ATÉ QUE PROVE O CONTRÁRIO

Essa história por incrível que pareça foi um sonho que meu genro teve e resolvi relatar no papel com a ajuda da minha filha Tamiris. Uma história que aconteceu em São Paulo (liberdade) de dois irmãos muito amigos. . Mas o destino fez com que se separassem e mais tarde um deles voltou para reparar os seus erros.

A vida na roça sempre foi muito difícil para a família Shen. Mas para Lim e Carú sempre foi maravilhosa, turbinada de sonhos e fantasias. Fato que os nutriam e alimentavam a esperança. Eram que nem unha e carne, diziam que nunca iriam se separar e que ficariam juntos para sempre. Vivendo doces aventuras.

O tempo foi passando, as dificuldades aumentando, a cidadezinha estava se tornando ainda menor e resolveram mudar de vida indo para a cidade grande. Lá encontraram um lugar simples e humilde, mas não ficaram tristes, pois é lá que podiam ficar e seria por muito tempo. Os pais estavam satisfeitos com a nova vida, mas se preocupavam com seus filhos na dificuldade que teriam para os protegerem. Afinal agora estão na capital, parece até outro mundo.

Os garotos cresceram e tornaram-se adolescentes e ainda continuaram juntos. Carú era o mais velho, era mais responsável e gostava de estudar e jogar bola. Sonhava em ser um doutor ou jogador de futebol. Lim o mais novo gostava de andar livre pelas ruas com seu skate vermelho. Parecia ter muitos “amigos”.

Certo dia Lim chama Carú para participar de suas aventuras. Desconfiado ele aceita pensando que seria uma maneira de estar perto de seu irmão. Porque devido aos estudos não pôde ficar muito com ele.

Foram até um ferro onde a turma encontrava-se sempre. E! Foi uma “festa”, corriam para todo lado, gritavam, quebravam garrafas, amassavam latas. Fazendo a maior bagunça foi para a cidade. A galera foi aumentando, mas eles não perceberam. Mas entre eles Carú percebeu Ana, uma garota que ele gostava secretamente á tempo atrás. Quando percebeu, a cambada os conduzia para dentro do prédio abandonado, empoeirado e sujo. Carú, Lim e seus amigos não sabiam que os rapazes que se juntaram á eles haviam praticado um assalto e os estavam usando para bode expiatório e cúmplices. Quando eles perceberam algo de estranho estavam sendo direcionados para um túnel. Carú observador matutou que era algo podre e logo viu um cofre de banco, na verdade aquele túnel era uma escavação que vinha de muito tempo. Sem reação, sem saber o que fazer começou a desconfiar de seu irmão e o falou mal dizendo que ele sabia do plano e não acreditava que Lim tinha feito isso com ele. Lim negava em vão, pois o tempo estava curto, avistaram as viaturas policiais e os dois foram presos sozinhos. Pois toda a galera tinha fugido ao perceberem a movimentação no final do túnel. Pegos em flagrante permaneceram juntos atrás das grades para o desconsolo dos pais que acreditam neles, mais não podiam fazer nada. E Carú não se conformava que Lim fosse tão egoísta e o acusava dia a dia. Lim se defendia dizendo-se inocente e que também foi pego de surpresa e que um dia conseguiria provar sua inocência. Passaram-se três anos e a justiça ordenou que fossem libertos, pois haviam cumprido a pena e tiveram bom comportamento.

Para Carú a vida parou naquele momento, já não era um garotinho. Mas os seus ideais permaneciam vivos. E Lim só pensava em desfazer o mal entendido que o atormentava á três anos. Tinha que dar um fim naquela história e provar para todos, mas principalmente ao seu irmão sua inocência. Então resolveu procurar seus antigos amigos.

Os dois saíram da prisão e voltaram para sua morada. Agora eram sós os dois companheiros como sempre, os pais haviam falecidos há mais de um ano. O desgosto pela vida os fez definharem até enfraquecerem.

