detetive lesma e o laudo cadaverico.
Sol a pino, céu azul e um friozinho de inverno. Isso para mim significa ficar debaixo das cobertas até dizer chega. Estava de ressaca para variar, juro que nunca mais bebo. Me levanto,vou fazer um xixi e tomar uma aspirina, saio só de cuecas da cama e vou ao banheiro. Minha casa é também meu escritório, muito útil isso por que me poupa uma grana no final do mês. Estou lá,mijando, com a cabeça estalando de dor quando ouço baterem na porta.Deve ser algum cobrador, que merda estar com o nome sujo na praça. Olho pelo olho mágico e vejo uma garota de 25 anos, cabelo escuro curto,micro saia e camisa colada, mais ou menos 1, 70 de altura e proporcional. Neste ramo de detetives cheira a problema. Fico olhando uns segundos e ela ajeita a calcinha debaixo da saia digo em voz alta “PUTA MERDA!!”. Ela me ouve e fica sem jeito. Ponho rápido uma roupa e abro a porta idem. Alguns segundos se passam e ela fala:
- você é o detetive Goulart? - ela diz com indiferença no rosto
- me chamam de lesma, do que se trata isso? – falo com um risinho sem graça.
- lesma? Qual é o motivo disso? Você é lento ou lerdo das idéias? – ela provoca.
- é coisa da infância. Como você se chama, minha lindinha?
- Ângela, meu bem.
- Mas do que se trata? – atalho por que esta conversa nunca fez meu gênero.
- eu preciso de um detetive particular. Mas se você é lerdo das idéias, pode deixar, procuro outro.- e abriu um sorriso de desdém.
- eu me viro bem, eu garanto, "É prova de inteligência saber ocultar a nossa inteligência." Ja dizia o outro burro! – e me sento na cadeira atras da minha mesa.
- que burro? – ela faz cara de surpresa.
- tanto faz, do que se trata sua visita? Nao veio aqui só para ver se sou inteligente, não? - e acendo um cigarro e engulo a aspirina que ainda estava na minha mao.
- sim, bom, não. Quer dizer, preciso dos seus serviços.
- sim, isso era bem obvio, mas do que se trata, estou com uma dor de cabeça horrivel.
- enfim, meu pai morreu. E preciso de uma coisa... – e fechou a cara e olhou para o chão.
- já sei, você acha que mataram seu pai e quer saber quem foi. Barbada.Cobro 50 reias por dia mais as custas. – e ela me olhou com cara de irritada.
- não, não é nada disso. Meu pai não tinha inimigos, ele morreu de ataque do coraçao há algumas semanas. Mas preciso do laudo cadaverico dele. Me roubaram isso e sem ele não posso cobrar o seguro.
- laudo cadaverico? Que negocio é isso? – olhei bem naquele rostinho branco como a neve, de cabelos bem pretos e curtos. E fixei um olhar 45 no decote dela.
- a autopsia? – perguntou ela querendo me chamar de burro – você sabe o que é isso?
- sim sei, lindinha, mas por que alguem iria roubar isso? O que iriam ganhar roubando uma folha de papel? – quis saber por que isso estava ficando enrolado.
- é uma grande soma a herança dele. E meu tio é um cachorro!! – disse ela com um odio vivo na cara.
- OK, lindinha, vou te ajudar. Não fique nervosa. Parente a gente não escolhe. Vou comecar a trabalhar já. – disse para tranquilizar-la.
- obrigado, espero que não seja lerdo como seu apelido indica, meu tio é bem esperto. – e saiu porta afora.
Fiquei uns instantes tentando imaginar ela pelada, isso sempre ajuda me motivar quando o cliente é mulher. Depois fui ate a residencia que ela havia me indicado que morava o tio dela. Irmao do pai, e o principal interessado em ficar com a bufunfa.Chegando lá toquei a campanhia e um senhor de cabelos ralos na cabeça e muito brancos me atendeu.
- o Dr. Fogoso esta? – perguntei fazendo certa cerimonia. Dr. Fogoso, nome gozado este, pensei.
- espere ali na sala, por favor! – e me indicou uma sala cheia de livros, muitos livros, de tudo que era coisa. Passei o olhar pela sala e fiquei olhando alguns titulos por um tempo.
Entao o mesmo velhinho entra na sala e se senta numa poltrona que parecia bem confortavel e me indicou uma cadeira dura, sem braços, sem estofamento. Fiquei frio, mas isso me irritou um pouco.e vai dizendo logo de cara:
- já tinha uma ideia que viria alguem aqui.qual é seu nome, meu caro. Minha sobrinha te mandou, não foi?
