SÉRIE "SP SANGUE E SEXO" - CONTO : A CORDA - 1ª PARTE

A CORDA

Após a morte de seu melhor amigo – CHICO, na perseguição ao assassino do sexo, Duarte teve inúmeros problemas de relacionamento internamente. Nem mesmo sua promoção para uma polícia especializada em casos de "serial Killers" lhe deu a paz interior que tanto desejava. Pelo contrário, suas responsabilidades e atribuições ficaram cada dia maiores.

Apenas após a chegada de Suzanne uma policial destemida e que amava sua profissão conseguiram trazer a Duarte um pouco mais de equilíbrio. Era uma dupla que se completava em todos os aspectos. Duarte apesar de ser o responsável pelo Departamento Especial da Policia Criminalista ( DEPOC ) não gostava de se rotular “CHEFE”. Conduzia esta liderança muito mais pelo respeito e admiração que todos tinham por ele do que por sua postura firme com os policiais. Já Suzanne, era extremamente profissional, dedicada, não permitia qualquer gracejo durante a execução de seu trabalho.

Duarte havia se tornado um homem ainda mais solitário com a ida de Alexandra sua ex-namorada para outra cidade e Julia já se tornara uma adolescente e como tal, possuía um contato superficial com o pai, contudo era extremamente apaixonada pela atividade que seu pai exercia.

Suzanne, pouco se sabia sobre sua vida pessoal, apenas que havia sido uma cadete exemplar e que muito nova conquistou espaço e respeito entre os policiais. Suzanne nutria por Duarte uma admiração mais que profissional, contudo era extremamente cautelosa em demonstrar seus sentimentos além do mais era uma admiração platônica – se é que existe isto!

Juntos haviam solucionado o caso do Assassino do Sexo e haviam se especializado neste tipo de crime, inclusive com estudos psicológicos, facilmente ouvia-se nos corredores do departamento a frase – Eles conhecem a mente destes loucos. Eram sem dúvida alguma as pessoas mais preparadas para solucionar casos de assassinatos em série.

A sala onde outrora, Chico, Isa e Duarte usaram para traçar o perfil psicológico e os passos dos assassinos do sexo, continuava tendo sua importância para Duarte e sua Equipe, pois ela possuía agora diversos sistemas de computação, informações diversas que facilitavam o trabalho da Policia. Era lá que discutiam as ações do DEPOC.

- Chefe – era como Isa e os demais Policiais chamavam Duarte - Chegou um comunicado para o senhor, relatando mais um assassinato na periferia. Tudo indica que seja similar ao da semana passada.

- Deixe-me ver – pegou o relatório da mão de Isa.

Após ler o conteúdo do relatório, disse a Isa: Ligue-me com o Secretário de Segurança.

Uma hora após a conversa com o secretário de segurança no telefone, Duarte e Suzanne já estavam na sede do gabinete na Prefeitura, discutindo o assunto:

- O que eu quero dizer Senhor Secretário é de que temos que ser inteligentes e agirmos em silencio para pegarmos o assassino.

- Duarte, você sabe que a Imprensa é implacável! Para cada carro de polícia que sai de nossa delegacia há um repórter, um fotógrafo! Eu não vou conseguir segurar a notícia de que existe um louco na periferia da cidade enforcando os mendigos e indigentes.

- Compreendo Senhor. Disse Duarte olhando as fotos das duas vitimas sobre a mesa.

- Consegui semana passada reverter a situação. Disse a eles que se tratava de uma briga interna na comunidade, mas receio que agora com o aparecimento de mais uma pessoa morta eu não possa controlar mais os noticiários!

- Senhor, preciso de todo o material encontrado nos locais dos assassinatos! Quero levá-los para o meu departamento onde minha equipe e eu possamos encontrar alguma pista sobre estes crimes!

- Tudo bem Duarte! Leve o que você quiser, mas encontre estes desgraçados logo, antes que isto vire uma epidemia pela cidade.

- Você acredita que seja um único assassino? Perguntou Suzanne já dentro do carro a caminho do DEPOC.

- Com toda certeza sim, veja o detalhe das cordas utilizadas, os nós são similares, seria impossível pessoas diferentes fazerem o mesmo nó.

Suzanne então pegou as fotografias e as comparou e chegou a mesma conclusão e com um leve olhar para Duarte disse:

- Sabia que se tratava do mesmo sujeito não é mesmo? Por que permitiu que o Secretário continuasse em dúvida?

- Permanecendo em dúvidas, ele não tem o que dizer para a Imprensa e assim conseguimos tranqüilidade para trabalhar no caso.

Com um pequeno sorriso nos lábios, Suzanne guardou as fotos novamente no envelope e permaneceu rindo de Duarte.

Ao chegarem ao DEPOC, Duarte ordenou que Suzanne levasse todo o material que haviam conseguido para sua sala e que se reunissem com mais dois agentes.

- Vander, Julio, chamei vocês aqui, pois vocês irão participar deste caso comigo e Suzanne, recebemos um material relativo aos dois crimes e quero que vocês intensifiquem as análises na busca de pistas.

