Uma questão que se põe nesse conto e que nenhuma crônica oficial disso trata é para onde Adão e Eva teriam ido depois que tiveram a sua inocência perdida. Mas por apócrifas fontes obtivemos informação que eles se dirigiram para o lado oriental daquela terra, seguindo o curso do rio Fison, que torneava todo o chamado país de Haviláh, onde segundo se dizia, era rico em ouro muito bom.

Casa melhor com as necessidades da nossa imaginação especificar locais e nomes para dar a ela insumos próprios com os quais ela possa trabalhar para construir suas imagens, pois sabido é que nossas mentes precisam de matéria prima para poder processar esses produtos que nós chamamos de pensamentos, porque elas não criam suas configurações a partir do nada. Por isso, localizar o novo domicílio do casal humano nos parece medida de especial atenção, porquanto ela nos coloca num estado mental propício a ver nesse enredo uma realidade mais fácil de ser capturada pela nossa imaginação. Todo conto, seja ele sobre que motivo ou fato for, é um composto de realidade e fantasia e quando não é torna-se tão enfadonho quanto uma mera ata de cartório ou de reunião de condomínio. E quem gosta de ler tais atas? Mas como nós sabemos agora que o tal fruto do conhecimento era, na verdade, a aquisição de uma consciência reflexiva por parte do ser humano, despertada pelo glamour do sexo, fica-se com a intuição de que a expulsão do tal jardim era, por vias de inferência, uma metáfora que representava a inocência perdida do casal humano, como já deixamos evidenciado, porque agora eles sabiam o que era prazer e o que era culpa e que ambas, muitas vezes estão hospedadas nas mesmas ações que a gente faz porque são julgadas por um juiz chamado resultado ou consequências, se quisermos optar por um termo ou outro.  

Dessa forma se justifica também a crença de muitos estudiosos da saga humana que dizem que a nossa espécie um dia já habitou em cavernas e tinha uma aparência semelhante à dos macacos. Pode ser. É bem possível que as tais vestimentas que Jeová Elohin confeccionou para eles com peles de animais os tenha feito parecer com uma nova espécie de símios, semelhantes aos chamados homus neanderthalenses, que segundo os informes acadêmicos viviam na terra antes do surgimento do homo sapiens.

Como o casal humano era diferente dos animais e tinha sido feito com um propósito especial, Jeová queria que ele se distinguisse deles. Por isso é que ordenou a Adão que cultivasse a terra porque dali em diante não poderia viver mais dos frutos naturais que ela dá, como fazem os bichos que se alimentam de frutas e ervas, e sim da safra que ele mesmo plantasse e colhesse com o suor do seu rosto.

Mas quando Adão e Eva saíram do Éden eles não sabiam para onde estavam indo. E quando viram a vastidão da terra diante deles, com toda aquela imensidão de rochas grandes e pequenas, e os lençóis de areia que pareciam se estender até o infinito, tiveram medo e tremeram, prostrando-se com suas faces no chão. E choraram e se arrependeram do que haviam feito porque até então haviam vivido como anjos numa terra ubertosa, onde havia toda espécie de árvores frutíferas e o único trabalho que tinham era colhê-las para comer.

Mas agora estavam sós numa terra estranha, que não conheciam e nunca tinham visto, sujeitos a todos os perigos e obrigados a trabalhar duramente para dela tirar o sustento. Algo assim é o que deve sentir um filho que briga com o pai e sai de casa para enfrentar o mundo, na crença de que a sabedoria recentemente adquirida será suficiente para fazer dele alguém igual ao que o pai já é. Sucede que, às vezes, acontece de eles se igualarem ou até de superarem seus pais, e não são poucos os que acreditam que o ser humano, depois que aprenderam a pensar e a tomar decisões por si próprios, se julgaram tão poderosos quanto os deuses. O que deve ter mesmo acontecido, porquanto não nos deixam mentir os médicos, os juízes, artistas e até mesmo pessoas sem muito mérito, que acreditam serem verdadeiros deuses porque na comparação com o resto da humanidade se julgam tão superiores quanto estes seriam em relação aos simples mortais.  

Voltando a Adão e Eva, conta-se que durante muitos dias e noites eles choraram e cobriram suas cabeças com terra, costume que foi observado durante muito tempo pelos seus descendentes diretos. Porque na cabeça de Adão fora posta  a crença de que ele fora levantado do barro da terra e animado por um sopro nas suas narinas, ainda que, segundo tradições posteriores, já fartamente referidas nesta crônica, não foi um sopro nas narinas que fez de Adão uma alma vivente, mas sim uma Palavra pronunciada ao seu ouvido. E essa Palavra, como também já referido, era o Verdadeiro Nome de Deus, que até aquele momento ninguém conhecia porque Ele ainda não tinha Nome.