Carú tentava de todas as maneiras ser companheiro de seu irmão, mas Lim não tirava da cabeça a idéia de correr atrás do prejuízo. Afinal tinha perdido três anos de sua vida.

Até então Carú não sabia que o irmão ia remover o passado.

Lim decidiu de uma vez por todas e voltou aos antigos lugares que a galera freqüentava antes do acontecido. Logo pela manhã foi ao bar onde todos se juntavam para curtir. E logo de cara encontrou John que era o organizador das aventuras ou talvez das traquinagens. Eles se olharam profundamente. Como se um intimidasse o outro. Pois John sabia que se Lim voltasse ele vai querer apurar a verdade. Descobrir os envolvidos que levou seu irmão e ele para cadeia.

Lim sentiu-se titubear, mas foi logo perguntando a John sobre aquele dia. Houve um silêncio enlouquecedor. John não entregou nada e ainda o ameaçou dizendo que se ele fuçar demais poderia se arrepender. Mas Lim não se intimidou, pois tinha certeza que além de conhecer os caras também era culpado e saiu do lar em direção a sua casa e John pegou seu celular e informou aos seus comparsas a volta de Lim e o irmão. Caminhava rápido e percebeu que uma figura estranha estava o seguindo e apressou o passo. Chegando a casa Carú pergunta onde estava e ele nada diz. Carú desconfiava que o irmão estivesse escondendo alguma coisa. Mas resolveu aguardar para ver. No dia seguinte Lim continuou sua investigação passando primeiro ao ferro velho. Onde a galera reunia para zoar. Mas para sua surpresa nada era como antes. Tudo abandonado. O ferro velho estava fechado. Mas ouviu um zunzum lá dentro, e percebeu que havia pessoas agitadas andando de um lado para o outro. Escondeu-se e espionou pela fresta da janela. Logo concluiu que o ferro velho agora era laboratório de drogas. E Lim foi embora antes que notassem sua presença.

Resolveu voltar ao lar, mas antes passou na casa de um deles que fazia parte da gangue e hoje é um policial. E para sua sorte esse era o cara que o seguia. O policial não acreditou na história de Lim e preferiu esquecer. Virou as costas e foi embora.

E Carú preocupado foi atrás dele e o encontrou no bar e sentou-se ao seu lado e tiveram uma ligeira discussão. John, o chefão também estava preocupado. Mandou dois comparsas os levarem até o escritório que se situava em cima do Bar. Ao entrar em seu escritório John era frio como mármore e perguntou:

- O que vocês querem? O que fazem aqui?

Carú respondeu rapidamente:

Estamos apenas curtindo.

Lim também frio continuou:

- Sim! Estamos curtindo e querendo saber onde está o dinheiro.

John irritou-se com uma arma apontada para eles.

_ Que dinheiro? Não me lembro de ter pedido dinheiro emprestado á vocês.

Lim o enfrentava:

_ É por isso que o quero, porque você não pediu.

Os olhos de John soltaram faísca e para surpresa dos irmãos, ele ainda apontou o revolver lhes indicando a saída. Mas a liberdade durou pouco, pois John foi ao salão do bar e ordenou que seus capangas o seguissem e os matassem. Rapidamente oito deles envolveram os dois formando um círculo. Mas não tiveram medo porque sabiam brigar, o tempo que tiveram na cadeia dedicaram a aprender luta livre. Saíram feridos, mas derrubaram todos. Resolveram correr. Tinham que sair daquela confusão. Não se sabe de onde surgiram três motoqueiros atirando aos quatro ventos.

Lim separado de Carú tomou uma moto de um coitado que passava e foi embora ganhando as ruas. O policial chamado Tom e sua parceira Ana vão atrás dele. Mas ao ver o tiroteio Tom pega uma moto e segue sozinho e sua companheira troca tiro com os bandidos da briga que haviam se recuperado, mas fogem.

