CAPÍTULO DOIS
Há quem diga que a criação do homem, tal qual o vemos hoje, foi planejada para atender à uma necessidade que o Senhor, aqui referido como Elohin Deus, tinha de colocar alguém neste nosso pequenino planeta para servir como uma espécie de embaixador, comissário, divulgador ou qualquer outro agente que pudesse torná-lo conhecido. Porque ele, sendo quem era, estava se sentindo muito incomodado com o anonimato a que estava sendo relegado na terra, pois nela ninguém o conhecia, e do que não se conhece pode-se dizer que não existe.
Pois coisa pior que do que ser uma incógnita, que ninguém sabe o que, ou no caso de um ser, quem é, é a falta de uma identidade pela qual se possa ser reconhecido e contado entre as criaturas existentes. Elohim Deus havia feito o céu e a terra em seis etapas de manifestação da sua energia criadora e tudo que neles havia nessas duas estruturas era obra de suas mãos. Mas as coisas não tinham evoluído como ele planejara. Em algum momento desse processo criativo elas tinham saído do seu controle e ele viu que precisava tomar uma atitude para recuperá-lo, porque ele, mais do que qualquer outro, sabia que no campo onde Deus não joga é o Diabo que apita o jogo.
E era exatamente isso que estava acontecendo na terra. O seu poder estava sendo usurpado por um rival e ele não estava gostando nada do que estava rolando no terceiro planeta que orbitava o sol, onde ele, por um motivo qualquer que agora não vem ao caso, resolveu plantar a semente da vida. Por isso ele disse a Miguel, seu Elohin filho, aquelas palavras que estão escritas nas crônicas oficiais que relatam o evento: “ façamos um homem à nossa imagem e semelhança, para que ele domine sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais da terra, incluindo os répteis que se arrastam sobre o seu próprio ventre”, porque, se não o fizermos, o nosso adversário, que já está trabalhando para isso, vai acabar tomando o nosso lugar”. Ao que Miguel respondeu: “Assim seja, meu eterno pai, mas se posso dar uma sugestão, acho que deveríamos fazê-lo hierarquicamente um pouco menor que os anjos e um pouco maior do que os animais.”
“Explique isso” pediu Elohin pai, que não tinha captado o sentido da sugestão.
“ Devemos dar a ele todas as prerrogativas que necessárias para que ele seja o nosso representante na terra e conceder-lhe todos os atributos da nossa magnificência, mas é melhor não lhe prover o dom da consciência de si próprio, nem a qualia da imortalidade, para que ele não pense que é um Deus também. E de repente aconteça com ele o mesmo que aconteceu com o meu irmão Samael, que como sabeis, subtraiu-se do vosso domínio e se tornou vosso opositor.”
Elohin Deus pensou e achou as sugestões de Miguel bastante ponderadas.
“ Tens razão, Miguel. O homem não deve ser o árbitro de si mesmo. Ele não pode ter noção do que é o bem e o mal e muito menos ser imortal. Vamos fazê-lo belo como um anjo e conceder-lhe muitos anos de vida, mas que ele viva inocente como uma criança que acaba de nascer e ao fim de uma longa existência, volte ao pó de onde ele foi tomado. Nele refletirei todos os atributos da minha personalidade. O homem será bom, honesto, piedoso, sincero, compassivo, virtuoso, justo e perfeito em pensamentos e atos, como eu mesmo sou. Através dele todo o universo me conhecerá por esses atributos e não por qualquer outra qualidade que esteja agasalhada no meu poder. E dessa forma ele será exatamente o contraponto daquela nação maldita que seu irmão Samael está espalhando pelo planeta.”
E nessa conformação foi feito o homem Adão. Á imagem e semelhança do próprio Deus. Não na sua forma física, porque essa ele nunca a teve, mas sim nos seus atributos de qualidades e virtudes.
Tudo isso aconteceu porque no mundo que Elohin Deus havia feito ainda não existia ninguém que soubesse que havia um Deus e que tudo havia sido feito por ele. Nem quem era ele. Por isso, Elohim Pai se sentia uma criatura ignorada e só. Ele era alguém que existia e não existia porque ninguém sabia que existia. Porque a existência é um atributo da consciência.
Então Elohin Deus quis dar-se a conhecer e resolveu fazer o mundo justamente para que se soubesse que ele existe. E nele pôs o homem para certificar a sua existência.