Essa é outra mistagogia que foi posta nessa história por comentadores bem imaginativos, que só citamos para não deixar de fora elocubrações que deram a ela todo o sabor esotérico que ela tem. Isso citamos porque segundo esses comentadores, a tal Palavra Sagrada, que teria sido o som que animou a alma de Adão, era o Verbo pronunciado por Deus no momento em que ele se manifestou como existência positiva criando o universo.

E essa é uma informação que vale a pena comentar porquanto dela se inferiu depois toda uma doutrina que fertiliza, ainda hoje, muitas mentes. É que, por cerebrinas considerações teológicas feitas por quem se debruçou sobre esses mistérios da criação, se inferiu que essa Palavra que Deus pronunciou por ocasião do seu próprio parto era o verbo ser. A origem dessa tradição está na informação de que quando Deus se apresentou a Moisés no Monte Horeb e mandou que ele fosse ao Egito libertar o seu povo escolhido ele disse a Moisés: “Eu Sou” manda liberar o seu povo. Essa locução, usando um verbo transitivo direto, que exige para seu complemento um objeto real, explícito e passível de identificação, explica tudo. Ao dizer que era, Deus tinha que dar a si mesmo um complemento e esse complemento é o próprio universo, pois o universo é o conjunto de todas coisas existentes.

Apenas para dar mais vento para impulsionar o navio da nossa imaginação a lugares ainda mais bizarros que esse conto da criação pode nos levar, registramos que em modernas especulações feitas por alguns acadêmicos, essa Palavra Sagrada pode ser figurada pela imagem de uma enorme explosão que espalhou pelo espaço cósmico incontáveis centelhas de energia em forma de luz, que os acadêmicos chamam de “quantas”. E são esses “quantas” que se transformam nas coisas que vemos, ouvimos, sentimos, comemos, respiramos, e em nós mesmos, o que faz de nós, seres humanos, um conjunto de elementos quânticos que consegue pensar por si mesmo.

Porque foi para justificar o “Eu Sou” que Deus fez surgir o universo real,  daí a ideia, defendida em certos círculos esotéricos de que uma centelha se alojou dentro do corpo de Adão e o proto-homem que ele era adquiriu uma consciência e se transformou no homus sapiens, tal qual o conhecemos. Isso é o que significa dizer que ele se tornou uma alma vivente. E dessa especulação surgiu também a crença de que nossas próprias almas também são centelhas dessa energia que capturam um corpo e se tornam seres humanos.

Tudo pode ser. Agora que sabemos existir um componente de engenharia genética real nesse conto das origens, podemos bem admitir mais um pouco de bizarrice nele sem o perigo de perdermos de vez a razão. Até porque sabemos que seja qual for a ideia, mesmo as mais extravagantes não são mais que estratégias que o nosso cérebro elicia para colocar em forma de linguagem produtos mentais que de outra maneira seria impossível figurar.

 

Dito isso, podemos revelar que a citada tradição de onde tiramos esses informes nos dizem que Eva também chorava e agora nós sabemos porquê. Ela, que fora produzida a partir de uma célula da costela de Adão, numa operação cirúrgica digna dos modernos cirurgiões de hoje, que tiram um órgão de um corpo e o colocam em outro, e já produzem fetos através de inseminações artificiais sem a necessidade do coito habitual, fora feita para ser a companheira do homem e dar-lhe muitos filhos para encher a terra com seus descendentes. Isso sabemos, porque Jeová Elohin queria ser conhecido e adorado e quantos mais houvessem para fazer isso maior seria a sua felicidade.

