SÉRIE "SP SANGUE E SEXO" - CONTO : A CORDA - 2ª PARTE
CONTINUA....
Ao pararem o carro numa região bastante movimentada Duarte ordenou aos dois companheiros:
- Não façam muitas perguntas! Podemos estar afugentando nosso assassino. Sejam discretos nas abordagens, entendido?
- Claro Chefe ! Respondeu Júlio.
- Suzanne, venha comigo, quero olhar onde o corpo da mulher foi encontrado.
No local ainda havia uma viatura da polícia que monitorava a região.
- Bom dia Policial! Disse Duarte ao se aproximar.
- Bom dia Senhor.
- Poderia me dar maiores detalhes sobre como foi encontrado o corpo da mulher enforcada?
- Claro senhor. O Delegado Arruda disse que viriam...
- Velho amigo o Delegado Arruda. Disse Duarte a Suzanne que o acompanhava de perto, mas observando atentamente o local.
- Aqui Senhor, Disse o policial apontando para um beco. Mantivemos o máximo possível os curiosos e a imprensa longe deste lugar.
- Ela foi encontrada pendurada neste poste Senhor.
O poste possuía um pouco mais de 3 metros de altura e deveria servir para iluminar a pequena e estreita rua.
- Este beco senhor, antes do assassinato era repleto de mendigos! Eu mesmo já tive que agir neste beco por causa de brigas entre eles.
- Duarte permanecia em silêncio enquanto analisava o poste juntamente com Suzanne.
- Quando foi a última vez que teve notícias de alguma briga ou confusão por aqui Policial? Perguntou Suzanne.
- Como disse, já tivemos vários problemas neste bairro. Temos brigas de mendigos, temos muitos menores que assaltam os comerciantes e temos os próprios comerciantes que se defendem desta gente...
- Acredita que isto possa ter sido feito a mando de algum comerciante, Policial? Indagou Suzanne.
- Já vi de tudo nesta minha vida policial e acredito sim que possa ser uma espécie de represália, os comerciantes estão tendo muitas dificuldades financeiras por causa dos furtos nos estabelecimentos e dos assaltos aos clientes nas ruas.
- Entendo.
- E claro que isto tem provocado a ira destes comerciantes. Enfatizou o policial.
- Porque enforcar alguém? Existem outras formas mais simples de assassinar sem chamar a atenção de todos! Comentou Suzanne.
- Veja Suzanne, é apenas uma hipótese: Se os comerciantes querem assustar esta gente, esta é a melhor forma possível e, entenda que deu certo. Eles conseguiram fazer com que boa parte dos mendigos e trombadinhas sumisse desta região.
Suzanne balançou a cabeça afirmativamente entendendo o raciocínio do policial.
- Se foi encomendado o crime então, teremos dois trabalhos. Disse Duarte. Encontrar quem fez isto com esta mulher e quem ordenou o assassinato.
- Senhor, candidatos é o que não faltam! Posso lhe passar o nome de pelo menos 3 comerciantes que estiveram de alguma forma relacionados diretamente nas ultimas confusões por aqui.
- Ótimo policial, isto nos ajudaria muito em nossas investigações.
Vamos Suzanne, vamos ver o que Júlio conseguiu por aí.
- Obrigado Policial, estaremos em contato para obter mais informações sobre o bairro, ok ?
- A vontade Senhor.
- Você notou a que altura o corpo foi pendurado? Perguntou Duarte a Suzanne que ainda olhava a região buscando algo.
- A cerca de dois metros de altura!
- Sim!
- Isto significa que nosso assassino não agiu sozinho! Teve ajuda de outro ou outros!
Duarte exibiu um sorriso como que parabenizando Suzanne pela dedução.
- Tudo está nos levando aos comerciantes não é isto Duarte?
- Pode ser Suzanne, mas muitos dos assassinos em série procuram criar climas que destorcem a realidade, levando as investigações para lugares óbvios mas distantes deles próprios. Somente uma pequena parte destes “maníacos” deixam evidências claras de quem são e porque cometem estes crimes.
- E como relacionar com o outro crime Duarte?
- Boa pergunta Suzanne! Não tenho a menos idéia ainda de como um caso se relaciona com o outro.
Duarte e Suzanne encontraram com Julio no carro onde o mesmo estava em contato com o DEPOC:
- Alguma novidade Julio?
- Apenas chegando a ficha de algumas pessoas.
- Quem são estas pessoas?
- Comerciantes que segundo algumas pessoas andaram recentemente ameaçando os moradores de rua da região!
- E o que conseguiu?
- Por enquanto nada! Isa está fazendo um levantamento detalhado e nos passará posteriormente.
- Ok, cheque estes nomes com o policial da 13ª delegacia e cruze estas informações! Poderemos ter alguns nomes em comum, o que facilitará nossas buscas.
- Perfeito Senhor.
- Vou ficar por aqui também Duarte! Gostaria de andar pelo bairro e tentar achar algo que possa nos ajudar. Disse Suzanne.
- Ok, fiquem com o carro, eu retorno para o DEPOC e nos falamos no final do dia e, tomem cuidado.
- Sim Senhor.
Duarte então seguiu para o DEPOC enquanto Julio mantinha contato com o Departamento via rádio e sistema, aguardando algumas respostas.
