O NAMORADO DO VEADO.

ESSA HISTÓRIA É TOTALMENTE DESACONSELHADA PARA MENORES DE DEZOITO ANOS.

São Paulo é a meca brasileira para os nordestinos desamparados da vida; que fogem da seca que assola o Nordeste brasileiro de tempos em tempos, mas o Rio de Janeiro sempre teve seu charme e atrai também muitos de nós.

E foi no Rio de Janeiro que, em meados da década de setenta, aportou Pedro Paulo dos Santos.Cearense cabra da peste, brabo, mais brabo do que cobra de resguardo, como se diz aqui. Lá das bandas do Acaraú,

Ele chegou à antiga Capital da República numa quinta-feira. Embora matuto brabo, como disse, fazia amizades com muita facilidade e na sua inocência confiava muito nas pessoas. É tanto que já no sábado seguinte tinha conhecido alguns cariocas, e os levou para tocar violão no apartamento onde estava alojado.

À noite daquele mesmo sábado, encontrou-se com um amigo de infância do Ceará: Severino Dias, que já estava no Rio de Janeiro há algum tempo, e morava bem próximo ao apartamento onde Pedro Paulo estava.

Como velhos amigos, Severino foi convidar Pedro Paulo para dar uma volta pela cidade; mostrar o Rio: Copacabana, Ipanema, Leblon, os pontos da moda da época.

Pedro Paulo arrumou-se todo. Colocou a melhor roupa e foi com Severino em busca de Copacabana, de uns chopes e das meninas, claro. Andaram horas a fio por Copacabana e Ipanema. Não arranjam uma paquera sequer. Lá pelas tantas, Pedro Paulo, não agüentando mais andar rua acima rua abaixo pela Nossa Senhora de Copacabana, fala para Severino:

- Isso é lá terra de gente! Se fosse no Ceará, eu, todo arrumado, pronto, com minha melhor roupa, já teria arrumado umas cinco paqueras e pelo menos uma namorada.

Severino, acostumado com a malandragem do Rio de Janeiro, calejado, disse:

- Bicho, vou te levar para um lugar maneiro. Lá tu vais arranjar a namorada que bem quiser. É só escolher e pronto.

Pegaram o ônibus quatro meia quatro – Grajaú/Leblon, e se mandaram para a Lapa, reduto na época de prostitutas e veados. Local de muitas boates de homossexuais, prostitutas. Enfim, lugar de orgia.

Chegaram ao Passeio Público por volta da meia-noite. Saltaram do ônibus e de imediato se dirigiram para os arcos da Lapa, próximo de várias boates. Foi chegar e uma loira “de fechar” começou a paquerar Pedro Paulo, que meio sem jeito olha para Severino, não acreditando no que estava vendo: uma loira daquelas lhe dar bola. Na dúvida, disse para Severino:

- Bicho, olha que loira aquela que está ali.

Severino já vira a loira e tinha sacado que não era uma mulher. Fez-se de desentendido e começou a incentivar Pedro Paulo.

- A loira é uma gata. E está dando em cima de ti. Vai lá cara.

Pedro Paulo ainda meio desconfiado ponderou:

- Mas, uma loira dessa não vai me querer. Não é possível!

Entretanto, Severino continua insistente e incisivo, dando a maior força.

- Que nada. Ela está a fim mesmo. E muito a fim. Vai lá. Deixa de ser frouxo.

Se tu marcares bobeira aparece outro e leva a gata. E tu ficas a ver navio. Vai, Bicho. Se eu tivesse tua sorte já estava lá. E continua Severino dando corda a Pedro Paulo, que depois de tanto incentivo não resistiu e foi à luta. Chegou junto da gata e começou um bate papo. Papo vai, papo vem. Daí a pouco já estão se entendendo. E Severino, de uma certa distância, só observava.

Passado mais um pouco, Pedro Paulo se afasta todo vaidoso e orgulhoso, olhando para Severino, com a dizer olha o que eu ganhei: uma loira estonteante. E de mãos dadas, vão em busca de um local mais discreto, para uns colóquios amorosos, uns amassos, e param mesmo debaixo dos arcos num lugar mais escuro, pois naquele não havia tantos assaltos assim. Ali começam as carícias, os beijos, os abraços.