 Já reportamos algures neste relato, que há quem acredite que Eva foi a companheira que Jeová fez para Adão tirando dele a sua parte feminina, que foi metaforizada numa costela dele. Outros há que sustentam que os tais elohins que fizeram a operação que resultou nos seres humanos, na verdade eram seres extraterrestres que aqui aportaram em viagem exploratória e inseminaram no corpo de uma fêmea neandertelense o esperma desses seres angelicais, o que deu como produto esse símio aperfeiçoado e inteligente, que é o homem. E depois, pelo mesmo processo genético fabricaram uma fêmea para ele para que eles pudessem dar larga à sua descendência. Por isso se diz que a espécie humana provém de uma matriz animal que os estudiosos identificam em fósseis desenterrados em vários lugares do mundo e que parecem um meio termo entre o homem e o macaco, sem saber se eram mais uma coisa que outra, mas que de qualquer forma justificam as especulações que se fazem para determinar se a espécie humana evoluiu de uma matriz animal, como querem os homens de ciência ou se ela já saiu pronta e acabada organicamente de um molde de barro como querem os adeptos do chamado criacionismo, que acreditam piamente que a espécie humana teve origem da forma como descreve o chamado livro sagrado.

Se não for muito desconfortável para o nosso espírito imaginar uma possibilidade como essa pode-se construir uma ponte entre uma e outra concepção e talvez nossas mentes ficassem menos incomodadas com essas sutilezas da nossa origem. Mas se assim fosse teríamos que buscar outras fontes de dissensão, porquanto é delas que vive o espirito humano.

De volta a Adão e Eva, vimos que eles foram alojados no Jardim do Éden― que, além de ser um lugar paradisíaco, onde tudo estava a disposição deles, era também uma metáfora dos seus corpos puros e inocentes de qualquer noção do mal. E jeová Elhoin os colocou nesse lugar, e nesses corpos, para que eles tomassem conta deles como uma espécie de caseiros desse sítio perfeito que deveria ser o homem da terra, em sua projeção antropomórfica, para nela refletir os atributos do Criador. Por isso é que se diz que o corpo humano é a morada de Deus, e que ele deve ser cuidado e respeitado, não se admitindo qualquer tipo de ação que o possa profanar. E dessa concepção derivaram-se todas as ideias que informam as mais antigas e também modernas tradições, as primeiras cultivadas pelos gregos, romanos e demais povos que se desenvolveram sob sua influência, de cultivar a beleza e a força física acima de todas as demais qualidades, e as segundas, que estão patentes nas modernas práticas de fazer do corpo uma espécie de ídolo a quem se deve render todas as atenções.

Já demos por certo que esse jardim figurava o próprio corpo deles, onde todos os frutos necessários à vida nasciam, razão pela qual não nos parece necessário desenvolver mais argumentos para explicar o que por si mesmo se esclarece e assim podemos continuar sem mais delongas e porquês essa saga dos nossos primeiros ancestrais, posto que agora, depois de comido o tal fruto do conhecimento e experimentado o prazer que ele dá, eles têm dentro de seus cérebros uma camada a mais de neurônios do que os pretensos primos símios que muita gerente acredita ter compartilhado conosco esses princípios. E essa camada neural, que lhes dá consciência do próprio ser que agora são, é a mesma que aguça os seus apetites sensuais e faz da libido o centro do prazer de viver e da sensação de ser e da crença na própria imortalidade que lhes vêm em razão da posteridade genealógica e na crença da inextinguibilidade da alma.

Antes disso Adão e Eva eram cheios da graça divina e possuíam uma natureza luminosa porque seus corações não eram voltados para coisas terrenas e a luz do Senhor brilhava dentro deles. Mas ao se tornarem humanos eles perderam a aura de luminosidade que lhes cobria a cabeça e envolvia seus corpos. E por isso sentiram frio e fome. Foi muito mais por isso, do que para cobrir-lhes a nudez, que Deus lhes coseu túnicas de pele, como está escrito que ele fez. Tais túnicas, como já dissemos são o símbolo da sua nova condição de seres humanos. Significa uma volta à sua condição anterior de animal, conquanto agora numa nova conformação.

E então Adão e Eva se conformaram com o fato de não poderiam mais voltar aos seus status anteriores e agora teriam que aprender a viver por conta própria porque conheciam o bem e o mal e podiam também transmitir essa sabedoria a seus descendentes. Esse poder os fazia igual aos deuses, e se para o Éden da sua inocência voltassem e comessem do fruto da imortalidade, então o desastre teria sido completo, pois aí, como já foi dito, nem Deus teria mais controle sobre as suas criaturas.

