Jogo Sujo

Ato Primeiro - o qual se apresenta as regras do jogo.

Kevin – É pegar ou largar. Você não a quer?

Lucas – Eu largo, então. Ela não vale tudo isso mesmo.

Kevin – Veado.

Lucas – Sou tudo o que você quiser.

Ouve-se um estampido.

Lucas – Quem está aí?

Sarah – Deve ser o vento.

Kevin – Vamos logo com isso.

Lucas – Eu tô fora.

Sarah – Ele aceita.

Kevin – Até que enfim!

Lucas olha preocupado.

Kevin – É assim: uma bala. Se tiver azar ela irá estourar seus miolos. Se três disparos forem em falso, você pode ficar com ela, mas, se não... já imagina.

Sarah – Acho...

Kevin – Você não acha nada! Cala essa boca!

Kevin tira do bolso uma pistola prateada. E coloca no pente uma bala dourada.

Sarah – Eu vou ficar ali.

Sarah aponta para uns caixotes.

Lucas – Kevin, sua vez.

Kevin segura trêmulo a pistola.

Lucas – Aperta esse gatilho, veado!

Ato Segundo – o qual acontece algo inesperado que muda a história.

O disparo seco soou por entre o gélido galpão da Rua 10.

Kevin – Não foi dessa vez...

Lucas – Não fique feliz, é você quem vai morrer hoje...

Kevin – Não tenha certeza disso.

Sarah – Vamos logo com isso, maricas!

Lucas pegou confiante a arma. Segurou-a, fechou os olhos, Kevin caiu.

Luís – O jogo acabou, crianças.

Kevin achava-se estendido no chão com os olhos estáticos.

Lucas – É você mesmo?

Luís – Olá, criança.

Lucas – Sarah, onde você está?

Sarah sai de detrás dos caixotes e aproxima-se de Luís.

Sarah – Chega, Lucas. O jogo acabou.

Lucas – É ele, não é?

Sarah – Sim...

Luís – Deixe que eu me apresente: sou seu pior pesadelo. Vamos, cadê a maleta?

Lucas – Está ali...

Apontou para o lado do corpo de Kevin.

Luís – Pega lá.

Sarah – Acho que não será necessário, Luís. Ele vai colaborar.

Luís – Não sei...

Ato Terceiro – o final.

Lucas pega a maleta.

Luís – Abre!

Lucas – Calma.

Sarah – Lucas... Lucas, como você é burro... não desconfiou de que tudo estava planejado... a morte de Kevin... o terceiro tiro... de toda maneira você iria perder. Ou melhor, irá morrer.

Luís abre um sorrisinho gelado. Lucas, indiferente, abre a maleta.

Luís – Só isso?

Lucas – Queria mais?

Sarah – Acho que chegou a hora, Luís, de darmos um ponto final nisso. Lucas, vá para o inferno!

Luís dispara contra Sarah. E essa cai no chão, morta.

Lucas – Pronto. Terminou? Mais fácil do que imaginávamos. “É você mesmo?” Como sou irônico...

Luís – Hum... vamos embora, acho que é o bastante para garantir nosso futuro, juntos.

Lucas – Tenho certeza. A chave da casa está com você?

Luís – Nem sei o que me aconteceria se perdesse essa maleta...

Lucas – Morreria.

Luís – É...

Fim.