Meia velha
Esta história faz parte de minha infância que vivi na Rua Laudelino Marcondes Pereira, a famosa “Rua do Sapo” em Delfim Moreira – MG
Acho que era no ano de 1975, e naquela ocasião, eu estava reunido com meus amigos, diante de minha casa na Rua do Sapo (por não ser calçada e ficar próximo ao rio Sapucaí, sapos ali era praga).
Recordo-me que o assunto do momento era “Jogo de Meia”, pois naquela época não tínhamos fácil acesso a bolas de borracha e muito menos de couro, como nos dias atuais, então o jeito era improvisar.
(Alguns de meus contemporâneos são testemunhas do que eu estou relatando).
Pois bem, vamos ao fato.
A dificuldade era conseguir com que as pessoas doassem suas meias usadas, para que nós “confeccionássemos” nosso tão desejado brinquedo.
Foi durante essa “reunião” que, Dona Ana, uma coroa enxutíssima, famosa costureira de nossa rua passou por nós.
Geraldinho, filho mais novo do vendeiro Duda, num impulso inocente, levantou-se e perguntou a costureira:
- Dona Ana, quando a senhora estiver Meia Velha, a senhora dá pra gente?!
Aquilo soou tão mal aos ouvidos da mulher que ela imediatamente respondeu:
- Moleque indecente!! Seu pai vai ficar sabendo deste seu atrevimento...
Foi quando Minduim, seu irmão mais velho, interveio e explicou a mulher qual fora a verdadeira intenção da pergunta e tudo se arranjou. Como tudo se arranjava naquelas ocasiões.
O pobre Geraldinho ainda levou alguns “cascudos no pé da orêia”, sem compreender no entanto, o que estava acontecendo.
Por curiosidade, Dona Ana passou a ser uma das nossas melhores fornecedoras de meias velhas, para a alegria da nossa turma.
Que saudade...