 Apesar do descontentamento que Jeová Elohin tinha para com eles ainda assim teve piedade do infeliz casal porque eles eram suas criaturas e nem os animais abandonam e castigam seus filhos tão severamente quando eles os desobedecem. E Deus muito menos porque  ele tinha fama de ser justo e sábio e conhecedor do coração dos homens porque foi ele mesmo quem os fez; e também sabia que quando eles comeram do fruto do conhecimento e seus olhos se abriram eles começaram a pensar por sí próprios. E por causa disso, em volta da centelha de energia que era as suas almas eles foram criando uma camada de desejos que lhes foi aderindo como se fosse uma crosta. E essa camada de desejos é o que hoje os sábios chamam de Ego, porque esse é um dos nomes pelo qual Samael passou a ser conhecido depois de seduzir Eva e causar a expulsão do casal humano do Éden. Por isso é que se diz que o Diabo é o Ego do homem, porque ele é como uma crosta de ambição e pretenciosa autoridade que reveste a alma do ser humano fazendo dele um poço inesgotável de desejos e ambições, que o leva, ora ao céu, ora ao inferno.

Por outras apócrifas fontes, todavia, ficamos sabendo que quando Deus os viu caídos defronte ao portão do jardim seu coração se condoeu e ele apareceu subitamente para eles, como era seu costume fazer e disse: "Eu ordenei os dias e os anos nesta terra, e tu e a tua descendência deverão habitar e caminhar nela até se cumprirem todo o tempo que prescrevi para a vida da família que sairá de ti. Quando esses anos se cumprirem eu escolherei entre os teus descendentes aqueles que me agradarem e para eles segredarei a Palavra que te animou do barro da terra e te fez alma vivente. E eles a segredarão aos seus escolhidos e por meio deles escolherei um povo que me representará na terra, realizando o trabalho que tu, por conta da tua vaidade e ambição renunciastes a fazer.”  

“Mas nada será fácil para ti e a tua descendência. Comerás o pão que ganhares com o suor do teu rosto e a tua mulher parirá teus filhos com dor e muitos trabalhos, E quando a tua descendência crescer e se multiplicar sobre a terra ela disputará os meios de sobrevivência com guerras e conflitos entre eles porque a alma que eu te dei está agora carregada de desejos e ambiciosas malícias; E a tua ambição e malícia será transmitida aos teus descendentes, de modo que não haverá paz no seio da tua família até que eu esteja convencido que toda essa crosta de desejos e ambições que tu aderistes à tua alma e estás transmitindo à tua descendência esteja dissolvida.”

“Mas eu não o abandonarei. De tempos em tempos mandarei os meus emissários com conselhos e admoestações para que, ouvindo-os e praticando o que eles ensinarem, as almas dos teus descendentes possam se livrar da camada de impurezas que tu lhes impuseste com a tua desobediência.”

Continuou o Senhor: “Sim, eu segredarei aos meus escolhidos a Palavra que te levantou do barro da terra e te fez alma vivente. E essa Palavra é o meu verdadeiro nome. Porque eu tenho dez bilhões de nomes, mas só um é verdadeiro. E a pronuncia do meu verdadeiro Nome é o som que dá origem à matéria que dá vida e consistência ao universo. Quem aprender a escrevê-lo e pronunciá-lo corretamente terá todo o poder sobre a terra. Porque ele é como as cordas de uma lira vibrando no espaço sem fim, emitindo ondas de potente energia que se transformam em todas as coisas que podes ver e imaginar. E tudo que há no universo é feito dessas ondas que o som do meu verdadeiro Nome propaga. Será, pois, a Palavra que emite esse som que resgatará a tua alma das garras do Dragão que te enganou e levou a ti e à tua mulher a comer do fruto da árvore que eu te recomendei não comer.”

“ Mas até lá essa Palavra ficará perdida e os homens a procurarão e a pronunciarão em vão pensando ter a verdadeira sabedoria. Mas essa será apenas e tão somente a sabedoria do Dragão que os incitou à desobediência, e ela os enganará até que a verdadeira Palavra seja recuperada e ensinada a todas a pessoas.”

Esse é outro ingrediente que foi aderido à essa assaz saborosa salada que se tornou essa história da criação. Por conta disso muitos honestos pesquisadores passaram a vida toda efetuando múltiplas combinações com os nomes atribuídos a Deus no afã de encontrar a verdadeira grafia do nome dele e a sua correta pronúncia. Porque acreditavam que quem o conseguisse seria capaz até de repetir a proeza de Jeová Elohin construindo um ser vivo. Essa foi a origem da lenda do Golém, um homúnculo medonho que teria sido criado por alguns adeptos dessa estranha doutrina conhecida como Cabalá, que procura interpretar o pensamento divino através das combinações que se podem fazer com as letras do suposto verdadeiro nome de Deus.

