As Curvas da Volupia

Peguei-a em um beco escuro e ruído, lembrando muito Varsóvia durante a guerra. Ela aproximou-se com passos sutis, bem femininos, da forma como somente as mulheres conseguem fazer, pé após pé, com um movimento hipnotizante nos quadris. Debruçando-se sobre a porta de meu velho Ford, ela joga os cabelos para trás com charme, abre um sorriso que é celestial, me pergunto o que ela estará fazendo numa vida como essa, percebo que a garota têm potêncial.

- Uma noite de prazeres? - ela indaga em uma voz sensual que me lembra a cantora Julie London, seus lábios estão brilhantes e saborosos sob a luz da lua que nasce, e trêmula sobre as folhas das árvores do outro lado da rua, que projetam as suas sombras na direção oposta dos postes.

Eu faço minha pose mais galante, estou com meu salário todo, não posso gastá-lo, mas estou contemplando uma deusa, minha esposa está em casa, e eu estou querendo uma aventura. Faço uma cara de difícil, como se não estivesse interessado, porém a moça da noite percebe que estou a ponto de babar, e logo diz:

- Vinte e cinco pra você, meu bem. - O perfume dela é inalado por minhas narinas, e no momento em que passa para o sistema nervoso, há uma reação em minha glande, sinto o sangue correr prazerosamente por minha região púbica.

- Entre, vamos - digo eu com meu desejo mais aflorado do que nunca. Peço que ela se apresse. Após recostar-se no banco, ela olha-me e sorri, ela me domina com os olhos, que percebo serem de um acinzentado surreal, ela é um sonho.

A garota passa a mão em minhas pernas, e logo sinto meu membro reagir com vigor, e quase perco o controle do volante, eu acelero, e procuro um motel com vagas, bêbado de tesão, eu dirijo feito um louco.

Quando encontro um com vagas, rapidamente apanho as chaves com o garoto da recepção, dou um nome qualquer e finjo ser o meu, digo que ela é minha esposa, e ele aceita minhas palavras com uma careta esquisita. É devido às roupas dela, meia 3/4 de renda e saia curta de couro vermelho, além de uma bolsa preta onde guarda a maquilagem e suas bugigangas de mulher.

Freneticamente trancafio a porta do quarto 214. Pego-a em meus braços e sinto o perfume de sua pele, a volúpia de seu corpo que arde, e me abraça, incitando os pecados mais tentadores e obscuros que minha mente consegue racionalizar. Digo para ela que é linda, que é etérea, mas ela apenas gargalha.

Atiro-me sobre ela, tiro sua blusa curta negra como a noite, seguro seus braços com selvageria e prendo-a enquanto beijo-lhe o pescoço. Deslizo uma mão e acaricio-lhe os seios fartos e macios, sinto a tenra pele sobre minha mão, os mamílos endurecem-se rapidamente, e eu sinto um desejo incontrolável de penetrá-la, eu quero fazer isso mais que respirar. É um desejo selvagem que todos os homens possuem, pois sentem-se realmente homens ao penetrar a fêmea, sentem necessidade de fazê-lo para poder sentir sua virilidade. Arranco sua saia e sua calcinha com rapidez, ela me passa uma camisinha que eu ponho mais rápido possível, e com ela nua em minha frente começo o meu deleite de desejo.

O momento é sublime, entrega-se a mim, ao menos momentâneamente, ela finge sentir prazer, faz ruídos de excitação, porém sei que é apenas seu teatro, esse é seu pacote completo. Até que chega-se ao ápice, e sinto o orgasmo descer em um jato pela minha uretra em direção à vulva dela, porém é retido pelo látex.

Eu não consigo nem ao menos raciocinar neste momento, perdido nas maravilhas desta transa. Então sinto um movimento abrupto, algo frio passa pelo meu pescoço, mas com todo o êxtase do momento não sinto nada, talvez uma rajada de vento pelas frestas deste motel de quinta. Mas então sinto algo quente, escorrendo, sinto minha cabeça pesar mais do que deveria de repente, e sou jogado para trás, caio nú de costas, com as pernas sobre a cama, vendo a porta de entreaberta do quarto, invertida, vejo a moça que me deu as melhores sensações do meu dia limpar algo com um pano e jogá-lo sobre meu rosto, eu não consigo mexer-me.

Mas eu escuto ela dizer "Feche nossa conta, por favor".

Com muito esforço eu alcanço algo que está ao meu lado, e mesmo com a visão turva percebo ser minha carteira, e todo o dinheiro que havia nela se foi. Se foi com o orgasmo. E em uma última olhada ao redor, percebo que no frenetismo do ato sexual a camisinha se rompeu. Não tenho forças para mais nada.

Imagino que ela vá comprar um anti-concepcional agora.

Gabriel Dominato
Enviado por Gabriel Dominato em 28/04/2008
Reeditado em 31/07/2008
Código do texto: T965213
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