Elohim Pai queria se tornar conhecido pelos seus atributos. Ele era o Deus dos dez atributos: tinha a coroa, a sabedoria, o entendimento, a misericórdia, o poder de julgamento, a beleza, a vitória, o esplendor, a fundação e o reino como está escrito na árvore que descreve o processo genealógico que ele usou para fazer o universo. Ele tinha todas essas qualidades que especificam o seu poder, mas como ninguém sabia disso de nada lhe servia a posse de toda essa arquetipia.
É que de nada adianta ser bom se ninguém há para dar testemunho da sua bondade; de nada serve uma força se não há sobre o que se aplique; de pouco vale uma justiça que não tem nada nem ninguém para julgar; e um poder que ninguém sabe que existe nada pode, assim como é inútil uma luz que fica oculta nas travas, um movimento que não tenha o contraponto da inércia para se manifestar, uma beleza sem olhos que a contemple, da mesma forma que não se pode falar em vitória quando não há adversário para ser superado.
Destarte, Elohim Pai era algo assim. Antes de manifestar a sua potência no universo das coisas reais ele era como um rei sem reino, um monarca sem súditos, que se sentava no trono da sua magnificência resplandecente, sem que nada, nem ninguém houvesse para reconhecer a sua majestade. Então ele disse para si mesmo: “Farei o universo para ter um reino sobre o qual reinar; porei nele criaturas que me sirvam por súditos e que possam me reconheçer pelos meus atributos. Por que eu sou bom, compassivo, justo, fiel, generoso, sábio, belo e quero que todas essas minhas qualidades sejam conhecidas e exaltadas. Eu tenho todo o poder e quero exercê-lo. Construirei, pois, um reino para que nele eu possa manifestar o meu poder.”
Foi por isso que ele resolveu fazer o céu, a terra e todas as coisas e criaturas que conhecemos como sendo o conjunto que forma o universo real, como está escrito que ele fez.
E já durava quatro dias esse trabalho estafante que Elohin
Pai havia começado. Nesses quatro dias, que devem ser contados como milhões dos nossos anos terrestres, ele havia separado a luz das trevas, as águas de cima, que nós conhecemos como nuvens que agasalham a chuva, das águas de baixo, que são todos os rios e oceanos da terra. E tinha feito aparecer a parte seca, que são os continentes e as ilhas, isolando-a da parte aquosa que são os chamados mares e oceanos. E também já havia provido a superfície da terra com uma capa verdejante feita de matas e florestas, cujas plantas eram dotadas de sementes que garantiriam a perpetuação de cada espécie pelo tempo em que a própria terra durasse. E no quarto dia, como está escrito, ele fez aparecer o sol e a lua, cada um com uma função definida; o sol para governar o dia, e a lua para governar a noite. E para corolário dessa obra magistral que ele havia realizado colocou na abóbada celeste uma miríade de estrelas, cuja função ainda não sabemos, mas que certamente alguma utilidade tem porquanto Elohin Deus nada faz que não seja com um propósito.
"Tudo isso é muito bonito" disse Miguel, o seu arcanjo primogênito, também conhecido como Elohin Filho. “Mas nada disso serve ao vosso propósito, meu pai. Terra, ar, fogo, vento, água, estrelas e plantas, nada dessas coisas que fizestes vos darão reconhecimento. Elas não têm consciência. Vossa potência estará nelas, porque dela elas são feitas, mas os vossos atributos elas não refletirão. Podeis dizer que a luz é boa, que a água é útil, que as estrelas são belas, que o fogo e o ar são necessários, mas de nada servem porque não tem nem ninguém a quem servir.”
E mais uma vez Elhoin Pai ponderou: “Tens razão, Miguel. Aliás, sempre a tens. Não é à toa que és meu filho dileto, em quem deposito toda a minha complacência. Agora que a terra já tem forma ela não pode mais ficar vazia. Farei com que ela produza criaturas que se reproduzam segundo suas espécies ― felinos, equinos, primatas, répteis, insetos, aves, peixes e todo tipo de criatura que hospeda vida em seus organismos ― para que eles povoem todo o planeta e sejam o símbolo do meu poder.”
E assim ele fez. E como foi escrito, Elohin Pai viu que tudo isso era muito bom e sentiu orgulho da obra que fizera.