E houve também quem acreditasse que no dia em que o verdadeiro nome de Deus fosse conhecido e pronunciado corretamente, a obra divina estaria completada e o mundo então acabaria. Todas as elucubrações possíveis cabem em nossa mente quando nos propomos a especular sobre esses assuntos, e quem disser que nunca as fez é porque, de certo, já cercou sua mente com o arame farpado da lógica convencional para cultivar única e somente as sementes do positivismo. Mas quem nega a possibilidade do sobrenatural pode estar negando a origem da própria vida sobre a terra, já que, até o momento, pelo menos, ninguém sabe como ela começou e o que verdadeiramente é.

Por outro lado, pessoas mais espertas e oportunistas aproveitaram a oportunidade para ganhar dinheiro e adquirir poder inventando deuses pessoais e vendendo suas patentes à um público devoto e carente de símbolos que possam aliviar suas mentes torturadas pelo desconforto de sentir que tudo que somos e fazemos tem validade temporária.

Pois como diria um poeta “Em Deus acredito com convicção/No que dele dizem posso acreditar ou não/Como toda imagem que a mente forma, Ele pode ser uma Gestalt/ E a cada vez que nele penso  Ele fica maior que suas partes/ Talvez Ele seja assim porque é o próprio universo/ Um poema inacabado ao qual, a todo momento/ Vivo acrescentando um novo verso.”

 

Voltando a nossa visão anterior podemos ouvir o Senhor dizendo a Adão: “ Transmitirás aos teus descendentes todos os desejos, ambições, vícios e moléstias que adquiristes ao ouvires a serpente que se tornou o teu Ego. Mas também levarás contigo para onde for e legará à tua posteridade toda a ciência que obtivestes ao comer do fruto da árvore do conhecimento. Ela permitirá que a humanidade descubra todos os segredos que a minha potência encerra. Eles estão inseridos na minha Luz Infinita e todos aqueles que conseguirem ver essa Luz serão abençoados com a iluminação. E serão chamados grandes por toda a humanidade.”

É conveniente reportar, por conta da seriedade intelectual que se quer dar a este relato, que essas locuções não serão encontradas em nenhuma das fontes oficiais ou apócrifas que cuidam dessa história, mas no curso que estamos dando a ela nos parecem perfeitamente cabíveis porque é o que aconteceu posteriormente na história das civilizações e continua acontecendo desde então. A cada descoberta o homem fica mais sábio e também mais estulto. E quanto ele mais se aproxima da divindade por força do conhecimento adquirido mais dela se afasta por conta da sua ilusão de ser.

E é nessa esteira que vemos Deus continuando o seu discurso para Adão. “No devido tempo, que eu determinarei, serão desvelados para a tua posteridade todos os segredos do universo. E o que fizerem com ele será para a sua salvação ou destruição. Se os teus descendentes se mostrarem dignos dessa ciência eu os respeitarei e perdoarei a tua desobediência por causa deles; e os receberei no meu reino como naturais do meu povo porque eles assim o escolheram. “Eis que agora vou retirar o meu arbítrio do mundo que criei, deixando nele somente os meus atributos para guiar o espirito do homem. Eles são qualidades da minha potência e agora elas formarão o que chamareis de mundo moral. Quanto ao mundo físico que a minha potência irá formando na medida em que as centelhas da minha energia forem se combinando, a sua formação obedecerá à certas leis que nele porei. Mas será o pensamento do homem que lhes dará a devida forma. Daqui para a frente a responsabilidade por tudo que acontecer na terra será tua e da tua posteridade eu não terei nenhum concerto nisso. Porque te dei o poder de nomear todas as criaturas viventes e dar forma aos objetos que surgirão no mundo real daqui em diante. Sede, pois merecedor do livre arbítrio que te dou e obrai bem, para que eu fique satisfeito com as tuas obras. E quando isso acontecer, toda a vossa descendência conhecerá o meu Verdadeiro Nome. E o propósito pelo qual eu manifestei a minha presença no mundo físico e fiz a ti para dar testemunho dela terá sido consumado.”

“ Esses, pois, são os termos da nossa aliança a partir de agora. Eu farei a tua semente atravessar o tempo infindo e o espaço infinito e se tu levares o testemunho da minha existência e do meu poder a todos os cantos do universo, então, quando eu decidir que tudo foi feito do meu agrado, voltarás à casa paterna revestido da glória e da majestade com a qual eu primeiro te criei”

(continua)