CABO DAS TORMENTAS FOI O MEU MAIOR TORMENTO!
Desculpe o trocadilho, mas esta foi uma grande verdade. Tudo começou quando eu tinha apenas 9 anos e estava no meu primeiro ano. Apesar de ser sempre um menino tímido, sempre fui movido por uma curiosidade incontida que, em algumas oportunidades, poderia me colocar em maus lençóis. E foi o que me aconteceu durante uma aula, quando a professora estava falando sobre o descobrimento do Brasil, lembro-me muito bem, que quando ela falou em Cabo das Tormentas simplesmente me deu uma vontade de rir por causa deste nome, o que logo irritou a professora que nunca me pareceu muito simpática. Imediatamente quis saber o motivo pelo qual eu estava rindo e logo tentei responder, mas não a convenceu, pois achou que eu atrapalhara a sua aula. A minha dúvida foi querer saber o porquê deste nome. Se ela sabia ou não, o certo é que não me respondeu e sim, imediatamente foi ao quadro negro e pôs escreveu uma conta e me mandou resolvê-la, como castigo, pois ela sabia mais do que ninguém que eu não gostava de números, aliás, parecia que tinha até pavor. Neste momento finquei o pé e disse que não ia. Isto foi a gota d'água para a celeuma começar. Na hora, se sentindo ofendida por aquela desobediência em plena sala de aula, aí ela apelou para a sua ignorância e arrogância, dizendo:
- Não vem, seu NEGRINHO. pois vai ficar ali em pé, de costas pra turma!
A palavra NEGRINHO me ofendeu tanto que no ato lhe respondi:
- É melhor ser assim da minha cor do que amarela como a senhora! - respondi já chorando.
Só que este choro foi apenas o prenúncio do que eu iria enfrentar mais tarde quando chegasse em casa. Pois levei uma das maiores surras da minha vida dada por minha mãe, que nem se importou com a atitude preconceituosa e racista daquela professora. A qual, quis o destino, sem que ninguém a desejasse mal, casasse com um homem de cor escura e teve uma filha com a tez igual à minha. É aquela história: "Aqui se faz, aqui se paga!".