Enquanto isso Carú desarmado se escondia atrás de um veículo.

Ana, a policial se aproximou até Carú, que disse:

_ Você é policial? Como você fazia parte da gangue? Era um disfarce, mas motivos.

Discutiram um pouco. Depois em silêncio perceberam que seus corações estavam se aproximando. Ele não queria acreditar que ela fosse uma policial e ela não acreditou que ele estava envolvido nessa trama. Após uns minutos em silêncio Ana disse: _ Chega de história, vamos atrás de Lim e Tom. Entraram na viatura á mil por hora. Enquanto isso Lim fugia de Tom. Porque se magoou com ele por não acreditar na sua história.

Entraram por estrada larga de terra e puxando cabrito. Entrava e saía por becos escuros numa super perseguição até se deparar num galpão deserto onde os dois se enfrentam e começam uma briga e Tom gritava e socava Lim: _ Não falei que era para esquecer? Viram em que confusões se meteram?

_ Agora já é tarde, vou até o fim e um chute acertou o peito de Tom e continuaram. Enquanto isso Carú e Ana seguiam as pistas passando por lixeiras caídas na rua; amassadas. _ Estamos no caminho certo: disse Carú. Ana não acreditava: _ Acho que eles não foram por aqui. Carú nervoso quase grita: _ Foram sim, só tem um caminho veja! E foram descendo até avistarem suas motos. Ao chegarem encontram Lim e Tom desfalecidos de tanto cansaço caídos no chão ensangüentado. Pouco depois o local ficou lotado por John e seus comparsas que cercaram todo o recinto com aproximadamente vinte homens dispostos a verem sangue. E Lim levanta e suplica: _ Desista John, vamos conversar. Mas foi em vão, ninguém o ouvia. E Lim atento a tudo disse: - Enfim chegamos onde tudo começou. A verdade é que Lim tinha planejado tudo. Já tinha visto o policial atrás dele e o atraiu até o galpão.

Havia colocado também explosivos por todo lado e o mais importante, tinha fixado escuta por todo lado. Tudo será gravado.

John nervoso ordena que matem todos. Lim rapidamente aciona um botão do controle remoto e alguns lugares explodem. Agora se formou um quarteto. Lim, Carú, Tom e Ana agora juntos e com força total. John recua e tenta fugir. Lim percebe e vai atrás dele. John vai até um esconderijo e pega três bolsas com dinheiro e Lim chega e o acusa de ladrão e de lhe ter roubado três anos de sua vida. Lim desabafa solta tudo que está engasgado, John também fala tudo sem saber que tudo está sendo gravado. Chegam Carú e Tom e ficam quietos, mas de cautela.

John agitado como sempre grita para Lim. _ Eu sempre soube que era bom. É muito bom, mas é burro se acha que vai levar alguma coisa e aponta a arma para Lim desesperado. _ Tudo acaba aqui palhaço, vou te mandar para o inferno. Tom agindo como um policial toma á frente, mas leva um tiro no ombro e salva Lim da morte, enquanto Carú desarma John que escorrega caindo da vidraça de uma altura de dois andares se quebrando todo. Mais tarde ficou sabendo que foi preso e ficou paralítico. Quando tudo terminou chega o reforço policial e leva toda a cambada aos de Ana que acompanha tudo.

Saindo Lim fala a Carú:

_ Mano agora acabou. Todos foram para a cadeia e consegui recuperar a sua confiança.

_ Desculpa meu irmão, no fundo eu sabia que era inocente. Carú se lembra de Ana e vê que está indo sem se despedir. Então corre em sua direção e declara o seu amor e Ana correspondeu com um longo beijo e a platéia bate palmas. Os quatro vãos para o hospital e comemoram a vitória.

Novembro de 2008

Marli Caldeira Melris
Enviado por Marli Caldeira Melris em 19/01/2009
Reeditado em 19/08/2011
Código do texto: T1393758
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