"AMOR NEGRO"
Por Olavo Nascimento (08/02/2025)
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-- EU QUERO SER A SUA ESCRAVA SEXUAL. Foi de repente e sem eu esperar que Felipa me surpreendeu.
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-- O que é isso agora menina? Eu tenho lhe procurado sem segundas intenções...
-- Eu sei disso, mas eu também tenho minhas carências...
Eu conheci FELIPA alguns anos atrás em um evento literário no Rio de Janeiro. Ela, como tantas outras, fora contratada como recepcionista de estandes na feira do livro. A sua cor africana de um negro bem retinto, ligada à sua beleza e simpatia, chamou a minha atenção quando atendia leitores na minha banca.
No último dia do evento, um domingo, a convidei com outros colaboradores, para uma recepção em agradecimento ao bom resultado obtido. FELIPA compareceu e tudo começou.
Aproximamo-nos e mais tarde a deixei em casa sem beijos e abraços, mas com um endereço anotado para encontrá-la quando quisesse sempre na parte da noite. E lá fui eu na primeira oportunidade.
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Ainda não tinha conhecido um lugar daqueles e resolvi entrar após confirmar que FELIPA estava presente. Muitas mulheres com poucas roupas, muitos homens com roupões, música ao vivo e muito sexo no ar. FELIPA ERA UMA GAROTA DE PROGRAMA.
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Acomodei-me num assento disponível, pedi um drink, apreciei músicas de um ótimo intérprete, esperei um bom tempo e ela chegou aparentando surpresa: -- Olá poeta! Boa noite. Feliz em vê-lo aqui. Vendeu muitos livros?
-- Nem tantos como eu gostaria e nem poucos como não desejava. Respondi apreciando a beleza na minha frente.
-- Foi a primeira vez que participei de um evento desses e gostei muito apesar de cansativo.
-- Mas é muito gratificante. Os autores têm que agradecer o trabalho de vocês.
-- Espero ser bem agradecida aqui... Você quer que eu reserve uma cabine pra nós.
-- Não entendo nada deste mundo minha querida. Hoje aqui eu sou uma criança inocente. Estou em suas mãos.
-- É o seguinte. O valor do programa foi lhe dito na entrada com direito a quarenta minutos na cabine. Concordas?
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O que aconteceu na cabine foi algo muito forte pra mim e principalmente pra ela que confessou: -- Meu adorado poeta, você conseguiu tirar-me de uma tranca horrível.
-- Como assim?
-- Apesar da minha atividade, dificilmente eu vou às nuvens, não vejo estrelas, não gozo. E você acaba de me destrancar.
-- Isso acontece minha adorada africana. Você vai conseguir com outros.
-- Não vai não. Eu me conheço. Eu quero você pra mim...
-- OK. Não sei se vou voltar aqui, mas se voltar eu lhe procuro...
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O tempo passou, cheguei a estar com ela em duas ocasiões, dois e seis meses depois, fazendo Felipa ver estrelas várias vezes. Tanto que ela não resistiu e propôs: -- EU QUERO SER A SUA ESCRAVA SEXUAL.
Felipa era uma negra linda e sensual com dentes brancos e perfeitos numa boca sorridente, brilhantes olhos castanhos e cabelos escorridos.
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-- EU QUERO SER A SUA ESCRAVA SEXUAL. Foi de repente e sem eu esperar que Felipa me surpreendeu.
-- Apesar da sua situação, eu sempre vou lhe respeitar.
-- Então eu peço para deixar esses cuidados pra lá, porque eu estou gostando de ti meu querido.
-- Você sabe o que quer dizer “escrava sexual”? É muito degradante...
-- Com você nada vai ser degradante, vai ser prazeroso.
-- Ser escrava é se entregar totalmente para um homem sem limites. E isso não é o que acho justo pra você.
-- O que não é justo é você continuar pagando nas nossas transas.
-- Se você deseja assim, vamos continuar na base do amor que é o sexo mais perfeito.
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A partir daí, passei a freqüentar o apartamento de Felipa uma vez por semana fora do horário do seu trabalho. Foram vários momentos tórridos com Felipa sempre se deliciando. Mas o que FELIPA não sabia, é que ela também havia me conquistado com a sua quentura negra de amar. Eram instantes libidinosos na busca do prazer que faziam dela uma leoa insaciável. Ela não parava enquanto não se sentisse cansada e satisfeita, fazendo de mim um verdadeiro escravo sexual acima da minha resistência. Ela não tinha limites e dizia que comigo compensava a falta de gozo no seu trabalho. Falava que bastava eu chegar perto pra acender a sua vontade de se entregar.
Foi um período curto de seis meses nessa transa com a beleza negra que deixou muitas saudades. Ela acabou partindo para as arábias ao se envolver com um empresário saudita que sempre a contratava como acompanhante em viagens.
A Felipa virou madame e nunca mais a vi. Só não sei se o sultão consegue levar estrelas para a sua odalisca.
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N.A.: Este conto é uma referência ao meu tautograma "FELIPA FEZ-ME FELIZ", publicado aqui no Recanto em 22/01/2025, o qual reedito a seguir em sua homenagem. Ei-lo:
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Felipa foi fibra, foi flora, foi filha,
Foi fada, foi frase feita, falta fiz,
Foi freqüente, foi fiel, foi família,
Foi fraterna, Felipa fez-me feliz.
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Felipa foi fogosa, foi fera felina,
Foi fêmea famosa, foi flor-de-lis,
Foi formosa, foi força feminina,
Foi faustosa, Felipa fez-me feliz.
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Felipa foi figurante, foi fantasia,
Fez filmes, fez fama, fez frenesi,
Foi faceira, foi festiva, fina folia,
Foi fervente, Felipa fez-me feliz.
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Felipa fez-me feliz, fragmentou,
Foi fervor, fulgurante, flacidez,
Fitou, flertou, flechou, fornicou,
Fez festa, faturou, fiquei freguês.
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Abraços
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