- hm. O senhor vai direto ao ponto. Mete sem vaselina mesmo, hein? Meu nome é lesma, me chamam assim ao menos, e sim sua sobrinha me contratou, imagino que saiba o motivo.
- lesma? Voce é burrou ou lento? – perguntou ele. O que me irritou mais que a cadeira dura.
- isso é coisa da minha infancia. Nao gosto de falar disso com estranhos. Mas estou vendo pela sala que o senhor gosta de ler. Deve ser inteligente.
- "Você não necessita de inteligência para ter sorte, mas necessita de sorte para ser inteligente." - disse ele, secamente.
- hm, boa frase. Me avisaram que voce era esperto. Mas o senhor não se faça de salame, como único parente de sangue do defunto,o senhor, Dr. Fogoso, não me deixa outra suspeita.
- suspeito de que meu caro? – disse ele surpreso.
- "Elimine o impossível, e o que restar, por mais improvável que pareça, deve ser verdade." Foi voce que pegou o tal laudo cadaverico. Não me resta duvidas disso. – disse efatico.
- "É um erro capital teorizar antes de ter os dados." Meu jovem, minha sobrinha não é a santinha que ela parece. Uma coisa bela persuade por si mesma, sem necessidade de um orador, sabia disso? – disse ele com cara de senhor da razao.
- por que ela sumiria com o laudo que lhe poria uma santa grana na mão? – fiquei confuso.
- meu jovem, voce esta sendo ingenuo novamente. Ela esta tramando uma forma de ficar com tudo e fugir com o namorado dela. E voce é so um peão num esquema deveras complicado.
- pois bem, vou falar com ela. O senhor me trouxe elementos novos. Agora, se voce for o culpado, vou pendurar voce por uma parte nada agravel.
- pois bem, ate a vista! – disse ele e me levou ate a porta.
Fiquei pensando nesta conversa com o Dr. Fogoso no caminho para resolver umas pendengas e depois me dirigir ate a casa da minha lindinha. Estava com a cabeça a mil por hora. Bati no interfone e me mandaram subir. No elevador fiquei me olhando no espelho pensando na bobagem que fiz em aceitar este caso. Chegou no andar e me dirigi ate a porta. Bati e Angela abriu ela só de roupao. Fui entrando e me sentei no sofa da sala. Ela foi se chegando do meu lado e disse:
- voce falou com meu tio, não?
- sim falei. Voce me disse que seus parentes eram inteligentes, mas VOCE que é esperta!
- EU? - Ela falou e o roupao foi deslizando pelo ombro.
- sim, voce. Me contratando para achar uma coisa que estava com voce o tempo todo. Só esta ganhando tempo para dar um jeito de apagar seu tio e não ser suspeita de nada, no fim das contas vai fazer ele parecer o culpado e dizer que fugiu com todo o dinheiro.
- por que eu faria isso, meu benzinho?
- andei pesquisando sobre voce. No caminho para ca falei com meu amigo sobre voce, ele já tinha ouvido seu nome por ai. Voce esta endividada ate os ouvidos e namora um pilantra que deve ate as cuecas em jogo de cartas chamado newton, e obrigado por mencionar ele quando nos conhecemos no meu escritorio, me fez gastar sola de sapato para descobrir isso. Mas vai fazer seu namorado sequestrar seu tio e por ele pegar o dinheiro e vai dar um sumiço nele. E depois so festa.
Ela tira a roupao e fica linda, nua, com toda beleza que deus lhe deu. E se gruda em mim e me diz:
- meu amor, voce é mais esperto que eu contava. Venha, vou te dar uma “gorgeta” como uma forma de te ajudar a esquecer estas ideias.
Tirei minha roupa e fiz amor com ela. Tres vezes. E depois me vestindo disse:
- já falei com meu amigo da policia sobre seus planos. Eles tomaram providencias sobre seu namorado. E ele já cantou seu plano como um passarinho. Eles vao vir atras de voce em breve. Estou EU te dando a “gorgeta”. Beijos na sua boca, minha lindinha.
Ela puta da cara me olha e na porta digo:
- "Algumas pessoas, ainda que não sejam geniais, têm o notável poder de estimular o gênio." Beijao na sua boca, angela. – e bato a porta e volto para meu escritorio.