Destarte, o homem foi feito justamente com a finalidade de ser uma espécie de embaixador de Deus na terra. Através da consciência humana ele deixaria de ser uma existência negativa, difusa e perdida nas solitudes cósmicas para se tornar uma presença positiva e atuante, conhecida e venerada, como de fato merecia, sendo ele o Senhor Supremo, Criador do universo.
Agora, claro que sendo ele Deus e Deus tudo pode fazer, mesmo usando os métodos mais bizarros que se possa imaginar, como aquele pelo qual os relatos canônicos nos fizeram crer que a criação começou. Tudo pode ser. Dessa forma, nada obsta que a criação tenha mesmo começado assim, com um passe de mágica, como aqueles feito por um prestidigitador que pega uma bola de cristal, faz brilhar dentro dela uma luz e ela vai preenchendo a escuridão do vazio cósmico, se transformando em coisas com massa e forma. Por que é assim que se diz que o universo foi feito. No princípio, nada, exceto o espírito de Deus, fosse ele o que fosse, existia. E ele pairava sobre as águas. Que águas eram essas ninguém sabe, mas nós suspeitamos que seja a sua própria energia imanifesta. E então ele disse: haja luz e houve luz. E ele viu que a luz era boa e a separou da escuridão. E a sua energia, em forma de luz, foi preenchendo o vácuo trevoso, dando origem a tudo isso que chamamos de mundo real.
Assim, convenhamos, fica mais fácil imaginar como se iniciou esse curioso drama da criação. Elohim Deus, o Espírito Supremo, exerce uma vontade que se manifesta sobre as suas próprias potencialidades e cria o universo, da mesma forma que um sujeito de vontade poderosa, como um Alexandre Magno, Júlio César, Napoleão ou Gengis Kan, se manifesta a partir da sua e criam impérios. Tudo tem sentido. Nada se cria, tudo se copia, dizia um conhecido comunicador da nossa velha mídia televisiva e ele estava certo. Tanto que esses homens acabaram sendo venerados como deuses entre seus povos.
Daí que, segundo as crônicas oficiais, para arrematar a sua obra ele fez um boneco de barro, soprou nas suas narinas um alento de vida para lhe dar uma alma, ou pronunciou no seu ouvido uma palavra mágica, que alguns dizem ser o seu verdadeiro nome, e eis que temos, vivinho, lampeiro e todo pimpão, o nosso papai Adão.
Isso é interessante porquanto essa visão nos leva a pensar, seja como for que essa mágica tenha sido feita, que Adão era uma espécie de golém feito pelas mãos de Elohim Deus. Para quem não sabe o que é um golém vamos explicar que se trata de uma espécie de criatura criada por artes mágicas, que só os especialistas nessa ciência chamada Cabalá conhecem. Há quem diga que se trata de uma mera lenda, mas também há quem afirme que se trata de uma experiência verdadeira cujos resultados foram vistos e confirmados. Tudo cabe nessa história. A teoria que está por trás dessa lenda, ou ciência, digamos, é a crença de que Elohim Deus, que no cômputo geral da sua majestade, teria cerca de dez bilhões de nomes, na verdade, tem um nome de batismo que, se corretamente escrito e pronunciado naquela língua que só os anjos sabem falar, confere ao seu conhecedor um poder que só ele pos-
sui, ou seja, o de dar vida a qualquer coisa que ele tocar.
Com base nessa crença, vários cultores dessa estranha ciência se dedicaram a fazer combinações entre as letras usadas nesse alfabeto para escrever os milhões de nomes pelos quais Deus era chamado, porque, segundo acreditavam, uma dessas combinações seria o seu verdadeiro nome, e quem o descobrisse e o soubesse pronunciar adquiria o poder de criar o seu próprio Adão.
Assim nasceu a lenda, ou a história do golém. E essa prática, de fabricar goléns, se quisermos dar crédito à essas histórias, parece que se tornou uma tradição entre o povo que escreveu as crônicas consideradas oficiais, pois foram vários os sábios oriundos desse povo que tentaram repetir a proeza de Elohim Deus ao criar Adão, fazendo também os seus próprios goléns, homúnculos de barro que eram animados por uma palavra dita ao ouvido deles, ora para defender seus guetos de ataques dos inimigos, ora para servir como guarda-costas ou até mesmo como um sicário para eliminar seus inimigos.
