Violentei...

Meu nome é Rubião. Mas, tão poucos me chamam assim que até esqueço tratar-se do meu nome verdadeiro. Logo após o serviço militar obrigatório, fiz teste para a policia e nesta pretendo aposentar-me. E foi no inicio que ganhei a alcunha Rubacão. Demorei à acostumar, estranhei bastante... Depois, não liguei mais e o apelido pegou. A origem foi quando um colega, cheio de graça, me viu pelado no vestiário do quartel e assustou-se com o tamanho do dote que Deus me deu. Achou que tal apelido condizia com o documento! Rubacão pegou e ficou.

Sou nascido aqui mesmo em Araritaguaba, dois filhos e minha esposa é professora de criançada. Somos casados há vinte anos e em pouco tempo, creio, seremos avós. A filha mais velha namora sério e passa dias na casa do namorado. O mais novo ainda é crianção de tudo, onze anos – meu xodó. Família normal, lar tranqüilo, igual à esmagadora maioria dos lares do Brasil. Problemas não graves sempre existiram e sempre foram sanados satisfatoriamente. Mas, o que vou lhes contar, enroscou e parece não ter volta. Já perdi a esperança de reversão.

Lá vai... Vou começar do começo, vou filtrar palavras para não chorar ninguém. Também não vou deixar de dizer nada. Quem é melindrado, pode ter problemas. Se quiser parar a leitura por aqui, a amizade continua. O que não posso é deixar de mostrar a bunda branca, apontar a de todos até que nos percebamos pelados.

Há pouco mais de um ano, prendi uns travestis que deixaram dentro da viatura um tubo de lubrificante à base de água chamado KY. Produto magnífico na pratica do sexo anal. Não deixa cheiro, não gruda na pele e sai facilmente na água. Desembarcaram na Delegacia e deixaram, sem dono, o produto libertino. Dissoluto, apossei-me do creme transparente. Durante dias matutei sobre como aproveitá-lo. Devo dizer que nunca divaguei tanto no mundo das relações sexuais, morais e por que não sociais? Imaginei todo o Kama Sutra hétero, gay, lésbico e outras cositas que ainda não nominaram. Naqueles dias, nada mais me entrava na cabeça a não ser sexo. Bastava mover-se para deixar-me a ponto de bala. Mais dias, menos dias, encaparia o ‘trabuco’ e o meteria no escapamento da viatura!

Perdoar, perdoei poucas vezes na vida. Minha preocupação maior era o respeito à esposa e à família. Mas a madrugada fria e o sexo fácil, nas ruas de são Paulo, faz até santo perder o norte. Imagine um cara como eu, ultimamente atiçado pela tal pomada! Fui levando e quem me queria, indistintamente, levava! Passavam-se os dias e como que virando bola de neve: eu queira cada vez o toba da minha esposa, companheira de toda a vida. Sentia-me até mal porque não conseguia desvencilhar-me de tal idéia maligna. E fazia perfeito juizo das conseqüências nefastas.

Pedir, eu jamais pediria. Não me saía da memória o sermão que ela me deu quando tentei no tempo de namoro. Uma mulher ordeira, dona de casa, religiosa... Aliás, acho muito errado esse negocio da igreja querer meter-se na foda dos outros. Ela não mete, portanto, nada entende de foda; se não entende, não deve opinar.

Apesar de ouriçada (a família) pelo meu aniversário de quarenta anos que se aproximava, minha Gata – é assim que a chamo – andava diferente. Parecia que me amava mais, dava-se mais, acarinhava-me bem mais que o normal, todas as noites transávamos e algumas vezes, quando dava, durante o dia. E assim foi até que ela considerou-me suficientemente amassado para dar a noticia: a gravidez da filha.

Minha filha sempre me pareceu uma velha de tão ajuizada, certinha e preocupada com o futuro. Nunca me deu preocupações e teve um único namorado de quem engravidara. Eu ia falar o quê? A bem da verdade, preferia até que ela mesma resolve a situação. Mas, mantendo a postura de pai, resolvi cuidar dos arranjos para o casamento. Poucos dias depois, ela sofreu aborto espontâneo e o casamento foi adiado para depois da conclusão da faculdade que já estava no fim.

Eu e a Gata vivíamos bons momentos e antes que terminassem as férias, fui ao Nordeste, ajudando um vizinho a guiar o caminhão. Resultado: fiquei quase quinze dias na secura total. Regressando, estava comendo até pensamento e fomos à forra: eu e minha Gata. Sempre fui safadão, sempre gostei de sexo... Mas, sempre amei muito a Gata e nenhuma transa era mais gostosa que a nossa!

Foi então que tive a idéia de usar o tal KY. Despejei mais da metade na palma da mão e apliquei-lhe nas cochas, vagina e no objeto do desejo: no ânus da Gata! O restante, apliquei no pau que estava duro feito ferro. Acho que nunca havia ficado tanto tempo sem meter, até o saco doía! Comecei o ritual no papai-mamãe e fui... Quanto mais ia, mais cede eu tinha. Ela dizia-me ‘meu leão’. Depois fui, fui pra conchinha e passei a associar tomada KY com sexo anal e fui, fui...

Sem querer, enfiei tudo no rabo da Gata! Enfiei até as bolas e de lá não tirei mais até de manhã. Ouvi-a reclamar de alguma coisa, mas, nem compreendia direito. O que me importava ali era o prazer que me cegava, me deixava surdo, louco, um leão...

Resultado: estou a mais de um ano dormindo no sofá e ela sustenta que nosso casamento está acabado. Compreendo-a. Mas nunca entenderei porque se sente desrespeitada.

Dias atrás morri de vergonha porque achei que a Gata confidenciara o ocorrido à filha. Mas esta nunca se metia em nossas brigas. Ainda mais agora, casada...

E o bom e velho sexo que sempre foi saúde, agora é um problema: pedra nos rins.