O ASTRONAUTA ALIENÍGENA.

Num passeio costumeiro pelo universo, uma nave, em cujo interior estava um ASTRONAUTA ALIENÍGENA, deparou-se com uma pequena galáxia, cheinha de estrelas. Ao adentrá-la, visualizou um planetinha sem-vergonha, em comparação àqueles já conhecidos em outros passeios interestelares, e, com grande curiosidade, quis ver de perto se existia vida inteligente nele.

Entrando em sua atmosfera, percebeu que, em algumas regiões, a impossibilidade de respiração era iminente, devido aos gases monóxido e dióxido de carbono, considerados tóxicos. Tais gases ficavam concentrados na atmosfera deste planeta, como uma estufa, e por sua vez, destruía as camadas de ozônio, proporcionando o aumento considerável de temperatura, e, portanto, a longo prazo, o fim da existência de possível vida nesse astro.

Foi quando o ASTRONAUTA ALIENÍGENA perguntou para si próprio:

Se existirem seres inteligentes integrantes neste planeta, estariam eles gerando esses gases tóxicos? Seria, no mínimo, uma ESTUPIDEZ, porque ele é responsável por suas próprias vidas! Complementou sua pergunta introspectiva o alienígena, em tom exclamativo.

Dirigindo-se a outra região, observou que existia vida e também hierarquia, pois viu seres, para este planeta considerados “SUPERIORES”, os quais matavam outros seres, reconhecidos por estes como “INFERIORES”, unicamente para os seres “SUPERIORES FEMININOS” ornamentarem, em seus corpos, as peles dos “INFERIORES”.

Logo após, imprimindo velocidade em sua nave, viu também um campo oval, e muitos seres “SUPERIORES” sentados numa espécie de arquibancada, deliciando-se ao ver um deles, de capa vermelha, digladiando um ser “INFERIOR” com chifres, matando-o, covardemente. Em seguida, com ajuda de outros “SUPERIORES”, arrastava aquele corpo sem vida, pelo campo oval, enquanto na arquibancada, os seres “SUPERIORES” bradavam, num êxtase incontrolável, a satisfação pelo ocorrido.

Em sua nave, no alto, escondido nas nuvens, o ASTRONAUTA ALIENÍGENA, sentindo uma profunda angústia pelo que vira, resolveu retirar-se desta região do planeta, dirigindo-se a outro lado.

Verificou então, nesta nova região do planeta, a similaridade de perversidade com a região anterior, pois os seres “SUPERIORES” montavam no dorso dos “INFERIORES”, fazendo-os pular em movimentos descontrolados. Em sua percepção astrofísica de viajante galático, captou muito sofrimento dos “INFERIORES”. Por isso eles pulam desta maneira, na ânsia de se ver livres desta situação, na qual se encontram!, Pensava o ASTRONAUTA ALIENÍGENA.

E ainda, indiferentes às dores dos “INFERIORES”, uma multidão de “SUPERIORES” explodia de alegria ao contemplar (a seu ver) tremenda barbárie.

Então, continuando a pensar, estando em sua nave, ainda protegido na camuflagem das nuvens, disse:

Vou observar outros rincões deste pequeno planeta. Quem sabe contemplarei atos de benevolência dos seres “SUPERIORES” para com os seres “INFERIORES”?

Virando o “manche” de sua nave, o ASTRONAUTA ALIENÍGENA passou por várias regiões, e resolveu pairar acima da linha imaginária do Equador, ao perceber que, acima desta linha, os “SUPERIORES” dali moradores, achavam-se “MAIS SUPERIORES”, em comparação aos “SUPERIORES” moradores abaixo desta linha.

Chegando lá, observou que a maioria desses seres “SUPERIORES” matava e depois se alimentava de pedaços dos cadáveres de alguns seres “INFERIORES”, e, como se não bastasse, percebeu, nesta região, como em muitas outras regiões deste ínfimo planeta, que os considerados seres “SUPERIORES” matavam também seus semelhantes com intenção de dizimá-los, usando métodos descabidos, como explosões monumentais de artefatos cruéis. Tal agressividade jamais tinha sido vista por ele, e ela acontecia por diversos fatores ou motivos de difícil compreensão para o ASTRONAUTA ALIENÍGENA.

Por falta desta compreensão, e no afã de entender o porquê de tanta truculência bestial neste atrasado planeta, o ASTRONAUTA ALIENÍGENA ligou seu aparelho de rádio intergalaxial, na tentativa de captação de ondas para comunicação, talvez com pelo menos UM ser “SUPERIOR” inteligente. Foi quando ele ouviu a seguinte frase:

“NÃO EXISTE VIDA INTELIGENTE ALÉM DA TERRA.”

Então, por força do que ouvira, e, antes de que “SOBRASSE” para ele também como ser “INFERIOR”, ligando em sua total potência os propulsores de sua nave interestelar, exclamou, em tom apressado:

“FUI !!!”

"A vida é valor absoluto. Não existe vida menor ou maior, inferior ou superior. Engana-se quem mata ou subjuga um animal por julgá-lo um ser inferior. Diante da consciência que abriga a essência da vida, o crime é o mesmo."

(Olympia Salete)

O homem implora a misericórdia de Deus mas não tem piedade dos animais, para os quais ele é um deus. Os animais que sacrificais já vos deram o doce tributo de seu leite, a maciez de sua lã e depositaram confiança nas mãos criminosas que os degolam. Ninguém purifica seu espírito com sangue. Na inocente cabeça do animal não é possível colocar o peso de um fio de cabelo das maldades e erros pelos quais cada um terá de responder." (Gautama Buda)