Agora, já vimos que a finalidade pela qual Elohim Deus criou Adão foi a de ter, na terra, uma criatura que o tornasse conhecido. Quer dizer, alguém que lhe servisse de agente e propagador dos seus atributos. Mas não só, ao que parece. Além desse objetivo, digamos, midiático, queremos crer que ele também precisava de alguém para defender os seus interesses no planeta, porque, como veremos no curso desta narrativa, ele tinha um rival bastante ativo que estava lhe causando muito incômodo, desenvolvendo, inclusive, um reino paralelo em lugares não muito distante daquele jardim onde ele criou o homem Adão e o pôs para morar.
Disso sabemos porque as próprias crônicas oficiais informam que antes de Elohin Deus ter produzido o seu protótipo de ser humano, tal qual somos hoje, já havia na terra criaturas semelhantes ao homem, ainda que de etnia diferente da do nosso pai Adão.
Se não quisermos dar crédito às narrativas ditas científicas, que afirmam ser o homem produto de uma longa evolução de uma forma de vida que começou no mar, ou quiçá tenha sido trazida do espaço para a terra por meteoritos, ou por seres aqui aportados a milhares de anos atrás, teremos que aceitar que a criação começou e se desenvolveu da forma como está escrito que foi. E nessa narrativa veremos que antes de Adão já havia por aqui gente parecida com o que chamamos de seres humanos. Essa assertiva se comprova pela informação de que Cain, o amaldiçoado filho de Adão e Eva, após ser expulso da presença de Deus, encontrou em terras a nascente do Éden uma esposa. E a não ser que essa mulher fosse sua própria irmã, ou rebento oriundo de algum irmão que sentou praça e constituiu família em algum lugar distante daquele em que Adão construiu sua própria família, há que se admitir que a família do nosso presumível primeiro ancestral, na verdade, já tinha uma considerável concorrência habitando no planeta. E, presumimos nós, uma civilização já bastante avançada que costumava registrar o que lhes acontecia em tabuinhas de barro, que dizem, foram as fontes que forneceu a inspiração aos autores do enredo desse conto da criação tal qual o conhecemos.
CHAPTER TWO- WHY GOD MADE MAN
There are those who say that the creation of man, as we see him today, was designed to meet a need that the Lord, here referred to as Elohim God, had to place someone here, on this little planet of ours to serve as a kind of ambassador, commissioner, disseminator or any other agent who could make him known. Because he, being who he was, was feeling very uncomfortable with the anonymity to which he was being relegated on earth, because here no one knew him, and what is not known can be said that he does not exist. For something worse than being an unknown, that no one knows what, or in the case of a being, who he is, is the lack of an identity by which he can be recognized and counted among the existing creatures. Elohim God had made heaven and earth in six stages of manifestation of his creative energy and everything that was in them in these two structures was the work of his hands. But things had not evolved as he had planned. At some point in this creative process, they had gotten out of his control and he saw that he needed to take action to get it back, because he, more than anyone else, knew that on the field where God does not play, it is the Devil who whistles the game.
And that was exactly what was happening on earth. His power was being usurped by a rival and he was not liking at all what was happening on the third planet that orbited the sun, where he, for some reason that is not relevant now, decided to plant the seed of life. That is why he said Michael, his son Elohim, those words that are written in the official chronicles that report the event: "let us make a man in our image and likeness, so that he may have dominion over the fish of the sea, the birds of the air and all the animals of the earth, including the creeping things that crawl on their own belly", to which Michael replied: "So be it. But, my Eternal Father, if I may make a suggestion, I think we should make it hierarchically a little smaller than the angels and a little higher than the animals." "Explain that," asked Elohin Sr., who had not understood the suggestion. "Let us give him all the prerogatives he deems necessary for that he may be our representative on earth, and let us grant him all the attributes of our magnificence, but we must not provide him with the gift of self-consciousness, nor the quality of immortality, lest he think he is a God also, and suddenly happen to him the same thing that happened to my brother Samael, who, as you know, has withdrawn himself from your dominion and has become your opponent."
