FRAZINHO, O TERROR DAS ELEIÇÕES!

FRAZINHO, O TERROR DAS ELEIÇÕES

Nosso querido e saudoso amigo Frazinho Gonçalves Campos, de tradicional família poçoense cuja ancestralidade remonta a Bandeira de João Gonçalves da Costa, que foi responsável pela fundação do povoado, que mais tarde seria o atual município de Vitória da Conquista, do qual Poções veio a emancipar-se em 1880, nasceu e viveu por longos anos na sede municipal. Boa praça, amigo de todos, tinha um volume de voz que dava conta da sua presença num raio de trinta metros. No jargão artístico sua voz seria tonitruante. Pois bem.

Certa feita, acontecia no prédio antigo do Forum num dia de contagem de votos, muito comum àquela época, o salão do Forum cheio e parte da população do lado de fora, na expectativa de saber a votação dos candidatos a prefeito e vereador. Em dado momento, os ânimos começaram a se animar e a voz de Frazinho ecoava na parte externa e perturbava o andamento das apurações. Foi então que o juiz Ismael Archanjo pegou o microfone e pediu silêncio, ato que repetiu algumas vezes numa fração de 30 a 40 minutos, a ponto de se aborrecer e ameaçar de prisão aquele que o desobedecesse. Houve certo silêncio, mas ato contínuo, Frazinho, disse algumas palavras em voz natural, que soaram como um desafio, apesar de não ter sido essa a sua intenção. Ismael lá da mesa lhe deu ‘voz de prisão’ e mandou os policiais de plantão escoltarem-no para a Cadeia Pública. O Promotor Fernando Wellington e os advogados presentes, pediram ao juiz para relaxar a ordem, mas o magistrado a manteve e pronto. Sob protestos dos amigos, a sessão foi suspensa e Frazinho foi levado ao xilindró. Na Cadeia, o carcereiro era Menininho, um bom e humilde servidor da Polícia que viu-se na desídia de trancafiar o amigo Frazinho. Entrementes, alguns amigos furtivamente foram ao prédio da Cadeia que funcionava onde mais tarde seria a Biblioteca Pública Municipal. Lá chegando, depois de enganarem Menininho, deram fuga a Frazinho. A confusão se estabeleceu e ninguém se apresentou para se responsabilizar. Menininho disse ao juiz que o pessoal chegou de arma em punho e usando máscaras. Que era impossível saber as suas identidades. Dias depois o juiz pediu remoção da Comarca e Menininho, anos após, veio para Vitória da Conquista onde se aposentou e viveu por muitos anos. Às vezes encontrava-me com ele no centro de Conquista e sempre lamentava o mal que tal atitude causou. – “Rapaz, eu não sabia o que dizer ao juiz. Se desse os nomes, ele ia mandar prender todos e ia ser pior. Aí eu tive de inventar uma narrativa, com armas e máscaras, a la filmes de cowboys americanos"!

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 05/12/2024
Código do texto: T8212527
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