarte falando!

- Só um minuto senhor que o Senhor Secretário vai falar-lhe. Disse a voz feminina do outro lado.

- Duarte! Sabe o que aconteceu nesta madrugada?

- Senhor Secretário, estou acabando de sair do restaurante, acredito que o senhor já deva estar ciente de tudo que ocorreu aqui.

- Como poderia deixar de saber, todos os jornais estão estampando na primeira página este incêndio.

- Imaginava que isto iria ocorrer senhor.

- Quer saber de uma novidade que ainda não saiu nos jornais Duarte?

- Estou ouvindo senhor.

- Uma das vítimas do incêndio faleceu ao dar entrada no hospital!

- Lamento senhor!

- Ainda não lamente, pois o pior da noticia ainda está por vir. e concluiu – A vitima era uma jovem de pouco mais de 19 anos que almoçava com seu noivo, estavam fazendo planos para o casamento que se realizaria no próximo mês.

Duarte permanecia em silêncio.

- Esta jovem tem um nome e sobrenome Duarte, seu nome era Cinthya e o sobrenome Santos Figueira.

- Aonde quer chegar senhor?

- Ela é a filha mais nova do Cônsul Português que vivia em nossa cidade.

- Sinto pela família senhor.

- Você tem idéia do que isto ira repercutir negativamente para a nossa cidade?

- O prefeito me acordou as 5 horas da manhã aos berros, pois o próprio ministro de relações exteriores ligou para ele a respeito do que estamos fazendo na cidade.

-Acabamos de entrar no caso senhor, preciso de tempo para investigar, levantar pistas pelo menos duas semanas.

- Você deve estar brincando Duarte, acha que me deram este tempo? O prefeito quer esta onda de incêndios terminada hoje!

- Impossível senhor.

- Sei que para você e sua equipe não é Duarte! Faça o que for preciso e necessário para encontrar este maldito o quanto antes! Não vou conseguir segurar a onda que vem sobre nós! Você sabe tão bem quanto eu que “eles” querem nomes, ação! Encontre algo para acalmar os ânimos, e encontre logo!

- Faremos o impossível senhor pode ter certeza disto.

- Me mantenha informado durante o dia.

- Sim Senhor.

- Problemas chefe? Perguntou sabendo da resposta Vander.

Duarte apenas balançou a cabeça e permaneceu em silêncio enquanto o carro se afastava do restaurante destruído.

Pouco tempo depois estavam todos na sala no DEPOC levantando as primeiras informações que possuíam e como de costume, Duarte e a Equipe anotavam os passos e as pistas que possuíam.

- O que temos? Perguntou Duarte a seus comandados.

- Temos por volta de 16 incêndios, onde segundo os dados passados pela perícia não existe uma opinião conclusiva sobre o que teria iniciado os incêndios. Disse Julio.

- O Que mais temos? Insistia Duarte.

- Nada! Disse Vander esboçando um sorriso no canto da boca.

- Exatamente! Não temos nada!

- E isto é bom Chefe? Sorriu Vander.

- Pode ser algo primordial para nossa investigação.

- Todos fizeram cara de interrogação.

- Vejam não temos um suspeito, não temos motivos, não temos a causa destes incêndios, isto significa que estamos lidando com alguém extremamente competente naquilo que faz.

- Desculpe, mas ainda não entendi Chefe. Insistiu Vander.

- Se estivéssemos lidando com um amador ou com uma pessoa sem conhecimento daquilo que está fazendo, os peritos já teriam encontrado algumas pistas do que originou os incêndios. Assim, temos a nosso favor este fato.

- Quer dizer que acredita que seja alguém especialista em incêndio? Perguntou Júlio.

- Exatamente! Sorriu Duarte. Temos que vasculhar o porão de nosso bravo e competente Corpo de Bombeiros.

- Suzanne quero que você percorra todos os lugares que foram atingidos pelos incêndios e tente encontrar algo, sei que pode fazer isto!

- Suzanne sorriu concordando.

-Júlio e Vander vocês dois procurem em nossos arquivos junto com Isa informações de assassinos, assassinatos que tenham relação com incêndios ou algo parecido.

- Eu tenho que fazer uma visita ao Comando do Corpo de Bombeiros.

FIM DA SEGUNDA PARTE

Continua na próxima semana...

ESTE CONTO PERTENCE A “SÉRIE SP SANGUE E SEXO” ESCRITO POR ADÉRCIO GARCIA.

Adércio Garcia
Enviado por Adércio Garcia em 24/01/2009
Reeditado em 24/01/2009
Código do texto: T1401442
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.