Elohim God thought and found Michael's suggestions quite thoughtful. "You're right, Michael. Man is not to be the arbiter of himself. He cannot have a notion of what good and evil are, much less be immortal. Let us make him beautiful as an angel and grant him many years of life, but let him be innocent like a child who has just been born and at the end of a long existence, return to the dust from which he was taken. In it I will reflect all the attributes of my personality. Man will be good, honest, pious, sincere, compassionate, virtuous, just, and perfect in thought and deed, as I myself am. Through him the whole universe will know me by these attributes and not by any other quality that is wrapped in my power."
And in this conformation Adam was made man. In the image and likeness of God himself, not in his physical form, because God never had it, but in his attributes of qualities and virtues. All this happened because when the world that Elohim God had made, there was still no one who knew that there was a God and that the world itself was made by him. Nor who he was. Therefore, Elohim the Father felt like an ignored and lonely creature. He was someone who existed and didn't exist because no one knew he existed. So, he wanted to make himself known and decided to make the world precisely so that it would be known that it exists.
Elohim the Father wanted to become known for his attributes. He was the God of the ten attributes: he had the crown, wisdom, understanding, mercy, the power of judgment, beauty, victory, splendor, foundation and the kingdom as it is written on the tree that describes his genealogy, named by cabalists as Tree of Life. He had all these qualias that specified his power, but as no one knew about it, it was of no use to him to possess all this archetypal.
For it is of no use being good if no one knows your goodness; a force is useless if there is nothing to which it is applied; a justice that has nothing and no one to judge is of little value; and a power that no one knows exists is useless, just as a light that is hidden in darkness or a movement that does not have the counterpoint of inertia to manifest itself and a beauty without eyes that contemplates it; just as one cannot speak of victory when there is no worthy adversary to be overcome.
Thus, Elohim the Father, was something like that. Before he manifested his power in the universe of royal things, he was like a king without a kingdom, a monarch without a people, who sat on the throne of his resplendent magnificence, with nothing and no one to acknowledge his majesty. Then he said to himself, "I will make the universe that I may have a kingdom over which to reign; I will put in it creatures who will serve me as subjects and who can recognize me by my attributes. Because I am good, compassionate, just, faithful, generous, wise, beautiful and I want all these qualities of mine to be known and exalted. I have all the power and I want to wield it. I will therefore build a kingdom so that in it I may manifest my power."
That's why he decided to make heaven, earth and all the things we know to be the real universe, as it is written that he did. And this grueling work that Elohin Sr. had begun had been going on for four days. In these four days, which may have lasted a few millions of our terrestrial years, he had separated the light from the darkness, the waters above, which we know as clouds that shelter the rain, from the waters below, which are all the rivers and oceans of the earth. And he had made the dry part, which are the continents and the islands appear, isolating it from the watery part, which are the so-called seas and oceans. And he had also provided the surface of the earth with a verdant cover made of woods and forests, whose plants were endowed with seeds that would guarantee the perpetuation of each species for as long as the land itself lasted. And on the fourth day, as it is written, he caused the sun and the moon to appear, each with a definite function; the sun to rule the day, and the moon to rule the night. And as a corollary of this masterful work that he had accomplished, he placed in the celestial vault a myriad of stars, whose function we do not yet know, but which certainly has some use, since God does nothing that is not for a purpose.
"All this is very beautiful," said Michael, his firstborn archangel, also known as Elohin the Son. "But none of this serves your purpose, my father. Earth, air, fire, wind, water, stars and plants, none of these things that you have made will give you recognition. They have no conscience. Your potency will be in them, because they are made of it, but their attributes will not reflect them. You can say that the light is good, that the water is useful, that the stars are beautiful, that fire and air are necessary, but they are of no use because they have no one to serve."
And once again Elhoin God pondered: "Michael is right. Now that the earth has form, it can no longer be empty. I will cause it to produce creatures that reproduce according to their kinds—felines, horses, primates, reptiles, insects, birds, fish, and all kinds of creatures that host life in their organisms—so that they may populate the whole planet and be the symbol of my power."
And so he did. And as it was written, Elohin Sr. saw that all this was very good and felt proud of the work he had done. Thus, man was made precisely for the purpose of being a kind of ambassador of God on earth. Through human consciousness he would cease to be a negative, diffuse existence lost in cosmic solitudes to become a positive and active presence, known and venerated, as he actually deserved, being the supreme Lord of universe, Creator of the whole world.