Enquanto a noite passa lentamente, os enamorados vão se aprofundando nas carícias. Dos beijos passaram para carinhos maiores, a mão já deslizando pelos seios.

Severino de camarote assiste ao prelúdio de um possível filme pornô.

Depois de passar as mãos nos seios daquele monumento, Pedro Paulo aos poucos vai descendo seus beijos. Pelo rosto, pescoço, ombros, braços, até chegar onde pretendia: os peitos da gata, que tinha uns seios maravilhosos, lindos, arredondados, brancos como neve com bicos pequenos e avermelhados, que devido às carícias já estavam bastante eriçados e loucos para serem chupados pela boca ávida de Pedro Paulo, que não perde tempo e freneticamente os chupa, sugando-os insaciavelmente, em êxtase.

Naquele frenesi todo, ele vai descendo seus beijos e suas carícias pelo restante do corpo do “avião”, que trajava uma mini-saia extremamente provocante, e permitia acesso fácil à sua região mais íntima, local que Pedro Paulo ardentemente queria beijar. E com jeito, de leve à medida que desce seus beijos e suas carícias ele vai tirando a calcinha do “avião”, de forma a não assusta-la.

De repente, quando Pedro Paulo já está com a boca bem em cima da “bocetinha” da gata, e desce totalmente sua calça, sente uma pancada no queixo. Uma porrada que o faz pular no meio da rua.

Na penumbra, não deu para ele ver o que o atingira seu queixo em cheio, contudo devido à procedência do impacto deu para imaginar do que se tratava. Nada mais, nada menos do que o cacete do veado, que também estava extremamente excitado e quando a calcinha foi baixada, liberou aquele pau retido por aquela minúscula calça íntima, que imediatamente subiu e atingiu bem no queixo de Pedro Paulo.

Meio aturdido, mas já sabendo do que se tratava Pedro Paulo foi logo descendo a porrado no veado. Severino, que contemplava a cena, correu e segurou Pedro Paulo para evitar uma briga. Sabendo que o ambiente era pesado, para conter a fúria de Pedro Paulo falou:

- Vamos, bicho. Aqui é boca quente. Vamos logo embora, senão outros veados aparecem e nós vamos apanhar muito. Com muita sorte sairemos vivos daqui.

Convencido Pedro Paulo, foram os dois embora. No caminha de volta para casa, Pedro Paulo não cansava de se lamentar e de implorar a Severino para não contar nada a ninguém, principalmente, ao cunhado de Pedro Paulo, em cujo apartamento ele estava morando, pois se caísse na boca do cunhado seria o fim. Todo mundo no prédio ficaria sabendo do ocorrido, e ele nunca mais teria sossego.

Severino mal esperou o dia amanhecer. Assim que viu o cunhado de Pedro Paulo tratou logo de contar o acontecido. E este de imediato passou a história para frente. O primeiro a saber foi o porteiro do prédio.

César, o porteiro do prédio, toda vida que encontrava com Pedro Paulo não perdia a oportunidade de soltar umas piadas e fazendo de conta que não estava falando com ninguém, soltava essa:

- O sujeito vem lá do Ceará para chupar pau de veado no Rio de Janeiro. É foda. Provocava.

Aquilo foi deixando Pedro Paulo com raiva do Severino. Na primeira oportunidade que se encontraram, Pedro Paulo tomou um porre em meteu a porrada no coitado do Severino que não era de briga e quase morre de apanhar.

Tempo depois, quando tudo já parecia esquecido, o cunhado de Pedro Paulo conta o fato para um tio, que passa a ligar para Pedro Paulo se dizendo o veado, curtindo com a cara de Pedro Paulo, e ainda ameaçado ir à porta do apartamento onde ele morava fazer um escândalo, pois estava perdidamente apaixonado pelo bofe da Lapa.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA – ABRIL/2008