A tempestade se dissipara momentos antes da noite suceder o dia. As ruas desertas deixavam uma idéia de desolação e abandono. Não havia qualquer movimento, equivalia dizer não existir vida. Os veículos desapareceram, fato comum quando as ruas ficam alagadas.
Fina garoa ainda contribuía para a escuridão reinante, a iluminação pública, sem o fulgor de todas as noites, tornava mais sombrio o ambiente. Eis que ao longe se percebia três vultos, sem que pudessem ser distinguidos. Ao se aproximarem, os da frente era um casal abraçado, envoltos em capas permeáveis, pareciam tremer de frio. Pouca distância atrás caminhava um homem, que se protegia com uma capa preta, aspecto impressionante, parecendo estar sem roupas e sem sapatos. Acelerava os passos visando alcançar o casal.
O casal deixara o cinema, onde assistira um filme de terror, fato que favorecia o domínio do medo e a falta de segurança naquele instante.
O soturno indivíduo da capa preta nesta altura começava a gesticular e gritar ao casal, palavras sem nexos, insistentemente repetidas. O varão resolveu parar e perguntar o que ele queria, sendo surpreendido, quando abrindo parte do agasalho, até a cintura, viu o corpo completamente ensangüentado, com ferimentos produzidos por facas ou objeto cortante, Seu esforço fora em demasia, o corpo já não mais se agüentava, pernas trôpegas, fizeram com que caísse no chão.
Os dois não sabiam o que fazer, como socorrer aquele misterioso homem, ninguém para auxiliá-los. A mulher resolve correr em direção a um edifício e ele segura a cabeça do ferido, protegendo-a com a capa impermeável dobrada em várias partes. Ela teve dificuldades em ser atendida, solicita ao porteiro que se comunique com a polícia e o pronto socorro informando sobre o ferido.
O machucado respirava com dificuldade, procurou se comunicar, revelar o que havia acontecido, nada que o atendente pudesse entender, apenas que fora assaltado por rapazes que estavam num carro de luxo preto. A polícia chegou 15 minutos depois e a ambulância que veio era do Corpo de Bombeiros. Um dos policiais fora dentro da ambulância para conseguir colher outras informações, embora o Capitão Médico relutasse na concordância. O casal pouco pode esclarecer à polícia, que permanecia sem desvendar o acontecido.
Em casa o casal começou a recordar os acontecimentos de final da noite, evidenciava a preocupação como estaria passando o homem ferido, seria grave, perdera muito sangue e a capa preta era dele ou como conseguira. Evitaram comentar o filme de terror, resultaria em comparações do que assistiram na rua. Mas havia muita coincidência em todos as ações, a imaginária e a real.
Cedo, logo que acordaram ligaram a TV para verem os noticiários, os matutinos nada falavam, aguardariam os vespertinos, mas a curiosidade dominava, resolveram telefonar para o Corpo de Bombeiros, pouco ou nada adiantou. O serviço de assessoramento do quartel, leu o boletim e apenas esclareceu que o homem se chamava João A.R.da Silva e fora transferido para o hospital Pedro Ernesto em estado grave, mais nada sabia. Lembraram do filme de pavor. Nele, a mulher acometida de loucura, praticava barbaridades a ponto de atacar o marido, por influência do amante, com uma afiada faca de cozinha e o escalpelara, em todas as partes do corpo. Sangrando muito, inclusive na cabeça, vestira nele seu “pegnoir”, e o obrigara sair “porta a fora”.
O homem que vestia a capa preta balbuciara que fora assaltado por rapazes, que estavam em um carro de luxo, possivelmente o deixaram nu com apenas o sobretudo que portava em razão da chuva.
Os jornais da tarde no noticiário policial desvendavam o mistério, o João da Silva era um homossexual e tivera uma noite de orgia com vários rapazes abastados, em número de cinco, após o festim licencioso, resolveram aplicar o que chamaram de um corretivo. Todos já estavam presos e confessaram com detalhes o delito. Da delegacia foram transferidos para o manicômio judiciário, por serem portadores psicopatia acentuada, determinando vários ataques de debilitação maciça e global.
Aquela noite sombria não terminara só com essas sensacionais ocorrências, no hospital em que estava João da Silva houve um princípio de incêndio, obrigando a direção a retirar inúmeros enfermos dos aposento em que se encontravam, trazendo aos soldados do fogo árduo trabalho, que só findara quando as primeiras luzes do sol começara a clarear o céu. Outro dia estava por vir.
A existência humana está sujeita há momentos, nem sempre programados, inerentes à natureza, fica à procura do essencial para sobreviver, enfrenta a morbidez do tempo. Ninguém pensa que pode enfrentar uma noite sombria, deixa-se empolgar pelos prazeres da vida, necessita de grandes idéias, absortas, enérgicas e novas, às vezes surgem desfavoráveis, causando desgostos.