- Já volto Júlio. Disse Suzanne se afastando do carro.
- OK! Estarei por aqui.
Suzanne era uma mulher intuitiva além de ser muito inteligente. Sabia que percorrendo as ruas daquele bairro poderia ouvir ou sentir algo que a levasse a alguma pista do que havia acontecido naquela noite com a pobre mulher.
Contudo a receptividade dos moradores de rua era muito pequena, sentia que eles tinham medo e receio de falar sobre o que havia acontecido e o que estava acontecendo na região. Imperava naquele lugar a lei do silêncio e era possível ver nos olhos daquela gente o medo de perderem suas vidas.
- Conseguiu algo Julio? Disse Suzanne retornando para o carro após algumas horas andando e conversando pelo bairro.
- Sim conversei com o Policial e cruzei as informações colhidas e cheguei a três nomes. Três comerciantes que se intitulam “doutores do bairro”, formam uma espécie de comissão de comerciantes, defendendo os interesses deles aqui no bairro. O melhor de tudo, é que um deles está respondendo processo por agressão e porte ilegal de armas.
- Bom! Muito Bom...Vamos então conversar com este “doutor”.
Suzanne e Julio foram então a uma farmácia localizada no início da rua bem próximo ao beco onde fora encontrado a Negra Julia.
- Bom dia, gostaríamos de falar com o Senhor Oswaldo Manfredo! Disse Júlio a uma das balconistas da farmácia.
- Doutor Oswaldo está ocupado, eu poderia ajudá-los?
- Não Obrigada. Disse Suzanne. É assunto policial menina, poderia por gentileza chamá-lo. Enfatizou Suzanne expondo sua identificação.
A garota então um pouco assustada ao ver o revólver na cintura de Suzanne entrou para o interior da farmácia com os olhos arregalados.
- Belo Comércio! Disse Júlio observando a loja.
- Bom dia Policiais! O que posso ajudá-los? Disse um senhor de aproximadamente 65 anos claro, cabelos grisalhos, alto e forte.
Suzanne e Julio estenderam suas mãos para cumprimentar o Senhor o qual demonstrava uma grande simpatia.
- Não queremos tomar muito seu tempo Senhor Oswaldo, mas precisamos falar sobre o crime que ocorreu recentemente aqui na região.
- Ah Sim, sobre a mendiga que foi encontrada assassinada! Não sei se poderei ajudar muito policiais. Meu tempo é dedicado a minha farmácia e pouco me envolvo com estas pessoas, apesar de causarem muitos prejuízos para o comércio da região.
- Mas o senhor estando tão próximo assim do lugar onde foi encontrado o corpo com certeza deve ter ouvido algum comentário, ou algo que possa nos ajudar não é mesmo Senhor? Indagou Suzanne.
- Como disse Policial, gostaria muito de ajudá-los mas a única coisa que sei é que esta gente vive se matando por drogas, por dinheiro e por comida. Não seria melhor a polícia dedicar seu tempo a investigar eles próprios?Disse o Homem num tom de ironia.
- Com certeza Senhor faremos isto! Mas temos que ouvir a todos não é mesmo?
O Homem apenas continuou com seus lábios cerrados exibindo um sorriso simpático.
- O senhor está respondendo há um processo não é mesmo Senhor Oswaldo?
Ao ouvir isto da boca do Policial Júlio, aquele homem extremamente alto e forte fechou a cara e mudou completamente seu humor.
- Eu estou sendo investigado Policiais? Caso esteja exijo então que me chamem para depor na delegacia em companhia de meus advogados.
- Calma Senhor, foi uma pergunta simples, não estamos acusando-o de nada! Pelo contrário, porque acusaríamos um homem tão ocupado com suas atividades não é mesmo? Disse Suzanne retribuindo a ironia.
- Sim, estou respondendo a um processo onde fui vítima! Algumas pessoas entraram em meu comércio e tive que tomar algumas atitudes pouco convencionais com eles...
- Entendo! Disse Júlio.
- Escutem, se vocês da polícia estivessem protegendo os comerciantes e nossos clientes talvez nada disto estivesse acontecendo! Façam o papel de vocês policiais, protejam a população contra esta gente e viveremos em paz!
- Estamos fazendo o possível Senhor! Disse Julio ainda serenamente.
- Se me permitem, tenho muita coisa a fazer senhores. Espero que possam encontrar o assassino desta mulher e que possa também nos dar mais segurança para trabalharmos em paz.
- Obrigado senhor por nos receber.
Suzanne e Julio viram então aquele homem de 1,90 de altura entrando novamente para dentro da farmácia.
- O que achou? Perguntou Julio a caminho do carro.
- Agressivo! Vamos ficar de olho nele.
- Suzanne, Julio, respondam...
- Julio falando! Prossiga. Disse Julio correndo junto ao rádio do carro.
- Policial, É Isa falando...
- Prossiga Isa.
- Duarte pediu para que vocês retornem imediatamente para o DEPOC ele quer falar urgente com vocês, parece ter boas pistas do
“CASO da CORDA”.
FIM DA SEGUNDA PARTE .
Continua na próxima semana...
ESTE CONTO PERTENCE A “SÉRIE SP SANGUE E SEXO” ESCRITO POR ADÉRCIO GARCIA.