O Ditador (Parte 7)

Capítulo cinco

“Uma nova forma de administração seria instaurada dali pra frente. Como seria agora sem países. No papel a idéia parecia já pronta e planificada, seria tudo dividido em blocos continentais, mas claro, os planos geraram divergências inúmeras entre chefes de governo, alguns defendendo, outros alegando que era um tamanho absurdo, e, por fim, os que já tinham outras idéias antes de ouvir a proposta. Independentemente de argumentos contra e favoráveis, o presidente da convenção encerrou a discussão:

– Não estamos aqui para ouvir a opinião dos senhores, o assunto já foi resolvido em reunião anterior com os conselheiros.

– Que reunião foi essa de que não tomamos ciência? Perguntou o atual primeiro ministro da Inglaterra.

– Onde está a autonomia dos Estados? Esbravejou o presidente francês.

– Você lá sabe o que é autonomia? Concentra a maioria esmagadora do poder e dos recursos em Paris – gritou o primeiro ministro italiano, que levou um soco do francês.

– Puxa vida, nem após uma guerra devastadora você conseguem ficar em paz? Gritou Meier, o presidente da presente convenção. O que nos resta agora botar pra funcionar esse novo governo, nomear novos chefes para os territórios. Cada bloco será como um Estado subdivido em territórios não-autônomos, como se fosse um tipo unitário. Não estamos em condições de estabelecer territórios federados.”

Duas semanas passaram, a classificação do teste estava exposta para quem quisesse ver. A tenente Chris acompanhou Wilhelmsom até o salão principal. O tenente achou seu nome na lista, infelizmente estava abaixo de Robert, isso significava, para todos os efeitos, que não conseguira a vaga no Conselho Superior.

– Deve ter havido algum engano – disse Chris, tentando consolar o amigo.

– Não, acho que não era para o meu nome estar em primeiro lugar mesmo.

– Ficou louco, acha que aquele imbecil do Robert é melhor do que você?

– Pelo menos desta vez, ele se saiu melhor do que eu. Provavelmente foi na prova teórica, eu senti que não havia tido um bom desempenho.

– Oras, cale a boca, você é melhor do que aquele frangote em tudo.

– De que adianta? Ele ganhou de mim mesmo não sendo o melhor.

Wilhelmsom voltou ao seu quarto de cabeça baixa, Chris balançou a cabeça negativamente, lamentando a atual baixíssima auto-estima do companheiro militar. Após o triste momento, foi acordar Oliver para o treino, algo diria que pelo humor dela, alguém sofreria um bocado naquele dia.

Algumas horas após a divulgação do resultado, Sid foi visitar o tenente em seu escritório. Wilhelmsom não parecia disposto a conversar sobre o assunto.

– Vamos lá, você precisa esfriar a cuca.

– Não, obrigado, só queria uma coisa e não se realizou, deixe-me em paz.

– Escute aqui, eu ainda sou superior a você na hierarquia, você vai sair dessa sala imediatamente.

– Eu não tenho escolha, não é?

– Vamos logo!

– Aonde vamos?

– Siga-me apenas.

Sid levou Wilhelmsom a um local lotado de pessoas, parecia estar havendo uma festa ali, era mais ou menos isso.

– O que se passa neste lugar? Perguntou o tenente

– Espere um pouco para ver.

Wilhelmsom apenas via Robert subindo em um tablado e recebendo algo do Presidente do Conselho Superior.

– Você me trouxe para a posse dele. O que pode haver para mim aqui?

– Um incentivo para você lutar pelo seu objetivo.

– Pois foi uma péssima idéia, voltarei para o meu escritório.

Wilhelmsom já ia embora, mas o coronel o segurou pelo braço e o fez ficar até o fim

– Oras, não é muito elegante para um oficial sair no meio de uma cerimônia tão importante

– E que importância isso tem pra mim?

– Cale a boca e acompanhe o evento.

Wilhelmsom não saiu dali, mas seu espírito vagou para algum lugar bem longe, pois só estar de corpo presente ali já era um verdadeiro martírio.

O Presidente no momento da posse olhou para o General Sato com uma expressão de dever cumprido.

Duas horas depois, estavam correndo Chris e Oliver e encontraram Wilhelmsom voltando para a sua sala.

– Onde esteve? Procurava você – disse a tenente

– Na posse do Robert.

– Não acredito! O que estava fazendo lá?

– Fui forçado pelo Sid a comparecer e permanecer até o final.

– Deve ter sido uma tortura, não?

Wilhelmsom sequer respondeu, pegou as chave de sua sala e abriu a porta, depois de errar diversas vezes, de tamanha irritação.

– Em certos momentos, provocá-lo assim pode ser letal para o relacionamento de vocês – observou Oliver.

– Como você sabe tanto sobre ele?

– Ora, ele é meu amigo desde os oito anos de idade.

– Desculpe-me fazer a pergunta. Foi por isso que você entrou na equipe dele?

– Provavelmente, ou melhor, sim, foi isso mesmo.

– Vamos voltar pra academia, precisa treinar mais tiros. Você quer ser um soldado digno da divisão não?

– Sim, quero!

– Ótimo, vamos.

Chegando à academia, encontraram Colin treinando recrutas recém-chegados. Oliver foi para a cabine, a tenente foi conversar com o sargento.

– Pegando muito no pé deles?

– São muito imaturos ainda, precisam de disciplina. Como estão os treinos com ele? Perguntou Colin, referindo-se a Oliver.

– Ele está melhorando em vários aspectos, mas ainda é preguiçoso. Tenho dúvidas se a carreira militar é a vocação dele.

– Eu penso o mesmo que você, mas Wilhelmsom sempre apostou tanto nele.

– Mas não é por causa da amizade entre eles?

– Deve ser.

Manhã seguinte, sob um frio de sete graus Celsius, Wilhelmsom saiu para correr com Kim, o único disposto a fazer isso com ele.

– Quando pensa em retomar a divisão?

– Quem sabe na semana que vem, tenho que voltar às atividades, fiquei muito parado enquanto estudava mais a sério pro teste.

– Fique tranqüilo tenente, logo você volta à ativa e terá todos os servos da divisão aos seus pés

– Até pareço um tirano ouvindo você falar assim.

Ainda correndo, avistaram Colin, que vinha correndo no sentido contrário, querendo encontrá-los. O sargento estava sem ar, de tanto que tinha corrido.

– Procurei você por toda parte tenente – disse Colin, respirando com dificuldade

– Tenha calma. O que houve?

– Nossa divisão, ela vai...

– Vai? Perguntou Kim.

– Vai fazer um treinamento especial – completou o sargento.

– Onde? Quis saber o tenente.

– Ásia, na região vietnamita.

– Finalmente vamos a algum lugar fora das florestas daqui de perto – as base militar se localizava ao sul da Itália, ou o que restou do país, as florestas em que a equipe treinava algumas vezes ficavam no Congo.

Wilhelmsom verificou a veracidade da informação com o General Sato, que confirmou. Uma licença do governo asiático concedia o direito para o exército europeu treinar em seus territórios. O Conselho escolheu a Companhia Wilhelmsom, era julgada a mais eficiente atualmente.

Farah
Enviado por Farah em 24/07/2008
Código do texto: T1096076
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