Fina garoa ainda contribuía para a escuridão reinante, a iluminação pública, sem o fulgor de todas as noites, tornava mais sombrio o ambiente. Eis que ao longe se percebia três vultos, sem que pudessem ser distinguidos. Ao se aproximarem, os da frente era um casal abraçado, envoltos em capas permeáveis, pareciam tremer de frio. Pouca distância atrás caminhava um homem, que se protegia com uma capa preta, aspecto impressionante, parecendo estar sem roupas e sem sapatos. Acelerava os passos visando alcançar o casal.
O casal deixara o cinema, onde assistira um filme de terror, fato que favorecia o domínio do medo e a falta de segurança naquele instante.
O soturno indivíduo da capa preta nesta altura começava a gesticular e gritar ao casal, palavras sem nexos, insistentemente repetidas. O varão resolveu parar e perguntar o que ele queria, sendo surpreendido, quando abrindo parte do agasalho, até a cintura, viu o corpo completamente ensangüentado, com ferimentos produzidos por facas ou objeto cortante, Seu esforço fora em demasia, o corpo já não mais se agüentava, pernas trôpegas, fizeram com que caísse no chão.
Os dois não sabiam o que fazer, como socorrer aquele misterioso homem, ninguém para auxiliá-los. A mulher resolve correr em direção a um edifício e ele segura a cabeça do ferido, protegendo-a com a capa impermeável dobrada em várias partes. Ela teve dificuldades em ser atendida, solicita ao porteiro que se comunique com a polícia e o pronto socorro informando sobre o ferido.
O machucado respirava com dificuldade, procurou se comunicar, revelar o que havia acontecido, nada que o atendente pudesse entender, apenas que fora assaltado por rapazes que estavam num carro de luxo preto. A polícia chegou 15 minutos depois e a ambulância que veio era do Corpo de Bombeiros. Um dos policiais fora dentro da ambulância para conseguir colher outras informações, embora o Capitão Médico relutasse na concordância. O casal pouco pode esclarecer à polícia, que permanecia sem desvendar o acontecido.
Em casa o casal começou a recordar os acontecimentos de final da noite, evidenciava a preocupação como estaria passando o homem ferido, seria grave, perdera muito sangue e a capa preta era dele ou como conseguira. Evitaram comentar o filme de terror, resultaria em comparações do que assistiram na rua. Mas havia muita coincidência em todos as ações, a imaginária e a real.
Cedo, logo que acordaram ligaram a TV para verem os noticiários, os matutinos nada falavam, aguardariam os vespertinos, mas a curiosidade dominava, resolveram telefonar para o Corpo de Bombeiros, pouco ou nada adiantou. O serviço de assessoramento do quartel, leu o boletim e apenas esclareceu que o homem se chamava João A.R.da Silva e fora transferido para o hospital Pedro Ernesto em estado grave, mais nada sabia. Lembraram do filme de pavor. Nele, a mulher acometida de loucura, praticava barbaridades a ponto de atacar o marido, por influência do amante, com uma afiada faca de cozinha e o escalpelara, em todas as partes do corpo. Sangrando muito, inclusive na cabeça, vestira nele seu “pegnoir”, e o obrigara sair “porta a fora”.
O homem que vestia a capa preta balbuciara que fora assaltado por rapazes, que estavam em um carro de luxo, possivelmente o deixaram nu com apenas o sobretudo que portava em razão da chuva.
Os jornais da tarde no noticiário policial desvendavam o mistério, o João da Silva era um homossexual e tivera uma noite de orgia com vários rapazes abastados, em número de cinco, após o festim licencioso, resolveram aplicar o que chamaram de um corretivo. Todos já estavam presos e confessaram com detalhes o delito. Da delegacia foram transferidos para o manicômio judiciário, por serem portadores psicopatia acentuada, determinando vários ataques de debilitação maciça e global.
Aquela noite sombria não terminara só com essas sensacionais ocorrências, no hospital em que estava João da Silva houve um princípio de incêndio, obrigando a direção a retirar inúmeros enfermos dos aposento em que se encontravam, trazendo aos soldados do fogo árduo trabalho, que só findara quando as primeiras luzes do sol começara a clarear o céu. Outro dia estava por vir.
A existência humana está sujeita há momentos, nem sempre programados, inerentes à natureza, fica à procura do essencial para sobreviver, enfrenta a morbidez do tempo. Ninguém pensa que pode enfrentar uma noite sombria, deixa-se empolgar pelos prazeres da vida, necessita de grandes idéias, absortas, enérgicas e novas, às vezes surgem desfavoráveis, causando desgostos.