Aos sonhos estranhos II
E de repente me vi em lugar conhecido, olhando de longe uma tribo gótica numerosamente formada, entoando uma palavra (como um grito de guerra) exatamente três vezes e batendo abafadamente no peito como se enfatizando aquele grito, afrontando a população e soltando pequenos seres voadores (que vi como borboletas) pretos por todos os lados. A tribo era absolutamente conhecida pelos moradores daquele lugar e todos olhavam com espanto aquela organização sombria composta de homens e mulheres vestidos grotescamente bem, com maquiagens sinistramente impecáveis enquanto passavam como um exército que caminhava com valentia para uma guerra, mesmo sem líder.
Eu admirava perplexo no canto de um dos prédios, vestido de forma simples, mas em completo por um negro vivo, quando uma das garotas que fazia parte daquela facção me viu e fez toda a caminhada parar. Eu a vi se aproximando cada vez mais e quando me vi novamente, já compunha àquela tribo linda; invadido por uma felicidade perversamente singular e soltando também das minhas mãos borboletas negras como se já fizessem parte do meu corpo, caminhava junto e em simetria para algum lugar desconhecido.
O brilho negro-prateado vindo das roupas, piercings e cabelos das mais diversas formas, ofuscavam toda a rua e eu lembro que só a noite nos guiava porque até mesmo as estrelas juntamente da lua já haviam desaparecido do céu suntuoso de trevas.
Num piscar de olhos, a tribo desapareceu como se já tivesse passado por ali e cumprido sua missão e neste mesmo momento olhei para o lado e vi alguns poucos integrantes naquela mesma rua conversando e “treinando” com homens cobertos por uma manta negra – somente isso – com uma aparência assustadoramente cadavérica. Naquela hora um medo me tomou, mas não, não era medo de participar da equipe, e sim, medo de ser mau. Na mesma hora algo do outro lado da rua me chamou atenção e quando olhei, vi componentes de uma outra tribo (não consegui identificar classificando-a como circense) passando de uma forma graciosamente desarmônica e dispersa, soltando das mãos aquelas mesma borboletas só que transbordando cores; e por vezes saiam fitilhos coloridos de suas faces com um brilho (nossa, que brilho!) capaz de cegar qualquer um que olhasse diretamente. Eles usavam roupas espalhafatosamente coloridas e em especial um deles me olhou, me olhou sorrindo com o canto da boca sarcasticamente e saiu dando espaço a um daqueles seres cadavéricos, um daqueles “Lordes Negros” se aproximar, me cumprimentar e me convidar para o “treino”(...) e então tudo se desfez com o meu celular tocando.