- Temos duas vitimas, todas elas são moradores de rua e foram enforcadas com uma pequena corda – Disse Duarte expondo as fotos e os materiais recolhidos na cena do crime.

- Chegamos a conclusão de que trata-se do mesmo assassino, vejam que os nós da corda são semelhantes. Disse Suzanne esboçando um pequeno sorriso para Duarte.

- Nos corpos das vitimas há sinais de luta, algo parecido? Perguntou Vander.

- Não! Tudo indica que estas pessoas foram assassinadas enquanto dormiam ou algo parecido. Não há sinais de luta. Vejam as fotos há marcas apenas no pescoço das vítimas.

- Pode ter sido vitimas de brigas entre bêbados? Ou alguma disputa por território, drogas. O que você acredita que seja Chefe? Perguntou Julio analisando o material.

- Não creio que SE trate de crimes isolados ou briga de gangues ou de traficantes, contudo devemos fazer exames para verificar se existe alguma droga no organismo das vitimas.

- Estou apostando minhas fichas em vingança sim, mas de outra forma. Disse e saiu da sala Duarte.

- O que temos de informações a respeito das vitimas? Perguntou Suzanne aos policiais que liam os relatórios.

- Temos aqui: Uma das vítimas é uma mulher negra de aproximadamente 45 anos de idade residia nas ruas da Zona Sul da Cidade por volta de 2 anos.

- Foi encontrado algum parente? Alguém que possa nos dar mais informações a respeito desta mulher? Acrescentou Suzanne.

- Não Senhora! Como o corpo desta mulher foi encontrado ontem pela manhã, até a elaboração deste laudo não houve condições de identificar esta senhora. Ela não possuía nenhum documento e ninguém nas ruas pôde acrescentar qualquer informação à polícia. Mas sabemos que ela era conhecida como a “NEGRA JULIA”.

- Precisamos voltar então à cena do crime- Disse Suzanne em tom firme.

- E a outra vítima? Indagou Julio ao seu companheiro com os relatórios nas mãos.

- Trata-se de Sebastião de Jesus dos Santos, morador de rua há mais de 10 anos, ex-presidiário e alcoólatra.

- Cumpriu pena de que? Questionou Suzanne.

- Esteve detido por 12 anos por latrocínio.

Suzanne deu a volta na mesa e como Duarte, escreveu o nome de Sebastião e Negra Júlia na lousa e acrescentou uma seta levando a palavra: Latrocínio, circulada com giz azul.

- Vander, precisamos saber quem foi a vítima de Sebastião! O que houve! Como ocorreu o crime e descubra também quem é sua família, onde trabalhava! Enfim, descubra tudo que puder sobre este crime.

- Acredita que tenha relação os crimes?

- Não podemos descartar qualquer hipótese! Disse Suzanne ainda olhando para a anotação feita na lousa.

- Ok, falarei imediatamente com o Fórum e vou solicitar uma autorização para retirar todo o processo. Disse Vander.

- Júlio, vamos voltar ao local dos dois crimes talvez consigamos algumas informações que possa nos ajudar.

- OK...

- Vou verificar se Duarte quer nos acompanhar.

- Duarte, posso entrar?

Duarte estava em uma ligação e fez um gesto com uma das mãos para que Suzanne entrasse e se sentasse em uma das cadeiras à sua frente.

- E quando foi isto? Disse Duarte no telefone.

- Entendo...

- E você tem condições de identificar o nome deste vigia?

Duarte deu um pequeno sorriso para Suzanne enquanto ouvia a resposta.

- Café? Perguntou Suzanne levantando-se.

Balançou a cabeça negativamente Duarte enquanto respondia ao telefone:

- Fico então no aguardo de uma informação mais detalhada. Obrigado. Disse e desligou o fone.

- Estou querendo ir até o local dos crimes juntamente com Júlio para verificar alguma coisa que possa nos ajudar. O Que acha? Gostaria de nos acompanhar?

- Ótimo! Acabei de falar com um dos nossos homens que cobre a região onde foi encontrado nosso primeiro corpo.

- E... Sentou-se novamente Suzanne

- Ele disse que há cerca de 40 dias um grupo de comerciantes se envolveram em uma briga com pivetes e moradores de rua. Contrataram seguranças particulares para afugentar os mendigos e trombadinhas da região...

-Mas nossas vítimas foram encontradas em regiões distintas! Partiremos então pra hipótese de serem dois assassinos! Disse Suzanne referindo-se a observação feita anteriormente por Duarte.

Duarte então se levantou e com um ar de quem havia achado engraçada aquela provocação de Suzanne, sorriu e disse:

- Eles são capazes de tudo minha cara colega. Vamos, vamos ver os locais dos crimes...

Partiram então no carro: Duarte, Suzanne e Júlio...

FIM DA PRIMEIRA PARTE.

Continua na próxima semana...

ESTE CONTO PERTENCE A "SÉRIE SP SANGUE E SEXO" ESCRITO POR ADÉRCIO GARCIA.

Adércio Garcia
Enviado por Adércio Garcia em 13/11/2008
Reeditado em 19/11/2008
Código do texto: T1281734
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