Now, of course, since he is God and as God, he can do everything, even using the most bizarre methods imaginable, such as the one by which the canonical accounts have led us to believe that creation began. Anything can be. In this way, nothing prevents creation from having really begun like this, with a magic trick, like those made by a wizard who takes a crystal ball, makes a light shine inside it and it fills the darkness of the cosmic void, transforming itself into things with mass and form. Because that's how the universe is said to have been made. In the beginning, nothing but the spirit of God, whatever it was, existed. And he hovered over the waters. What those waters were no one knows, but we suspect that it is their own unmanifest energy. And then he said: let there be light, and there was light. And he saw that the light was good, and separated it from the darkness. And its energy, in the form of light, filled the dark vacuum, giving rise to all that we call the real world.
Thus, let's face it, it is easier to imagine how this curious drama of creation began. Elohim God, the Supreme Spirit, exercises a will that manifests itself upon its own potentialities and creates the universe, in the same way that a subject of powerful will, such as an Alexander the Great, Julius Caesar, Napoleon or Genghis Kan, manifests himself from his own and creates empires. Everything makes sense. Nothing is created, everything is copied, said a well-known communicator of our old television media and he was right. So much so that these men ended up being venerated as gods among their peoples.
Hence, according to the official chronicles, to finish off his work he made a clay doll, breathed into his nostrils a breath of life to give him a soul, or pronounced in his ear a magic word, which some say is his true name, and behold, we have, alive, clever and all bully, our daddy Adam.
This is interesting because this view leads us to think, however this magic was done, that Adam was a kind of golem made by the hands of Elohim God. For those who do not know what a golem is, we will explain that it is a kind of creature created by magical arts, which only experts in this science called Kabbalah know. There are those who say that it is a mere legend, but there are also those who claim that it is a true experiment whose results have been seen and confirmed. Everything fits in this story. The theory that lies behind this legend, or science, let's say, is the belief that Elohim God, who in the general reckoning of his majesty, would have about ten billion names, actually has a baptismal name that, if correctly written and pronounced in that language that only angels know how to speak, confers on its knower a power that only he possesses, that is, to give life to anything he touches. On the basis of this belief, various cultivators of this strange science devoted themselves to making combinations between the letters used in this alphabet to write the millions of names by which God was called, because, as they believed, one of these combinations would be his true name, and whoever discovered it and knew how to pronounce it acquired the power to create his own Adam.
Thus, was born the legend, or the story of the golem. And this practice, of making golems, if we want to give credence to these stories, seems to have become a tradition among the people who wrote the chronicles considered official, because there were several sages from this people who tried to repeat the feat of Elohim God in creating Adam, also making their own golems, homunculus of clay that were animated by a word spoken in their ear, sometimes to defend their ghettos from enemy attacks, sometimes to serve as a bodyguard or even as a hitman to eliminate their enemies.
Now, we have already seen that the purpose for which Elohim God created Adam was to have a creature on earth who would make him known. That is, someone who would serve as an agent and propagator of his attributes. But not only, it seems. In addition to this objective, let's say, media, we want to believe that he also needed someone to defend his interests on earth, because, as we will see in the course of this narrative, he had a very active rival who was causing him a lot of discomfort, even developing a parallel kingdom in lands not far from that garden where he created the man Adam and put him to live.
We know this because the official chronicles themselves inform that before God Elohin produced his prototype of a human being, as we are today, there were already creatures on earth similar to man, although of a different ethnicity from that of our father Adam. If we do not want to give credence to the so-called scientific narratives, which claim that man is the product of a long evolution of a form of life that began in the sea, or perhaps was brought from space to land by meteorites, or by beings that landed here thousands of years ago, we will have to accept that creation began and developed the way it is written that it was. And in this narrative, we will see that before Adam there were already people here similar to what we call human beings. This assertion is proven by the information that Cain, the accursed son of Adam and Eve, after being expelled from the presence of God, found a wife in lands at the source of Eden. And unless this woman was his own sister, or the offspring of some brother who sat in the square and raised a family somewhere far from the one where Adam built his own family, it must be admitted that the family of our presumed first ancestor, in fact, already had considerable competition inhabiting the planet. And, we assume, a civilization already quite advanced that used to record what happened to them on clay tablets, which are said to have been the sources that provided the inspiration for the authors of the plot of this tale of creation as we know it.